quarta-feira, 4 de julho de 2018

A ESTÁTUA DA AMIZADE NO BRASIL



Por iniciativa da American Chamber of Commerce foram recolhidos donativos para presentear o Brasil, no centenário de nossa independência, com uma estátua figurando a amizade entre os dois países.
Realmente, em 1922, foi presenteado ao Brasil o bronze de autoria do escultor americano Charles Keeke. Entretanto, faltava um pedestal à estátua. 
Passaram-se as administrações dos prefeitos Carlos Sampaio, Alaor Prata e Antonio Prado e a estátua permanecia guardada, por não dispor de pedestal.
Coube então ao arquiteto Archimedes Memória elaborar o pedestal. O projeto de linhas simples foi complementado com alegorias encomendadas ao escultor Benevenuto Berna: são duas alianças entrelaçadas sendo que a primeira, composta por folhas de carvalho, emoldura a efígie do presidente George Washington, simbolizando o Exército dos Estados Unidos. A outra, composta por folhas de louro, traz o Patriarca da Independência do Brasil, José Bonifácio. Na área central das alianças, duas palmas envoltas em folhas de hera – símbolo da amizade perene – representam as duas Nações. 

 

Após a doação feita pelo Chanceler Charles Hughes, a escultura permaneceu sob a guarda da Companhia Expresso Federal até 1931, quando foi pleiteada pelo Centro Carioca ao interventor Adolfo Bergamini. 
A escultura feminina medindo 4,20 de altura e 8 toneladas de peso representando a Amizade traz na mão direita uma palma de louros e na esquerda os pavilhões americano e brasileiro ostentados por uma coroa de louros.
Finalmente, em 4 de julho de 1931, às 10h00 da manhã, o “Monumento à Amizade” foi inaugurado oficialmente na Praça Estados Unidos, no cruzamento das Avenidas Presidente Wilson e Aparício Borges. 
À solenidade estiveram presentes o então chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, o embaixador dos EUA, Edwin Morgan, o Prefeito do Distrito Federal Adolfo Bergamini, os ministros Afrânio de Melo Franco (Relações Exteriores), Osvaldo Aranha (Justiça), José Américo (Aviação), Lindolfo Collor (Trabalho), autoridades civis e militares, inúmeros representantes de entidades comerciais e cerca de 1.500 alunos das escolas municipais.
É de se notar, nas fotos, a vastidão ainda deserta da Esplanada do Castelo de um lado, e a Igreja de Santa Luzia, de outro.
Onze anos depois, e com um pedestal bem mais alto, foi o monumento reinaugurado na Praça Quatro de Julho, fronteira à Embaixada dos EUA, hoje Consulado, que se vê na foto acima.
A escultura de Charles Keeke representa uma mulher, em pé, sustentando na mão direita uma palma de louros e tendo na esquerda os pavilhões americano e brasileiro ornados com folhas de louro. 
Na cabeça, a mulher tem um barrete frígio. 
A estátua tem pouco mais de 4 metros de altura, sobre um pedestal de 8 metros.



Em 1942, o monumento foi transferido para a Praça Quatro de Julho onde um novo pedestal com 8 metros de altura, foi então construído abandonando o traçado original de Archimedes Memoria. 
As efigies criadas por Benevenuto Berna foram mantidas e uma nova placa de inauguração, incluída no lado oposto às alegorias, com os seguintes dizeres: 
"Amizade 
do povo Norte-Americano ao povo Brasileiro
7-9-1822 7-9-1922
A Estátua foi colocada sobre novo pedestal nesta praça
em 4 de julho de 1942
Presidente da República Dr. Getulio Vargas
Prefeito do Distrito Federal Dr. Henrique Dodosworth”.

 
Foto dos anos de 1960.
Atualmente, as letras em bronze que compunham o texto acima não constam mais do pedestal e não há informações se foram removidas oficialmente. 
Restam as fotos comprovando sua existência.

Na lado oposto do pedestal está escrito em baixo relevo, esculpido no granito, as informações sobre o monumento e abaixo o símbolo da República do Brasil em bronze.
No Governo provisório da República, presidido pelo exmo Sr. Dr. Getúlio Vargas, erigiu-se por ordem do Exmo Sr. Dr. Adolfo Bergamini, este monumento, cuja estátua foi obtida por subscrição entre o povo dos Estados Unidos da América do Norte, sob os auspícios da América Chamber of Comner for Brazil, em comemoração do centenário da Independência do Brasil. Inaugurado a 4 de julho de 1931.

 
ano de 2000

OBS: Archimedes Memória nasceu em 1893 e faleceu em setembro de 1960 no Rio de Janeiro. Foi um arquiteto brasileiro, que iniciou sua carreira no "Escritório Técnico Heitor de Merllo em 1918. Com o falecimento de Heitor, em 1920, a quem sucedeu, tornou o escritório o maior do Rio de Janeiro até 1935. Projetou alguns dos mais marcantes edifícios cariocas das décadas de 1920 e 1930. Foi professor catedrático de "Grandes Composições de Arquitetura" na FAU/UFRJ e diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil. 
Foi responsável pelo plano urbanístico da Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Calabouço em 1922; pelo projeto do Palácio Pedro Ernesto - Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro; pelos projetos da Igreja de Santa Terezinha no Túnel Novo, e das sedes do Hipódromo da Gávea e do Botafogo de Futebol e Regatas; pelo projeto do Palácio das Indústrias, hoje Museu Histórico Nacional; pelo Palácio da Festas; pelo Rio Cassino, no Passeio Publico; pelo altar-mor da Igreja da Candelária; por inúmeras residências. Seu projeto mais imponente foi o do Palácio Tiradentes, edifício em estilo eclético, destinado a abrigar a Câmara dos Deputados, realizado em parceria com Francisco Cuchet.

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