segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O MÍTICO CHE GUEVARA


 


Em 08 de outubro de 1967, era assassinado na Bolívia Ernesto “Che” Guevara, uma lenda eternizada do pensamento revolucionário e socialista. 
Mas quem foi, na realidade, Che Guevara e por que ele se transformou num mito?
Resumidamente: Começamos quando Ernesto Guevara de La Serna formou-se em Medicina, e então, no início da década de 1950, juntamente com o amigo Alberto Granado, percorreu de moto o continente americano, indo desde seu país natal até Miami, nos Estados Unidos, numa aventura de mais de dez mil quilômetros que iria mudar sua vida. O diário dos dois foi publicado em forma de livro e transformado no filme “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles.
Nessa viagem, Guevara teria tomado consciência da miséria em que vivia a maior parte da população dos países da América do Sul e Central, e decidiu que deveria lutar pela mudança desse estado das coisas. No México, em 1954, conheceu e se juntou aos irmãos cubanos Fidel e Raul Castro, que estavam organizando um grupo guerrilheiro para derrubar o governo ditatorial de Cuba.
Guevara tornou-se o médico da trop cubanaa, que desembarcou na ilha no final de 1956. Ao longo dos três anos seguintes, foi deixando a medicina para tornar-se combatente e líder militar, ganhando nessa época o apelido de "Che".
Em pouco tempo, Che Guevara revelou-se ainda mais destro com o rifle do que com o bisturi. Trata-se de um fenômeno psicológico intrigante explicar como um ser educado como Ernesto Guevara (formado numa faculdade de medicina portenha e pertencente a uma família tradicional) transformou-se num astuto e incansável líder de guerrilhas .
Apesar de ser estrangeiro (um argentino), ele rapidamente conseguiu a admiração dos seus companheiros cubanos. A tal ponto chegou o seu prestígio junto ao grupo que Fidel Castro entregou-lhe, na etapa derradeira, o comando de uma coluna revolucionária, a que tomou Santa Clara de assalto. Episódio que pôs a correr do palácio o ditador Fulgêncio Batista.Quando por fim os guerrilheiros chegaram ao poder no Ano Novo de 1959, nomearam-no ministro da revolução.
Guevara, então braço direito de Fidel, torna-se um dos principais dirigentes do novo estado cubano: Embaixador, Presidente do Banco Nacional, Ministro da Indústria.Che tratava da política externa de Cuba, esteve oficialmente no Brasil em agosto de 1961, quando foi condecorado pelo então presidente, Jânio Quadros, com a Grã Cruz da ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Frente a presidência do Banco Nacional, ele chegou a imprimir um peso com sua assinatura.
Mas a verdade é que já era tarde para o revolucionário Che Guevara. O seu olhar, em pouco tempo, deu para contemplar outros horizontes, outras batalhas. Seu ódio aos norte-americanos fez com que imaginasse transformar a America Latina numa "imensa Sierra Maestra", local de onde legiões de guerrilheiros poderiam ameaçar o colossal império dos ianques. "Um não, mas vinte Vietnãs!", como disse por aquela época.
Além disso, Che não se adaptou mais ao trabalho burocrático em tempo de paz. Viver do cheiro da pólvora já fazia parte do seu sangue. Em 1965, Fidel Castro anunciou que Ernesto Che Guevara deixara a ilha para lutar contra o imperialismo.
Ele parte primeiramente para o Congo com um grupo de 100 cubanos "internacionalistas", onde chegou em abril de 1965. Por seu total desconhecimento da região, dos seus costumes, das suas crenças religiosas, das relações inter-tribais e da psicologia de seus habitantes, o "delírio africano" de Che resultou numa total decepção. Em seguida parte para a Bolívia onde tenta estabelecer uma base guerrilheira para lutar pela unificação dos países da América Latina e de onde pretendia invadir a Argentina.
Montou sua base em Ñancahuazú, um fundão de mundo situado nas beiradas da mata amazônica, onde ele terminou seus dias. Ao invés do apoio esperado, deparou-se com a gélida indiferença dos camponeses descendentes de índios. Aqueles rostos pétreos cor de cobre, de olhares inexpressivos, assinalaram a proximidade do seu fim, como se fossem prenúncios da lápide da sua futura sepultura. Na época, sabedor das andanças dele pela região, o governo local colocou sua cabeça a prêmio por U$ 4.200 (bastante dinheiro para a época).
Num antigo poema grego Aquiles, o herói da Guerra de Tróia, considerava que, de certo modo, fora bom ele ter morrido ainda guapo, em pleno ardor da batalha, porque o valente não se imaginava alcançando a velhice, ele preferia ser lembrado apenas pelos tempos de glória. Ernesto "Che" Guevara, talvez tenha também pensado assim nos segundos que antecederam sua execução por ordem do governo boliviano.
Após ser denunciado por uma camponesa, cercado por soldados do exército boliviano, o revolucionário Ernesto “Che” Guevara foi ferido e aprisionado em uma escola de La Higuera, remota localidade na selva amazônica boliviana. Quando se vira perdido, Che disse aos soldados que o cercavam: “Não disparem. Sou Che Guevara, e valho mais vivo do que morto.” Mas de nada lhe serviu.
No dia seguinte, após uma ordem expedida de La Paz, foi metralhado pelo tenente Mário Terán. Segundo militares presentes no momento de sua execução, suas últimas palavras foram: "Digam a Fidel que esse fracasso não significa o fim da revolução, que ela triunfará em qualquer outra parte. Digam a Aleida que esqueça tudo isso, que volte a casar, que seja feliz e cuide para que os meninos continuem estudando. Peçam aos soldados que façam boa pontaria."
A reprodução da imagem de Che Guevara em camisetas e cartazes geralmente utiliza uma mesma famosa pintura, feita pelo artista plástico irlandês radicado nos Estados Unidos Jim Fitzpatrick, a partir de uma foto tirada por Alberto Korda (foto que foi divulgada pela revista Paris Match em 1967). Isto foi pouco antes de sua morte, e a imagem tornou-se a segunda mais difundida da era contemporânea, atrás apenas de uma imagem de Jesus Cristo.
A revista norte-americana Time incluiu Ernesto Che Guevara na sua lista das 100 personalidades mais importantes do século XX, na secção "Líderes e Revolucionários". Na Argentina foi eleito o maior político argentino do século XX, obtendo 59,8% dos votos, em uma enquete feita por TV.
A imagem do Che é mítica em toda a América Latina. Na localidade onde foi assassinado em 1967, ergue-se atualmente uma estátua em sua homenagem. Ironicamente passou a ser conhecido na região como "San Ernesto de La Higuera" e a ser cultuado como santo pela população local (que o ignorou quando Che precisava de ajuda). 
Sua imagem mítica, capturada por Korda e imortalizada no desenho de Fitzpatrick, surge nos locais os mais diversos: em anúncios do banco de investimentos luxemburguês Dexia, num retrato feito com folhas de coca meticulosamente sobrepostas, exibido no gabinete do presidente Evo Morales, em biquínis usados por Gisele Bündchen num desfile da marca Companhia Marítima, em tatuagens no braço de Maradona e no peito de Mike Tyson. 
Virou grife da sociedade de consumo, contra quem ele também moveu guerra.
O regime cubano ainda hoje homenageia Che Guevara, onde é objeto de veneração. 
As crianças nas escolas cantam: "Pioneros por el comunismo, Seremos como el Che". 
Seu mausoléu em Santa Clara atrai, todos os anos, milhares de visitantes, muitos dos quais estrangeiros.
No entanto, os aniversários da morte de Che não inspiram apenas homenagens. 
5 anos atrás, a data motivou também a publicação de uma série de reportagens e livros que mostram Che como "uma farsa".
Tais textos se propõem a desconstruir o mito do revolucionário romântico perpetuado nas camisetas e pôsteres com a foto mas reproduzida do mundo, de Che Guevara feita por Alberto Korda. 
Eles buscam mostrar o "lado negativo" de Che, que, para alguns, foi ocultado pela chamada "propaganda comunista".
No lugar do herói, as publicações mostram um ser humano ávido por sangue e violência, que executou centenas de pessoas e fracassou em quase tudo o que se prestou a fazer. O cubano Jacobo Machover, autor do livro "La Cara oculta del Che", se refere a Che como "um personagem não muito interessante, um instrumento ou uma vítima de Fidel Castro, um fanático cruel e sanguinário".

Transcrito de "A Folha".

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