quarta-feira, 14 de novembro de 2012

NIVALDO PEREIRA



"Luíza Válio, boa tarde! 

Desculpe por trocar o teu nome. 

Bem, vou falar de mim e de minha família.

Meus pais nasceram em São Miguel Arcanjo: minha mãe Annália Vieira Pereira nasceu na região da Tuvuna, não sei se você conhece, e meu pai Delfino Pereira, nasceu no bairro do Facão.
Como a maioria dos brasileiros que não valorizam suas terras por questão de incentivo do governo, acabaram vendendo à preço de banana para tentarem a vida nas cidades. Vieram para Itapetininga, para cuidar de chácara e vender sua pequena produção na feira livre, para gerar pouca renda em sustento da família (três filhos).
Com muita luta meu pai conseguiu adquirir um terreno em longas parcelas suadas para pagar sacrificando até o nosso sustento, sendo obrigado até cuidar de mais uma chácara para complementar a renda da família, mas graças a Deus ele conseguiu e a chácara já produzia e dai já tínhamos a nossa própria produção para negociarmos na feira.
Tive uma infância bastante intensa, não posso reclamar. 
Aí, veio a adolescência e a necessidade de ter meu próprio sustento e ajudar na renda da família. 

Depois da aula, vendia salgadinho no ponto de ônibus em frente ao bar Fecha Nunca. Linhas com itinerário para Sorocaba, São Paulo, região sudoeste e Paraná, pois na época não tinha rodoviária na cidade; vendia sorvete do Rolim na movimentada estação da Fepasa; engraxei sapatos e até trabalhei na colheita de tomate perto de casa, meio período durante a semana e o dia todo no sábado.

Fiz até a 7ª série e depois devido à necessidade da família, deixei de estudar e fui trabalhar na lavoura e a partir de 1.979, no comércio.

Em 1.980 conclui o 1º grau.

Meu pai infelizmente adoeceu nos meados de 1.980 e no início de 1.986 acabou falecendo. Era o esteio da família, sentimos a falta dele até hoje pelo carinho que nos proporcionava e por nos manter a família unida, mas a vida continua!!
Até 1.987 trabalhei no comércio e construção civil, depois como já estava com 24 anos, sem o meu pai, sempre observando que a nossa região não nos dava oportunidades, pois até hoje vivo comentando quando se fala em políticas públicas para a nossa região, sempre comento sobre a situação desfavorável economicamente em relação à Sorocaba, distante apenas 65 km do inicio da região ramal da fome.
Melhoramos muito pouco dentro do estado mais rico da nação, hoje dentro deste contexto temos duas regiões pobres, a nossa e o vale do Ribeira.
É lastimável!!
Como os jovens não tem muita oportunidade na região, na época e até hoje a pouca oferta de empregos são para o comércio e lavoura e meia dúzia de indústrias acaba fazendo com que os jovens migrem para Sorocaba e outros grandes centros, observando até hoje termos municípios da região como cidades fantasmas com população de aposentados.
Essa observação já levei ao conhecimento de deputados da região, do Edson Giriboni, do futuro prefeito de Itapetininga e até do presidente da Alesp, mas nenhum se pronunciou.
Acredito que da forma que está, tá bom para eles, melhor ainda para deputados de Sorocaba; quanto mais a população infla em Sorocaba, mais chances de serem reeleitos.
Diante do exposto, vi que tinha de buscar novos desafios, me lembrei do Philimon de Medeiros, um parente do meu avô paterno Matheus dos Santos Vieira que trabalhava na CBA. Bem,  fui lá e graças a Deus ele me recebeu, conversamos sobre nossos familiares e depois eu expliquei minha situação para ele, ele até me falou, "eu não prometo emprego, mas vá fazer entrevista no DP".
Fui bem graças a Deus nos testes e em menos de um já estava trabalhando na manutenção, mesmo sem experiência.
Acredito que ele me deu uma força, infelizmente ele faleceu em 01/2009.
Bem, resumindo, fiz o 2º grau técnico em Eletrônica, trabalhei lá até 2011, desde 1/2 Oficial até Supervisor, fui conservador em galgar além do ultimo cargo, pois preferi não fazer curso superior, pois estava fora do meu objetivo, de me aposentar e fazer algo em prol da coletividade e não pensando somente em mim ou família.
Ainda não coloquei em prática, mas estou aguardando o processo de aposentadoria para me dedicar."

NIVALDO, ADOREI SUA HISTÓRIA E DE SABER QUE SUA ASCENDÊNCIA ESTÁ LIGADA A MINHA TERRA. 
DESEJO-LHE TUDO DE BOM DAQUI PARA A FRENTE.
QUANDO A GENTE NÃO NUTRE NENHUMA RAIVA PELO BERÇO EM QUE NASCEU, POR MAIS HUMILDE QUE ELE POSSA TER SIDO, DEUS SEMPRE TOMA AS RÉDEAS DA CARRUAGEM PARA DIRIGIR NOSSO CAMINHO.
ESPERO QUE SE APOSENTE LOGO E SAIA ATRÁS DE SEUS PROJETOS.
VAI QUE A GENTE SE ENCONTRE POR AÍ...

Nenhum comentário: