terça-feira, 7 de agosto de 2012

SINFONIA DA MORTE EM TATUÍ FOI CAUSADA POR "CURTO CIRCUITO".


Nesta semana, a Polícia Civil anunciou a conclusão do inquérito que apurou os assassinatos da professora Ariane de Camargo Negrão Lisboa de Moura, 50, e da filha dela, a fisioterapeuta Renata de Camargo Negrão Lisboa de Moura, 26.
Os crimes ocorreram no início da tarde do dia 27 de julho, na vila Dr. Laurindo, e, conforme o delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci, foram motivados por conta de um surto psicótico.
O titular assumiu o caso na quarta-feira, 1o. Até a data, as investigações estavam a cargo do delegado Paulo César Tolentino, que substituía Andreucci – em férias. Mãe e filha foram mortas pelo vendedor Valdir de Oliveira Júnior, 26, o qual, segundo o titular, teve uma crise psicótica.
Depois de esfaquear as duas, o homem cometeu suicídio, enforcando-se nos fundos da residência das vítimas. A casa onde elas moravam fica na rua Professora Maria da Conceição Oliveira Marcondes e precisou ser isolada pela polícia.
Vizinhos das vítimas acionaram a Polícia Militar por volta das 13h. “Os militares foram os primeiros a chegar ao local”, contou Andreucci. Segundo ele, a equipe deparou-se, na entrada da casa, com o corpo de Ariane. A professora estava no chão, entre a porta da sala e o corredor que dá acesso à entrada. Já o corpo de Renata estava no interior da residência, na sala. Testemunhas disseram à polícia ter visto Júnior dando um último golpe na professora.
Os PMs também encontraram o namorado da fisioterapeuta já sem vida. A PC iniciou as investigações após a chegada de peritos do IC (Instituto de Criminalística) e agentes do IML (Instituto Médico Legal), de Itapetininga.
No mesmo dia, os civis começaram a tomar os primeiros depoimentos. “Nós conseguimos apurar que Renata namorava há cinco anos com Júnior”, disse o delegado. Segundo ele, o relacionamento entre o casal era “cordial e amigável”.
“Eles passavam grande parte do tempo juntos. Almoçavam juntos na casa dos sogros e, também, frequentavam uma igreja, sempre juntos”, descreveu. “Eles eram pessoas muito bem faladas na cidade”, citou o titular.
Andreucci afirmou que há indícios de que o surto tenha tido origem a partir de um incidente. “Há um tempo, ele teria passado por um acidente de moto, que resultou num afundamento da caixa craniana na região da testa”, detalhou.
O vendedor teria passado por acompanhamento médico, e, na ocasião, os profissionais não teriam detectado sequelas. “Não constataram pelo menos físicas, mas, segundo provas testemunhais, de uns dois meses para cá, ele passou a ter um comportamento estranho”, comentou Andreucci.
Conforme o delegado, o vendedor afirmava que estava “ouvindo vozes”. “Elas o aconselhavam a fazer coisas muito terríveis, principalmente, matar pessoas”, contou. Andreucci informou que Júnior chegou a pedir a familiares que o amarrassem para que não viesse a praticar crimes.
No dia da tragédia, porém, ele não teria manifestado comportamento diverso ou violento, conforme o delegado. O vendedor teria almoçado com Renata na casa dos pais dele, “normalmente”. “Por volta das 12h30, eles saíram de lá, com a finalidade de ajudarem na organização de uma festa na igreja que frequentavam”, disse o delegado.
Da casa dos pais, Júnior foi para a residência de Renata, onde o crime ocorreu. Vizinhos teriam ouvido, primeiro, Ariane pedindo socorro. “Ele (Júnior) teve um surto psicótico. Atacou com faca a namorada, no interior da sala, tirando-lhe a vida e a da sogra, que provavelmente teria tentado defender a filha”, disse o delegado. As duas teriam sido golpeadas várias vezes.
As duas não resistiram à gravidade dos ferimentos e faleceram antes mesmo da chegada de equipes de socorro. Depois de assassinar mãe e filha, Júnior teria tentado sair da residência, segundo relataram testemunhas à polícia.
“Só que ele descobriu que tinha sido visto por vizinhos que já estavam na frente da casa com pedaços de madeira e pedras. E ele não conseguiria sair. Nesse instante, começou a atacar o próprio corpo”, contou o delegado.
Alguns dos vizinhos que presenciaram os ataques disseram aos investigadores que Júnior deu “facadas fortíssimas” no braço. “Estranhamente, naquele instante, ele não estava sangrando”, disse Andreucci. As fotografias da perícia, porém, mostram rastros de sangue do corredor lateral da casa até os fundos do quintal. Lá, o vendedor acabou pegando uma mangueira de borracha e um banquinho. Pendurando a mangueira num caibro de madeira do telhado, ele enforcou-se.
Durante as investigações, os policiais civis verificaram que Júnior teria utilizado uma faca que pertencia às vítimas. Ele teria ido à cozinha para armar-se. Esse seria indício de que o vendedor não teria premeditado o crime.
O modelo de faca teria sido reconhecido por vizinhos da professora. “Moradores próximos disseram, inclusive, que teriam comprado facas iguais, por terem visto o modelo do utensílio doméstico na casa da Renata”, falou o delegado.
Durante as investigações, Andreucci descobriu que Júnior teria feito uma consulta médica cinco dias antes da tragédia, no Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”. O médico que o havia atendido teria recomendado que ele passasse por um especialista, na Saúde Mental do município, na vila Dr. Laurindo. “O outro médico acabou dando afastamento para ele do trabalho”, disse o delegado.
De acordo com ele, Júnior teria afastado-se exatamente na sexta-feira. “O dia do crime foi o dia em que ele estava afastado por problemas psiquiátricos”, contou Andreucci. Conforme adiantou, o inquérito policial será relatado à Justiça no prazo de 30 dias.
Apesar de a autoria do crime ser conhecida, o delegado explicou que as investigações são necessárias para “apurar as razões que motivaram o fato”. “Infelizmente, com essa verdadeira tragédia, foi possível chegarmos à autoria, mas não é necessariamente possível chegar na culpa”, afirmou. “Fica impossível comprovar se o autor tinha consciência dos atos bárbaros que ele estava praticando”, adicionou.
O delegado classificou o caso como uma tragédia na qual “todos saíram perdendo”. A Polícia Civil também descartou a possibilidade de crime passional, uma vez que “ficou provado” que Júnior e Renata “se amavam”.
“O casal era trabalhador, religioso, não tinha brigas. Eles viviam bem e, no dia do crime, foram vistos dando beijos na residência dos pais dele”, afirmou Andreucci.
Segundo ele, antes mesmo de ser considerado crime, o fato tornou-se uma “verdadeira tragédia”. O delegado afirmou que situações como essa são “totalmente impossíveis” de serem previstas. “Fica difícil de saber o que aconteceu”, falou. No entanto, Andreucci citou que Júnior deu sinais de que “algo errado” estava ocorrendo. Dias antes, ele teria pedido para ser amarrado.
“Estava passando na cabeça dele de praticar um crime, que seria matar alguém. Naquela oportunidade, a voz que ele falou que escutava dizia para que ele matasse o próprio irmão. Então, essa tragédia poderia ter ocorrido na casa dele”, falou o delegado.
Para ele, o acidente com a motocicleta pode ter desencadeado uma doença cerebral. “Isso é o mais provável, porque, conforme apuramos, ele nunca maltratou vizinhos, familiares ou a namorada”, disse.
“Na realidade, não dá para falar que ele é o culpado do que aconteceu. Sem dúvida nenhuma, está comprovado no inquérito policial que ele foi o autor dos crimes, mas até que ponto ele tinha consciência dos atos que estava praticando são outros quinhentos. Não estou querendo eximir a responsabilidade dele. Estou querendo deixar claro uma situação”, encerrou Andreucci.
De "O Progresso de Tatuí".

O CÉREBRO É UMA MÁQUINA QUE NÃO PARA DE FUNCIONAR NUNCA, MESMO SOB SURTO. INTERESSANTE QUE O "OCO" DO CÉREBRO LEVA A MATAR A QUEM MAIS SE AMA...

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