Marcelino era um negro muito brincalhão, que gostava de festas e sempre estava participando de tudo que acontecia nesta cidade.
Ele, na sua simplicidade e bondade, era muito estimado por todas as pessoas que o conheciam.
As crianças, principalmente os moleques malandros o provocavam chamando-o pelo apelido de Chimborê, ele ficava uma fera e corria para pegar os safados, mas logo se acalmava e com seu sorriso banguela ele continuava com suas andanças na cidade, pois conhecia todo mundo e sempre tinha alguém que lhe dava comida ou algum agrado.
Nas festas do padroeiro em que vinham muitas pessoas de outras cidades ou dos bairros, lá estava o Marcelino com seu jeito simplório e simpático, conversando com as pessoas.
Após as festas, no dia seguinte, sempre havia o leilão dos ariados, e o Marcelino era a figura principal para animar o leilão.
Antes de iniciar o leilão, Marcelino saia com uma bandeira onde era pintada a sua figura e dava voltas ao redor da praça central; a criançada o seguia na maior algazarra.
Ele sempre se vestia com um surrado paletó, com a gravata meio torta no pescoço e pés descalços, sapato não usava, mas não dispensava o velho paletó.
Marcelino gostava muito de badalar o sino da igreja e era uma disputa com outra figura folclórica também, o Ditinho “Bate Sino” e os dois muitas vezes se encrencavam, e tinha que ser feito rodízio para os dois se entenderem.
O Ditinho não sabia ler e na missa ele fazia questão de pegar o folheto de canto, muitas vezes do lado errado e parecia que estava lendo, sempre cantando com atraso, mas sempre participando de tudo.
Também morou e viveu nesta cidade uma mulher cujo nome era Severiana, mais conhecida pelo cognome de “Coruja”. Era uma pessoa muito vaidosa, que usava muita pintura no rosto, batom vermelho, ruge e pó de arroz, até com certo exagero, e vestidos de tecido brilhante, bem colorido e também colares e bijuterias. Severiana era solteira, de meia idade e vivia uma vida “livre”.
Outra figura importante do folclore pilarense foi Maria Sambeira, uma pessoa muito alegre, que participava de todas as festas, e gostava muito de dançar, essa a razão de seu apelido “Sambeira”.
Em todos os desfiles nas comemorações da cidade, lá estava ela vestida com sua saia rodada, desfilando e dançando toda feliz de estar participando do evento.
Maria Sambeira era também benzedeira e muitas pessoas levavam as crianças para benzer de perna curta e outros males, que curava por meio de “simpatia”.
Havia muitas outras pessoas que viveram nesta cidade e que tinham suas características folclóricas, como por exemplo, a “Maria do Pito” como era conhecida essa senhora já de certa idade, que vivia no Asilo local. A sua mais interessante característica é que as pessoas e, principalmente as crianças, gostavam de ver quando iam visitar o Lar dos Velhinhos, era o jeito que ela ficava de cócoras para fumar o seu cachimbo. Ali sentada, ela ficava horas contando estórias com as crianças ao seu redor, admiradas com o seu jeito peculiar. Ela também gostava que as pessoas tomassem o cafezinho que ela sempre tinha nas suas canequinhas. Havia outras pessoas que ficaram também conhecidas, por sua forma de vida meio errante e que viveram aqui em Pilar do Sul, mas as mais marcantes são as que foram citadas neste relato, sendo que as mais conhecidas dos últimos tempos foram Maria Sambeira e Maria do Pito".
Especialmente para "O JORNAL", de Pilar do Sul, edição 23 de agosto de 2.012, de onde foi transcrito.
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