quinta-feira, 9 de agosto de 2018

" O RIO DOCE"



Aos 91 anos, a poetisa Nilza Moraes Rolim

20/12/2010 
Lívia Louzada

Poetisa, escritora, professora, e amante da língua portuguesa. Aos 91 anos, completados recentemente, Nilza Moraes Rolim concedeu uma entrevista exclusiva para FOLHA DA TERRA, na tarde da última terça-feira (07), em sua casa, no Centro de Rio Bonito. 
Ela contou um pouco sobre a sua história, como começou a escrever poesias, falou sobre os anos que lecionou em Rio Bonito e em Niterói, e sobre o seu casamento com o também poeta Lauro de Azevedo Rolim.
Com a idade já avançada e alguns problemas de saúde, antes de começar a entrevista, a poetisa disse que sua memória já não era mais a mesma, e por isso precisaria da ajuda de sua filha Anayna para responder algumas perguntas. Mas apesar do aviso, assim que foi questionada sobre como e quando começou seu gosto pela escrita, a escritora pareceu ter esquecido da ajuda, e até corrigiu algumas datas respondidas pela filha, mostrando que sua memória continua mais ‘viva’ do que nunca.
Dona Nilza, como é mais conhecida, contou que o gosto pela Cultura, ela herdou da mãe, Eurydice Rolim Moraes, mas a escrita, ela desenvolveu sozinha, e aos 12 anos, já fazia poesias. 
Com essa mesma idade, ela teve uma de suas poesias publicadas no jornal Arautos de Niterói, segundo ela, por intermédio do então prefeito de Rio Bonito, José Inácio Liberato dos Santos.
“Eu era aluna da esposa dele, D. Antonieta, e ela gostava muito do que eu escrevia. Por causa disso mostrava para o marido, até que um dia ele levou uma de minhas poesias até esse jornal de Niterói. Quando vi minha poesia publicada, fiquei muito emocionada”.
A poetisa então continuou a escrever e ter suas obras publicadas em jornais da região, mas não somente como Nilza Rolim, mas também como Sarama Solar, um dos pseudônimos que costumava usar, o que era um costume da época.
Para completar os estudos, ela se mudou para Niterói, e já formada, retornou a cidade, onde lançou a pedra fundamental do Colégio Rio Bonito, na década de 50, e onde também começou a dar aulas, aos 20 anos, de português, geografia e história, sem, no entanto, jamais se esquecer das poesias (Hoje em dia ela se dedica mais às crônicas, que costuma publicar aqui mesmo na FOLHA).
Por causa do seu gosto pela escrita, Nilza se aproximou mais do primo de segundo grau, Lauro de Azevedo Rolim, que acabava de ficar viúvo. Como o poeta morava em Niterói e gostava das poesias que ela escrevia, os dois começaram a se corresponder. “No início eram apenas cartas de amizade, mas com o tempo, passaram a ser cartas amorosas”, revela Nilza.
Até que em 1952, Lauro e Nilza se casaram, e ela foi morar em Niterói, mas nem por isso abandonou a profissão. 
Ela lecionou nos Colégios Miguel Jardim, e Plínio Leite. Depois de oito anos morando em Niterói, a escritora retornou a Rio Bonito com seu marido, onde voltou a dar aulas no Colégio Rio Bonito e começou a lecionar no então Colégio Manuel Duarte, hoje Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens.
De acordo com a professora, os anos de convivência com o poeta, até a sua morte, foram maravilhosos. Apesar de ter estudado até a alfabetização, Nilza contou que seu marido sabia mais sobre a língua portuguesa, do que ela mesma. 
Ele escreveu três livros, “Pelos caminhos do Brasil”, “Transbrasiliana”, e “Rio Doce”.
“Ele era muito talentoso, lutador, honesto, era um grande companheiro. Aprendeu a tocar violão sozinho, e se tornou representante de um laboratório de medicamentos, para ter a oportunidade de viajar e conhecer o Brasil. Uma nota musical, ou um erro de português, não passava pelo seu ouvido. Tudo que ele lia, ele me mostrava, e vice-versa, e nós discutíamos. Ele dizia que minhas poesias eram onomatopaicas (quando o som das palavras, são reproduzidas na oração)”.
Nos últimos quatro anos em que lecionou, a poetisa se dedicou apenas a disciplina de português, e aos 76 anos (em 1995), deixou de lecionar, mas nunca de ensinar. “Até hoje, tiro dúvidas de português, de amigos dos meus netos, ou de pessoas que vem me procurar”, conta Dona Nilza.
Em 2008, a poetisa lançou o livro “Estados d’Alma”, no Salão Nobre do Esporte Clube Fluminense, reunindo 45 poesias de sua autoria, como “Shangri-lá”, “Nesta manhã de sol”, “Tuas mãos”, “Transporte” e “Saudade”. 
No lançamento da obra, Nilza recebeu uma homenagem do Departamento de Cultura de Rio Bonito e da Secretaria de Educação e Cultura, pela enorme colaboração que deu a Cultura do município.
Também colunista da FOLHA DA TERRA, a poeta diz que até hoje se considera apenas uma inspiradora, pois só escreve quando algo lhe chama atenção, ou lhe inspira. E ainda revela que o título de poetisa lhe foi dado por um ex-vereador da cidade, Roberto Pereira dos Santos. “Só escrevo quando vem a inspiração, até mesmo para escrever cartas ou cartões. Assuntos de comportamento humano, por exemplo, me empolgam”.
A escritora diz que lamenta que a geração atual não se dedique tanto a leitura e a escrita, por causa dos atrativos da TV, e aproveita para dar conselhos. “A televisão tirou o foco da leitura, mas as mães ainda têm a responsabilidade de incentivar o hábito nos filhos. 
Os livros de Monteiro Lobato e Viriato Corrêa, são ótimos para as crianças. Aliás, dar livros de presente para qualquer pessoa, é sempre muito bom”, orienta Dona Nilza, com a sabedoria e humildade de quem ajudou a formar muitas gerações de riobonitenses.

Por que transcrevi o artigo acima?
Porque justamente guardo com o maior orgulho um livrinho já sem capa de LAURO DE AZEVEDO ROLIM intitulado O RIO DOCE, publicado em 1946 pelas oficinas gráficas da "A SEMANA", em Madalena, estado do Rio de Janeiro.
Referido livro pertenceu a VICTORIO EMANUEL MARTORELLI e foi autografado pelo autor em setembro de 1951, data em que eu nasci. 
Por muitos e muitos anos, a obra ficou guardada no porão da Escola José Gomide de Castro e depois transferida para o Ginásio Estadual Virgílio Maynard, hoje Nestor Fogaça, em São Miguel Arcanjo.
Foi nesta época que uma professora achou melhor entregar para a Associação Casa do Sertanista, da qual eu fazia parte como secretária e depois diretora e gestora.


RIO DOCE ali retratado nada mais é do que o majestoso rio mineiro onde aconteceu a maior tragédia ambiental do país. Claro que o poeta jamais pensou que tal evento aconteceria com um rio tão maravilhoso como esse, mas aconteceu.


Vou escanear o livro todo para que se alguém quiser digite-o, faça-lhe uma capinha e o preze como eu tenho feito.


Atenção: a numeração de algumas páginas não acompanha a sequência do livro, mas está certa.




































































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