quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

SALVE, MESTRE CANDEIA, QUE HÁ 80 ANOS NASCEU!

Caricatura de Candeia


Antonio Candeia Filho - a caricatura ao lado é de Mário Tarcitano (tarcitano@artnet.com.br) nasceu no dia 17 de agosto de 1935 e morreu no dia 16 de novembro de 1978 na cidade do Rio de Janeiro. 
Era filho de um tipógrafo que tocava flauta e que inventou a tal de Comissão de Frente nas Escolas de Samba; assim, o garoto cresceu no meio dos colegas do pai, ouvindo samba e chorinho.
Candeia aprendeu logo a tocar violão e cavaquinho, jogar capoeira, frequentar terreiros de candomblé, transformando-se no maior defensor da cultura afro-brasileira.
Com 17 anos, compôs seu primeiro samba-enredo (Seis Datas Magnas), ao lado de Altair Marinho, o Prego, levando a Portela ao título com notas dez em todos os quesitos; foi a primeira de seis vitórias no concurso interno de samba-enredo da escola. Compôs Festas Juninas em Fevereiro de 1955, com o irmão Valdir 59, classificando a escola em terceiro lugar. Dois anos depois, também com o irmão, o samba-enredo Legados de D. João VI levou a escola a novo título.
No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba e em 1961 entrou para a polícia, onde passou a ter fama de truculento e a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros.
Virou-se contra as rodas de samba. 
Chegou até a prender um irmão e a enquadrar Paulinho da Viola por jogar sinuca num bar.
Foi quando aconteceu uma tragédia que mudou sua vida: ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, numa discussão de trânsito, ele desceu do carro e descarregou o revólver contra o motorista de um caminhão, que revidou, acertando-lhe um tiro na coluna vertebral. 
Candeia ficou paraplégico. 
A tragédia transformou sua vida. 
Ou o devolveu às suas origens. 
Acabou -se a alegria de Candeia.
As composições saiam dolorosas, num surdo diálogo com a cadeira de rodas. 
Recolheu-se em sua casa; não recebia mais ninguém. 
Os amigos Martinho da Vila e Bibi Ferreira encetaram grande luta e conseguiram trazê-lo de volta à vida.
Agora, da cadeira de rodas Candeia passou a comandar como um rei.
Grande personalidade, Candeia foi líder carismático, sempre em sintonia com seu povo.
Em dezembro de 1975, fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. Nesse mesmo ano, compôs seu "Testamento de Partideiro", onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.
Em 1978, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba e ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Perdeu a Raiz.

 
Sentando em trono de rei
Ou aqui nesta cadeira
Eu já disse, já falei
Que eu canto de qualquer maneira
Quem é bamba não bambeia
Digo com convicção
Enquanto houver sangue nas veias
Empunharei meu violão
De qualquer maneira meu amor eu canto
De qualquer maneira, meu encanto
Eu vou cantar


Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar
Quero assistir o sol nascer
Ver as águas do rio correr
Ouvir os pássaros a cantar
Eu quero nascer, quero viver
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar


Não acende a luz dentro do quarto
Volto para os teus braços aceso de amor
Deixei lá fora os meus fracassos
Meus lábios contaram-me os segredos
Verdade do amor sem medo


Me sinto igual a uma folha caída
Sou o adeus de quem parte
Para quem a vida é pintura sem arte


(…) Se estás procurando distração
O romance terminou mais cedo
Peço por favor
Pra não brincar com meu segredo
Verdadeiro amor não é brinquedo (…)


Eu não sou africano
Nem norte-americano
Ao som da cuíca e pandeiro
Sou mais o samba brasileiro
Fonte: Veja.com/Blog Passarela/Candeia

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