Os deputados encurtaram a semana de trabalho. O projeto de resolução que altera dispositivos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados foi aprovado na última quarta-feira. Agora, as reuniões realizadas nas segundas e nas sextas-feiras serão apenas para debates.
Segundo o presidente da Casa, deputado Marco Maia, do PT, é apenas uma adequação às regras constitucionais. Quer dizer que oficialmente o deputado só precisa trabalhar (?) de terça a quinta-feira.
Assim, por certo, logo, logo, o resto da elite que comanda o resto do povo brasileiro vai querer equiparar-se, fazendo da tal "adequação" um belo argumento.
Quanto mais essas coisas acontecem, mais me lembro de meu saudoso pai e de sua luta inglória em prol da honestidade na política.
Estou com um artigo dele nas mãos.
Veja só como ele escrevia: "Às vezes muito atarefado aqui no ‘Sítio Bom Retiro’, sem tempo de ir a minha casa da cidade para abastecer meu conjunto sindesmológico, atiço a lenha no fogão morno, meço uma porção de feijão cozido com farinha de milho - virado à paulista, como dizem, - vou na horta, apanho um punhado de couve, mais uns cheiros verdes, refogo-os bem engorduradinhos, frito uns ovos que as galinhas acabam de botar e mando tudo pro bucho.
Esse galho está quebrado.
Um dia destes, quando saboreava esse quitute bem caboclo, sentado num canto da cozinha com o gato e os cachorros de olhos arregalados esperando a vez, ligo o velho Semp e fico assustado com o comentário feito pelo radialista Francisco Wey, no "Jornal do Meio Dia", da Rádio Difusora de Itapetininga.
A primeira coisa que pensei foi que ele, decerto, não mais pretendia ser candidato a cargo político eletivo.
A primeira coisa que pensei foi que ele, decerto, não mais pretendia ser candidato a cargo político eletivo.
Foi tamanha a conversa desenrolada que a minha cabeça a ela se firmou, numa curiosidade que não costumo ter, devido às parábolas eleitoreiras que ouço constantemente, não só dos políticos como dos seus apaniguados e puxa- sacos, sem falar dos burocratas que se grudam em cada sistema governamental, como sanguessugas, procurando funções privilegiadas para trepar na fortuna, sem remorso pelo empobrecimento que causam a milhões de compatriotas.
As palavras do "colega" jornalista atingiram em cheio a gravidade do nosso sistema democrático pós-aprovação da nova Constituição, pois esta veio, como bem disse Ives Gandra Martins, para favorecer os funcionários do governo, os que estão no poder e os que vão entrar com trocas que se processarão.
Foi da enjoada Ditadura Militar, na ânsia de agradar setores enraizados nas comunidades interioranas, que começou o mal, dando vencimento aos vereadores onde eles não eram remunerados e facilitando meios para aumentá-los onde já tinham salários relativos. Com isso o mal cresceu e hoje temos a pouca vergonha assumindo proporções alarmantes ao depararmos com o direito dos legisladores se beneficiarem estabelecendo critérios próprios aos seus vencimentos.
O nosso patriotismo está arrepiado diante de tanta sem- vergonhice.
O maquiavelismo político confunde-nos de tal maneira que não sabemos mais como depositarmos votos de confiança em alguma coisa ou em alguém.
O professor Wey está certo quando traz à luz a "hipótese" de que os homens que se elegem através do voto popular direto, devem trabalhar sem nenhuma remuneração, como os de instituições filantrópicas ou religiosas, pairando, aí, também, certa dúvida nas conceituações, mas...vá lá!
Eu nunca pude dar atenção aos preceitos da Bíblia, mas sei que em certo capítulo, versículo tal, existe um provérbio do apóstolo Matheus que diz: "Primeiro os deuses".
E é o que eles fazem, desde o Presidente ao Vereador.
Seguem à risca esse preceito.
O resto, o povo, que vá às favas.
É o giroscópio amargo da nossa vida. Da vida dos brasileiros".
............ E ESTE ERA MEU PAI!
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