FINAL DOS TEMPOS.

Hoje, enquanto preparava o almoço, fiquei a observar a minha gata malhada.

Digo minha, porque apareceu no quintal e acabou ficando por aqui mesmo.

Coitada!

Está prenhe e agora permanece sozinha à espera dos filhotes, porque o autor da façanha - ou autores - ( sabe que nem sei?) foi embora tão logo conseguiu seu intento.

E a pobre gata malhada, se não for vacinada, acabará vivendo exclusivamente para satisfazer a vontade da natureza própria dos machos: procriando quatro vezes ao ano!

Tal como a minha gata malhada, as mulheres também são castigadas e, por uma simples e momentânea voluptuosidade, acabam ficando sozinhas, pelo menos uma vez por ano.

Claro que, depois, já esvaziadas do "milagre" que Deus lhes dotou, o "artista" volta a rondar as gatas humanas.

Pelo filho?

Nada!

Pelo suposto direito de usar que, inadvertidamente (?), elas concorrem e concordam, como uma troca em nome do "mô".

Mas aqui, o problema é a minha gata malhada.

Desassossegada, deita-se pelas sombras que encontra no meu quintal, aguardando pacientemente pelo "seu" milagre. 

Da última vez, foram três, mas ela já chegou a expelir ninhadas de cinco, sete e oito filhotes.

Já pensou se, numa proposição, Deus tivesse errado, deixando castigo igual para as mulheres? 

Já pensou se elas gerassem numa só gravidez tantos filhos como as gatas?

Se o mundo anda carregado de maldades, já estaríamos no final dos tempos.

Mas ELE não errou em nada!