quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SÓ PARA RELEMBRAR...

Só no final da minha mocidade, vivida em São Paulo, é que comecei a frequentar alguns barzinhos noturnos da Rua Augusta, da Rego Freitas esquina com a Consolação, do Largo do Arouche, etc.
Nesse tempo, ainda não havia o perigo das drogas. 
O tráfico estava apenas começando a surgir numa curva distante do caminho; se me lembro bem, começou forte em Santos, talvez por ser uma cidade praiana, de porto liberado.
Não sei se ainda é assim, mas naquele tempo, em Santos, era possível encontrar uma loja comercializando produtos de umbanda em cada esquina, cada qual mantendo seu próprio centro espírita, com todos aqueles pontos cruzados no chão, de dar medo e arrepios. 
Pois bem, em minha cidade não havia desses bares noturnos onde a gente pudesse ouvir e cantar junto com grupos musicais tendo como tônica samba, pagode ou músicas antigas de conteúdo.
Sou do tempo de letras assim: "deixo ao sambista mais novo o meu pedido final", "que hoje diz que é matriz e quase louca", "é a paga da praga que eu vou te rogar, devagar", "olha a lua mansa...(me leva amor)", " quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar", "o apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará", "meu coração tem mania de amor"...
Nesse tempo, eu gostava de tocar timba, pandeiro meia lua, caxixi, chocalho, e sempre que podia já estava no palco com a rapaziada. 
Quer dizer, enquanto eu procurava passar uma noite prazerosa, acompanhada de música e de músicos, minhas amigas tinham outros interesses pelos quais jamais me deixei contaminar.
Pois é!
Mas sabe por que estou aqui a relembrar dessas coisas?
Porque o que vejo acontecer com a juventude de hoje é que ela não sabe curtir uma noite, muito menos música, menos ainda um papo legal e descompromissado.
Enquanto no passado a gente entrava num barzinho e pedia lá um campari ou um martini só para servir de acompanhamento à ocasião, a juventude de hoje não sabe sorver uma bebida; ela simplesmente bebe e mistura tudo para embebedar-se bem depressa, voltando só no outro dia para casa com as calças arrastando-se pelo chão, xingando cada vez que a mãe se mostra preocupada ao celular.
Tudo isso talvez porque lhe disseram que isso representa o ser macho ou o ser livre.
Nunca vi ser mais sugestionável do que o jovem de hoje! Uma pena!   
Em minha cidade, e não me canso de dizer isso, é uma judiação ver os tantos adolescentes perdendo-se na bebida pelas portas dos bares, nos clubes, nas festas de bairros tidas como religiosas, pelas noites e nos finais de semana.
Mas esses jovens vão morrer assim, cada vez mais nervosos e irritados, porque ninguém se liga no sofrimento que há por trás de cada um deles.

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