segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

TEMPORAL E DESALOJADOS EM SANTOS E PROXIMIDADES

Temporal deixa rastro de destruição e dezenas de desalojados no litoral de SP. 
Além de alagamento, encostas cederam e o fornecimento de energia foi interrompido em 15 mil imóveis. Unidades de saúde, escolas e transporte públicos deixaram de funcionar.
Por G1 Santos


Em Santos, SP, deslizamento no morro José Menino, gerou danos a veículos — Foto: Adriana Cutino/G1
Pelo menos 155 pessoas ficaram desalojadas em decorrência dos estragos ocasionados pela intensa chuva que atingiu a região da Baixada Santista, em São Paulo, nesta segunda-feira (4). A Defesa Civil mantém o alerta, após o registro de deslizamento em morros e alagamentos. Serviços públicos também foram prejudicados.
Em Peruíbe, 101 pessoas foram removidas das próprias casas por segurança com o auxílio dos bombeiros. Em Santos, onde foram registrados 10 deslizamentos de terra nos morros, 39 pessoas ficaram desalojadas. Em Bertioga são 15 pessoas. Em Cubatão não há desabrigados, mas 120 famílias vão precisar de doações.
O transporte coletivo também foi impactado, uma vez que ônibus municipais e intermunicipais tiveram problemas para atravessar vias alagadas. O Veículo Leve Sobre Trilho (VLT) ficou inoperante entre Santos e São Vicente durante a manhã em razão do deslizamento de terra ocorrido no entorno do túnel que interliga as duas cidades.


Moradores foram resgatados pelos bombeiros em Peruíbe, SP — Foto: Rodrigo Nardelli/G1
Em Santos, unidades básicas de saúde deixaram de funcionar. Em São Vicente, o Hospital Municipal teve o andar térreo alagado. Em Itanhaém, os servidores das escolas municipais foram dispensados em razão da paralisação do transporte público, cuja categoria amanheceu em greve, e de alagamentos em alguns bairros do município.
Na Rodovia Cônego Domênico Rangoni houve queda de encosta na altura do km 254, sentido Guarujá, com interdição de uma faixa, conforme informações da Ecovias. Outro deslizamento interditou parcialmente a serra da Rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro, a Mogi-Bertioga. Ambas ocorrências foram monitoradas pela Polícia Rodoviária.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) Piratininga informou que 15 mil imóveis, aproximadamente, tiveram o fornecimento de energia interrompido, mas o serviço foi restabelecido gradativamente ao longo do dia. A Elektro, concessionária que também opera o distribuição em cidades da região, não declarou problemas.


Agência dos Correios em Santos, SP, ficou inundada durante as chuvas — Foto: G1 Santos.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou 316, 3 milímetros em Santos (o maior índice na média histórica dos últimos 25 anos, segundo a prefeitura) até o início da tarde. Segundo os meteorologistas, a chuva é considerada "extremamente volumosa" e requer atenção.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mantém a classificação "perigo", a penúltima antes do patamar mais perigoso, para a região. A recomendação é que as pessoas evitem enfrentar o mau tempo, observem encostas, desliguem o quadro geral de energia em locais de risco e protejam os pertences nas inundações.
A meteorologista Michelle Harumi Nakamine, da Defesa Civil de São Paulo, informou a passagem de uma frente-fria, já prevista e alertada pelos órgãos de emergência, ocasionou as chuvas intensas. A previsão é que na terça-feira (5) o volume pluviométrico reduza e o tempo volte a se estabilizar, com aberturas de sol.


Garagem subterrânea de prédio ficou inundada com as chuvas em Santos, SP — Foto: G1 Santos.

Confira os impactos da chuva:
Bertioga: choveu 124 milímetros.
A Defesa Civil do município informou que, mesmo não recebendo chamado, a equipe está na rua para orientar a população das áreas de risco, como Chácaras, Vista Linda, Guaratuba, Caiubura e Sítio São João. Segundo a prefeitura, alguns moradores foram encaminhados para locais mais seguros e receberam apoio da Prefeitura.
Quinze pessoas no bairro Chácaras solicitaram ajuda da Defesa Civil e foram transferidas para casa de parentes. Devem permanecer por lá até a água baixar. Ainda segundo a prefeitura, não foram registradas ocorrências nos serviços públicos. As escolas municipais estão em férias e as aulas retornam na segunda-feira (11).


Em Bertioga, SP, quatro famílias foram abrigadas em casas de parentes — Foto: Reprodução/Aconteceu em Bertioga.
Guarujá: choveu 159 milímetros.
Segundo a prefeitura, houve registro de queda de árvore sem danos materiais ou vítimas. Foram registrados diversos pontos de alagamento no município. Não houve registro de atendimento ou solicitação para escorregamentos. Não há informações sobre desabrigados ou desalojados.
Cubatão: choveu 165,2 milímetros.
A Defesa Civil informou que as fortes chuvas da madrugada alagaram ruas em toda a cidade de Cubatão e transbordaram o Rio Pilões. De acordo com a Companhia Municipal de Trânsito (CMT) o sistema público de transporte operava somente com 24 ônibus pela cidade, além do transporte alternativo, durante a manhã.


Deslizamento na Rodovia Mogi-Bertioga provocou interrupção no trânsito — Foto: Reprodução/Aconteceu em Bertioga.
A prefeitura também informou que não há comportas a serem abertas no Rio Pilões, que transbordou. Durante a madrugada, a sirene instalada no bairro teria sido disparada, avisando que o leito do rio estava subindo, o que fez com que muitas famílias conseguissem salvar documentos, móveis e eletrodomésticos.
No Morro da Mantiqueira houve deslizamentos, mas nenhuma moradia foi atingida. Na Vila dos Pescadores há pontos de alagamento, assim como nos bairros Vila Nova, Jardim Casqueiro, Jardim Costa e Silva. Na avenida Tancredo Neves, houve operação especial, com a pista Centro-bairro interditada e a outra pista, bairro-Centro operando em mão dupla.
Pelo menos 101 famílias são aguardadas pela Assistência Social para cadastramento de recebimento de doações, que podem ser encaminhadas à sede do Fundo Social, que atende das 8h às 17h, no parque Novo Anilinas. Apesar disso, a prefeitura nega que existam desabrigados ou desalojados.
Santos: choveu 235,9 milímetros.
Segundo a prefeitura, até o início da tarde havia o registro de 10 famílias e 39 pessoas desabrigadas. A Secretaria de Desenvolvimento Social e a Defesa Civil trabalham conjuntamente para identificar a situação das famílias que necessitam de abrigo.


Parte do asfalto cedeu durante obra de prédio em Santos, SP — Foto: G1 Santos.
Os morros estão em estado de atenção. Ocorreram 10 deslizamentos de encostas e algumas vias ficaram interditadas. Equipes da Secretaria de Serviços Públicos trabalham na desobstrução dos acessos da região do Caneleira e do Jabaquara. Não há registro de feridos ou óbitos.
Também houve quedas de árvores em alguns bairros e pontos de alagamentos por toda a cidade. A entrada da cidade ficou intransitável impedindo o deslocamento de veículos aos demais pontos do município. A saída para São Paulo também ficou comprometida. Neste momento, os motoristas devem utilizar o acesso do Porto pela Alemoa.


Equipes da prefeitura foram mobilizadas em deslizamentos em Santos, SP — Foto: G1 Santos.
Por causa da chuva, não funcionam as unidades de saúde: Alemoa/Chico de Paula (Rua Afonsina Prost de Souza s/n°), Bom Retiro (Rua João Fracaroli s/n°), Rádio Clube (Av. Hugo Maia s/n°), São Jorge/Caneleira (Rua Francisco Ferreira Canto, 351), Castelo (Rua Francisco de Barros Melo, 184), Porto (Rua General Câmara, 507) e Morro Santa Maria (Rua Um, s/n°).
São Vicente: choveu 239,3 milímetros.
A prefeitura informou que o Hospital Municipal teve as dependências do andar térreo alagadas. Em algumas unidades de saúde houve atrasos e falta de funcionários. Nestes casos, não houve prejuízo no atendimento. Três unidades de saúde não foram abertas hoje, devido à dificuldade de acesso: JIP, Sambaiatuba e Pompeba.
A municipalidade disse que caiu uma árvore na rua Newton Prado, já foi retirada e o trânsito está liberado. De acordo com a Secretaria de Trânsito e Transportes (Setrans) foi registrada a queda de um muro na avenida Getúlio Vargas. O material já foi recolhido e o trânsito está fluindo normalmente no local.
A Ponte Pênsil teve o acesso bloqueado no início da tarde, nos dois sentidos, para a retirada de terra e resíduos nas avenidas Getúlio Vargas e Newton Prado. Motoristas devem acessar a Ponte do Mar Pequeno e Viaduto Mário Covas.Também houve queda de encosta no morro Itararé, na rua que acessa morro da Asa Delta.
Praia Grande: choveu 125 milímetros.
Segundo a prefeitura, pontos de possíveis acúmulo de água escoaram pelo sistema de drenagem sem problemas, especialmente com a redução do volume de chuva no início da manhã. Seis semáforos apresentaram mau funcionamento durante a madrugada e foram reparados por agentes de trânsito.
A municipalidade mantém a solicitação aos moradores para que entrem em contato com a Defesa Civil caso registre algum problema relacionado ao assunto por meio dos telefones 199 e 153. Todas as unidades de serviços municipais funcionam normalmente desde o início do expediente desta segunda-feira.
Mongaguá: choveu 119,16 milímetros.
Segundo a prefeitura, pontos de alagamento são registrados em alguns bairros. Os sistemas de drenagem apresentam boa absorção das águas. Porém, em alguns locais o escoamento ainda demora, em virtude da maré alta.As equipes da prefeitura concentram esforços na Rua Marcelino Rodrigues de Meira, em Agenor de Campos.
Durante a madrugada, no Centro da cidade, uma árvore tombou sobre a calçada e atingiu a fiação. A Defesa Civil e a Guarda Municipal isolaram a área e, após a desativação da energia no perímetro pela concessionária, e as equipes de limpeza removeram a espécie. Os serviços públicos ocorrem sem interferências.
Itanhaém: choveu 235 milímetros.
Segundo a prefeitura, quatro árvores caíram em regiões diversas, e existem alguns pontos de alagamento nos bairros Raminho, Coronel, Cibratel II e Estrada do Raminho, porém a água já está escoando. As ocorrências não resultaram em feridos, também não há desabrigados e nem desalojados.
Os servidores das escolas municipais foram dispensados em razão da paralisação do transporte público e de alagamentos em alguns bairros. Já nas creches municipais, as atividades não foram suspensas, porém algumas unidades ficaram sem condições de acesso, o que impossibilitou de receber alunos e funcionários.
Peruíbe: choveu 231 milímetros.
De acordo com informações da prefeitura, os alagamentos aconteceram nos bairros Caraguava, Caraminguava, Estância dos Eucaliptos, Vila Erminda, Jardim Ribamar, Arpoador, Jardim Veneza e Jardim Brasil. Até o início da tarde, moradores do bairro Caraguava foram removidas pela Defesa Civil e estão recebendo toda a assistência.
Os desalojados estão abrigados no Núcleo de Inicialização Profissional (NIP), no Caraguava, local designado para receber os eventuais desabrigados pela chuva. Lá são acolhidos com colchões, roupas, banho e alimentação. Outras pessoas foram removidas para casa de parentes pela Defesa Civil e 35 pelo Corpo de Bombeiros.
Ao todo, no início da noite a prefeitura contabilizava 80 desabrigados atendidos pela prefeitura. Das 11 linhas de ônibus, as que se destinam ao Bananal e Barra do Una não estão transitando e a que liga o bairro Santa Isabel atende parcialmente.


Em Peruíbe, SP, equipes da prefeitura e dos bombeiros resgataram moradores — Foto: Rodrigo Nardelli/

G1

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