Leandro Nogueira
Dos 48 acusados criminalmente à Justiça pelo Ministério Público na participação de supostas fraudes em licitações ou por terem recebido por plantões que nunca foram cumpridos no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), 30 continuam trabalhando em hospitais estaduais, 9 deles no próprio CHS. São 9 também os que ocupam cargos de confiança, ou seja, ocupam cargos em comissão, que nada mais são do que postos melhor remunerados que dispensam a necessidade de um novo concurso para assumir a função. Por meio da Operação Hipócrates deflagrada em junho do ano passado eles foram acusados à Justiça pelos crimes de formação de quadrilha ou bando, peculato, falsidade ideológica, fraudes em licitações, corrupção ativa, corrupção passiva e homicídio.
Mas o processo criminal foi suspenso no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e todos continuam impunes. Dos 48 denunciados, ao menos dez deles estavam na relação de funcionários do Hospital Regional de Sorocaba até o mês passado, segundo consta no Portal da Transparência Estadual. Questionada sobre essa situação por intermédio da Secretaria de Estado da Saúde, além da informação que um deles aposentou-se em novembro, a direção do Hospital Regional de Sorocaba respondeu à reportagem "entender que o julgamento sobre eventuais atos criminosos cometidos pelos profissionais suspeitos em questão cabe à Justiça, e não ao hospital ou mesmo à reportagem do Cruzeiro do Sul".
Os profissionais acusados à Justiça que continuavam recebendo salários até novembro por atuarem no Hospital Regional de Sorocaba, conforme demonstra o Portal da Transparência Estadual, são o ex-diretor do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), o médico cirurgião Heitor Fernando Xediek Consani; o médico cardiologista Antonio Carlos Guerra da Cunha; o médico Eduardo Salim Haddad Filho; a farmacêutica, ocupando um cargo de confiança na função de diretora de farmácia, Ivanete Romani Cazzaroli; o enfermeiro, ocupando um cargo de confiança na área da oncologia, como supervisor de equipe técnica de saúde, Joselito Pereira de Novaes; também nomeada para um cargo de confiança como chefe, a diretora da biblioteca virtual, Luciana Camilo Soares Moraes; outra em função de confiança é a diretora de enfermagem, Renata Mucci Loureiro de Melo; a também em função de confiança, a diretora Renata Zamur de Carvalho; a enfermeira do pronto socorro que também é funcionária em uma empresa terceirizada do setor de UTI, Simone das Neves e a profissional da área administrativa, Tânia Aparecida Lopes. Desses profissionais, os salários brutos que mais chamam a atenção é a da diretora de enfermagem Renata Melo, R$ 9,5 mil; da diretora de farmácia Ivanete Cazaroli, no valor de R$ 8,2 mil; do médico cirurgião Heitor Consani, R$ 7,4 mil e da enfermeira Simone das Neves, que somente do Estado recebeu R$ 5,6 mil bruto.
Dos nomes enviados pela reportagem, o único que a direção do CHS informou não mais trabalhar no hospital é o médico Antonio Carlos Guerra da Cunha, porque pediu desligamento para aposentar-se no último mês de outubro e segundo informa a Secretaria de Estado da Saúde, o desligamento foi publicado no Diário Oficial em novembro. Apesar de denunciado por supostas fraudes, ele continuou respondendo pela Comissão de Ética Médica do CHS. Quanto à enfermeira Simone das Neves a direção do CHS informa que não há nenhum impedimento legal para que o servidor tenha dois vínculos empregatícios, mesmo que em empresa privada terceirizada e atuando dentro do próprio hospital. "Como servidora do hospital, a profissional Simone das Neves atua no pronto-socorro da unidade. Como funcionária da empresa terceirizada, ela atua na UTI, e não há nenhuma anormalidade nisso", explicou em nota. Observa que o complexo possui 1.800 funcionários e que dos investigados durante a Operação Hipócrates, 40 já não têm mais nenhuma relação com o CHS.
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