Ela estava sentada em meus joelhos
E brincava comigo - o anjo louro.
E passando as mãozinhas no meu rosto
Sacudia, rindo, os seus cabelos d`ouro.
E eu, fitando-a, abençoava a vida!
Feliz, sorvia nesse olhar suave,
Todo o perfume dessa flor da infância,
Ouvia alegre o gazear dessa ave!
Depois a borboleta da campina,
Toda azul - como os olhos grandes dela -
A doudejar, gentil, passou bem junto
E beijou-lhe da face a rosa bela.
- Oh! Como é linda! disse o louro anjinho
No doce acento da virgínea fala
- Mamãe me ralha se eu ficar cansada,
- Mamãe me ralha se eu ficar cansada,
Mas - dizia a correr- hei de apanhá-la!
Eu segui-a, chamando-a, e ela, rindo,
Mais corria, gentil, por entre as flores.
E a flor dos ares, abaixando o voo,
Mostrava as asas de brilhantes cores.
Iam, vinham, à roda das acácias,
Brincavam no rosal, nas violetas,
E eu longe dizia: - Que doidinhas!
Meu Deus! Meu Deus! São duas borboletas!...
Casimiro de Abreu - dezembro de 1858
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