quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A GALINHA CARIJÓ E OS GRÃOS DE TRIGO

Era uma vez uma pequena galinha carijó que vivia ciscando no quintal, até que um dia encontrou uns grãos de trigo.
Chamou os vizinhos e disse:
- Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Quem quer me ajudar a plantá-lo?
- Eu não, mugiu a vaca.
- Nem eu, grasnou o pato.
- Nem eu, grunhiu o porco.
- Nem eu, crocitou o ganso.
- Então eu vou plantá-lo sozinha, disse a galinha carijó - e assim fez.
O trigo cresceu bem alto e amadureceu com espigas douradas.
- Quem vai me ajudar a colher o trigo? - perguntou a galinha.
- Eu não vou, disse o pato.
- Está abaixo da minha categoria, resmungou o porco.
- Não vou perder meu status, anunciou a vaca.
- Não vou perder meu subsídio de desemprego, queixou-se o ganso.
- Então eu vou colhê-lo sozinha, disse a galinha carijó - e assim fez.
Finalmente chegou o tempo de assar o pão.
- Quem vai me ajudar a assar o pão? -  perguntou a galinha.
- Está fora do meu horário, disse a vaca.
- Não vou perder meu subsídio da previdência social, desculpou-se o pato.
- Nunca me formei, por isso não sei como fazê-lo, declarou o porco.
- Se eu for o único a ajudar, isso será uma forma de discriminação, afirmou o ganso.
- Então vou assá-lo sozinha, disse a galinha carijó.
Assou cinco pães e mostrou-os aos vizinhos.
Todos eles quiseram um pedaço (na verdade, exigiram uma parte), mas a galinha carijó disse:
- Não, eu posso muito bem comer os cinco pães sozinha.
- Excesso de lucros! -  gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista! - berrou o pato.
- Exijo direitos iguais! - praguejou o ganso.
O porco apenas grunhiu.
Então, pintaram cartazes tachando de "desleal" a pequena galinha carijó, e fizeram uma marcha de protesto, gritando obscenidades.
O agente fiscal chegou e disse à pequena galinha carijó:
- Você não deve ser tão gananciosa.
- Mas eu trabalhei para ganhar o pão, disse a galinha carijó.
- Exatamente, atalhou o funcionário. Esse é o maravilhoso sistema da livre iniciativa. Qualquer um pode ganhar o que quiser, mas, segundo as leis governamentais, os trabalhadores produtivos devem dividir o produto do seu trabalho com os inativos.
E todos viveram felizes para sempre, mas as vizinhas da pequena galinha carijó nunca puderam compreender por que ela nunca mais assou pão.

- Condensado do Nation`s Business, julho de 1970, pela revista Seleções do Reader`s Digest.
 

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