quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"AO VENCIDO, ÓDIO OU COMPAIXÃO"

No romance "
Quincas Borba", Machado de Assis narra a vida hipotética de um professor, o Rubião, que recebe uma herança do então filósofo chamado Quincas, criador do Humanitismo, mas que, deslumbrado com tanta riqueza, acaba sendo roubado por um casal de "amigos", terminando sua vida pobre e doente. 
Um dos ensinamentos de Quincas Borba que sintetiza o tal de Humanitismo e que ficou guardado na memória do pobre Rubião, 
evoca uma história sobre duas tribos famintas diante de um campo de batatas suficientes para alimentar apenas uma delas, os 
vencedores, claro.
Quincas Borba finaliza, no livro: - "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".
Lembrei de Machado e quero comparar essa expressão com o que vi ontem na TV.
Interessante! 
Não costumamos ver pessoas na TV procurando por trabalho.
Se forem rapazes jovens, desejam ser atores, cantores, jogadores de futebol para poderem aparecer na mídia, namorar uma diva qualquer, virarem também "celebridades".
Se forem mulheres jovens, vão querer passear nas passarelas e delas posar para alguma revista masculina; depois ser entrevistada por todos os repórteres e emissoras: dinheiro fácil e gordo.  
Foi muito bom o que se viu na Bandeirantes, ontem, à noite: um rapaz ( aliás, um homenzarrão), 19 anos, morador em favela e negro, participante de um estranho reality, o MasterChef
De família, de boa índole, coração puro, o rapaz em questão deu tudo de si desde o início do reality, para conseguir chegar entre os primeiros colocados, mas que viu a batalha perdida no meio do caminho, ontem, por culpa de um caranguejo.
O choro daquele homem saiu do fundo da alma. 
Parecia uma criança repreendida por furtar aquele doce escondido a sete chaves no armário da avó para a ceia de um Natal em família. 
Ele não se importou nem um pouco com a sua condição de homem jovem, mas maturado pela vida que, com certeza, nunca lhe foi fácil. 
Ele não teve vergonha de aceitar seu erro e até chegou a pedir perdão aos jurados. 
No fundo, ele pensava mesmo era na própria família, na confiança que lhe devotavam os parentes lá em casa.
E então, aconteceu o inusitado: perdeu, mas tornou-se o mais novo contratado para trabalhar no restaurante de um dos jurados.
Por que?
Porque o rapaz quer apenas trabalhar e é bom no que faz.

Parabéns ao Erick Jacquin.
Chef de cozinha, Maître Cuisinier de France, Chevalier du Mérite Agricole e Chevalier de la Légion d´Honneur, Erick chegou ao Brasil em 1995 depois de comandar o restaurante Au Comte de Gascogne, em Paris. 
No Brasil, foi chef do restaurante Le Coq Hardy, em São Paulo, o melhor restaurante do Brasil. 
Eleito chef do ano diversas vezes, Erick Jacquin abriu o Café Antique em 1999, considerado o melhor restaurante francês daquele ano. 
Em 2004, inaugurou o restaurante La Brasserie Erick Jacquin, em São Paulo, eleito várias vezes o melhor restaurante francês da capital paulista e do país. 
Em 2013, o chef decidiu se dedicar em eventos e palestra através da empresa Erick Jacquin Événement. 
Hoje atua como chef responsável pela cozinha do Tartar&Co, em um novo conceito de bistronomia, e como chef consultor do La Cocotte Bistro. 
Há três anos também é responsável pela gastronomia do Restaurante La Brasserie de la Mer em Ponta Negra, Natal.
Estefano Zaquini
Logo, logo, estaremos sabendo como vai a vida do nosso Estefano Zaquini que até ontem, trabalhava de auxiliar de serralheria com o tio e sonha em abrir uma cantina italiana, o "vencido" na noite de ontem, que vai poder produzir, ao lado de Erick Jacquin, suas próprias batatas.
Bonito isso, não é?


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