
João Pires Cutileiro nasceu em Lisboa/Portugal no dia 26 de Junho de 1937. Sua mãe, Amália, natural de Pavia, no Alto-Alentejo, foi viver em Évora, onde conheceu José Cutileiro, médico militar, e com ele veio a casar-se; o casal teve três filhos.
Em Lisboa, a família Cutileiro mantinha amizade com a chamada "intelligentsia" e sua casa era frequentada por boa parte das personalidades que desenhavam o panorama intelectual português da época.
No ano de 1946, o menino João Cutileiro recebe convite para ir desenhar para um atelier durante dois anos; de 1949 a 1951, Cutileiro frequentou o estúdio de Jorge Barradas, onde aprendeu a modelar, pintar e executar vidrados de cerâmica, depois, aborrecido, foi passar dois anos como assistente voluntário de canteiro, iniciando trabalhos com pedra.
Aos catorze anos, Cutileiro faz a sua primeira exposição individual em Reguengos de Monsaraz (Alto Alentejo), numa loja de máquinas de costura, apresentando peças de escultura, cerâmica, aquarelas e pinturas.
João Cutileiro fez o liceu no Colégio Valsassina onde, influenciado pelos amigos e pelo ambiente que respirava em sua casa, decide ingressar no MUD JUVENIL.
João Cutileiro fez o liceu no Colégio Valsassina onde, influenciado pelos amigos e pelo ambiente que respirava em sua casa, decide ingressar no MUD JUVENIL.
Em 1951, passando por Florença, teve contacto com a obra de Miguel Ângelo e decidiu fixar-se na Escultura.

Não havia espaço para a criatividade, nem para o experimentalismo, o que o fez optar por morar em Londres.
Durante o curso que fez em Londres, entre 1955-59, Cutileiro não só enriqueceu sua formação, como desenvolveu sua experiência.
Em Londres, casou-se, descasou-se e casou-se de novo; deste segundo consórcio, nasceram os filhos Tiago e João.
Nessa altura Cutileiro viveu um período difícil devido às circunstâncias econômicas e começa a procurar por um caminho próprio, resultando as primeiras figuras articuladas, utilizando-se de máquinas elétricas de corte da pedra, dedicando-se exclusivamente ao mármore.
Começaram a surgir torsos, paisagens, caixas, árvores e flores. Entre 1961 e 1971, Cutileiro expôs cinco vezes em Lisboa e uma no Porto e no ano de 1970 já havia optado por voltar a morar em Portugal: foi viver em Lagos, no Algarve, onde permaneceu por mais quinze anos da sua vida.
Por provocação, Cutileiro declarou que tinha abandonado a criação artística para se tornar "um fazedor de objetos decorativos destinados à burguesia intelectual do ocidente". Com esta frase irônica, que Cutileiro compara ao "só sei que nada sei" de Sócrates, quis ridicularizar todos os que menosprezavam a sua escultura ou que se julgavam mais escultores do que ele.

Em 1971 o escultor conquistou uma menção honrosa no Prêmio Soquil, em Lisboa.
Em 1976 e 1977, suas esculturas e mosaicos foram apresentados em Wuppertal, Alemanha.
Seguiram-se exposições em Évora (1979, 1980 e 1981) e em Dortmund, Alemanha, em 1980. Este ano ficaria ainda marcado por uma exposição em Washington (E.U.A.) e outra na Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa).
No ano de 1981 Cutileiro participou no Simpósio da Escultura em Pedra, em Évora, e numa exposição realizada na Jones Gallery, em Nova Iorque.
O sangue que corre nas veias de Cutileiro é todo Alentejano. Talvez por isso, em 1985, o escultor tenha decidido mudar-se para Évora.
O sangue que corre nas veias de Cutileiro é todo Alentejano. Talvez por isso, em 1985, o escultor tenha decidido mudar-se para Évora.

"As Meninas de Cutileiro", como alguns lhes chamam ironicamente, têm valido ao escultor muito dinheiro e momentos da mais distinta glória mas também do mais visível desprezo.
Em 1988 Cutileiro realiza exposições em Lisboa, Macau e Almansil.
Em 1989 expõe novamente em Lisboa e Almansil e, em 1990, decide fazer uma retrospectiva da sua arte, através de uma exposição ontológica, realizada em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1992 e 1993, volta a realizar mais exposições individuais, em Bruxelas, Almansil, Luxemburgo, Évora, Lisboa, Guimarães e Lagos e outras e outras.
Apesar do escultor ter conquistado um lugar invejável no panorama da escultura portuguesas e das suas obras serem hoje muito cobiçadas, depois do "D. Sebastião", muito poucos foram os monumentos de Cutileiro erguidos publicamente.
É como se o conservadorismo estético privilegiado pelo Estado Novo ainda se mantivesse vivo na arte estatuária portuguesa.
O escultor decidiu, agora com 78 anos de idade, doar ao Estado parte do seu patrimônio, que vai permitir a criação da Casa-Atelier com o seu nome em Évora.
O Ministro da Cultura em Portugal, João Soares, acrescentou que é "um gesto extremamente importante, antes de mais nada porque vai contra aquilo que tem sido dominante na Europa e na nossa terra, infelizmente, nos últimos anos, que é o egoísmo".
Com esta doação, João Cutileiro, que é "uma grande figura das artes", "dá prova de desapego dos interesses materiais", disse ainda o Ministro após a cerimônia de assinatura da Carta de Compromisso que vai orientar a constituição da Casa Atelier João Cutileiro, numa parceria entre a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Universidade e a Câmara de Évora.
O Ministro da Cultura em Portugal, João Soares, acrescentou que é "um gesto extremamente importante, antes de mais nada porque vai contra aquilo que tem sido dominante na Europa e na nossa terra, infelizmente, nos últimos anos, que é o egoísmo".
Com esta doação, João Cutileiro, que é "uma grande figura das artes", "dá prova de desapego dos interesses materiais", disse ainda o Ministro após a cerimônia de assinatura da Carta de Compromisso que vai orientar a constituição da Casa Atelier João Cutileiro, numa parceria entre a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Universidade e a Câmara de Évora.
Faz parte da doação do escultor, além do patrimônio, o espólio que inclui parte da sua casa, onde vive e trabalha e o respectivo recheio, que
compreende um conjunto muito significativo de obras de escultura,
desenho e fotografia, assim como a sua biblioteca, documentação variada e
os seus instrumentos de trabalho, tudo para "poupar os filhos de ficarem com isto".
--------- "Não quero que eles recebam o espólio porque, senão, nunca mais fazem nada na vida por eles".
Fonte: CITI
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