segunda-feira, 12 de agosto de 2013

LULA DÁ NÓ EM PINGO D` ÁGUA


Lendo O Que Sei de Lula, lembrei de uma passagem que tive como repórter da Folha com o personagem principal do novo livro de José Nêumanne. 
Foi na madrugada da intervenção federal do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ali nos fins dos 70. 
Esperávamos o interventor, que enquanto não chegava jogávamos conversa fora em torno de uma mesa sentados e de pernas cruzadas, com Lula e Ricardo Kotscho que um dia assumiria a Secretaria de Imprensa da Presidência da República. 
Quando, enfim, o interventor apresentou-se, brinquei com Lula cantarolando um trecho de música de Roberto Carlos:
- O show já terminou...
Com olhar fulminante, irritado, ele reagiu com a rapidez de um raio:
- Show, que show? Aqui não tem show nenhum!
Logo depois, diria em entrevista que iria abandonar a liderança sindical.
Lembro isso para dizer que o personagem que dá título ao livro de Nêumanne não é sopa e nunca esteve pra brincadeira. 
E tal camaleão acuado, sai-se bem de qualquer parada, sempre.
Amigo de Deus e do Diabo, Lula aprendeu tudo o que sabe na escola da vida. 
É um ás da política, capaz de dar nó em pingo d´água até em figurões já varridos pela morte da cena política nacional, como o general Golbery do Couto e Silva.
Um dia o general, diz a lenda, sonhou ter em Lula um aliado.
Lula, que faz da política um jogo de xadrez mortal, riu quando o general partiu. 
O Que Sei de Lula é um livro bem-feito, bem escrito. 
Poderia ser confundido com um romance policial se não tivesse o título que tem, tamanha a quantidade de personagens inescrupulosas, inclusive, que se movimentam serelepes no virar de cada página. 
É um enredo e tanto!
Dá filme.

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