Por Carlos Chagas
Quarta-feira, na parte da manhã, o vice-presidente Michel Temer entrou no gabinete da presidente Dilma Rousseff e depositou na mesa de reuniões uma bomba-relógio com data e hora marcadas para explodir. O artefato havia sido montado na véspera, num jantar na casa de Temer, ao qual Dilma não compareceu, apesar de convidada. Ainda bem, porque na presença de diversos líderes do PMDB, poderia ter acontecido uma combustão espontânea.
A bomba-relógio tem nome: chama-se Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro. Ele pediu ao vice-presidente que levasse à presidente mensagem simples, apesar de curta e grossa. Caso não demovesse o senador Lindberg Farias, do PT, de candidatar-se ao governo do Rio, ele, Sérgio Cabral, não apoiaria a reeleição dela, Dilma Rousseff. O governador quer o PT fluminense atrelado ao seu candidato, Luis Fernando Pezão, do PMDB.
Tempo há para uma solução, qualquer que venha a ser, mas o tic-tac da bomba pode ser ouvido em todo o palácio do Planalto. De que maneira Dilma poderá afastar o companheiro-senador? Nem o Lula desatará esse nó, porque o PT tem todo o direito de apresentar candidatos, assim como o PMDB e os demais partidos da base oficial. Um hipotético afastamento de Lindberg desencadeará o estouro da boiada, ou seja, governadores dos partidos aliados exigirão o mesmo, sob pena de desembarcarem da reeleição. Um tornado que não deixaria o PT de pé, tanto faz se chamado pelo verdadeiro nome, que é chantagem.
Mas se Dilma cruzar os braços, não pressionando ninguém e deixando que candidatos petistas se apresentem em todos os estados? Pagaria para ver, numa rodada de fogo sensacional? Claro que muitos governadores sairiam da mesa, mas quantos outros apostariam suas fichas na exigência de um só candidato, por coincidência o deles?
Assim está o impasse, caso a imposição de Sérgio Cabral seja mesmo para valer. Parece que é, ainda que o governador tenha muito a perder, na hipótese de saltar do barco do segundo mandato. Fatalmente seria interrompido o fluxo de recursos federais para o Rio de Janeiro. Velhas dívidas poderiam ser cobradas.
Felizes e sorridentes estão Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos. Rejeitar a reeleição de Dilma é meio caminho andado para o governador ligar-se a um dos outros candidatos. Quem sabe até se anime a procurar Joaquim Barbosa?
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