sexta-feira, 19 de julho de 2013

AS BODAS DE CRIZO DE ORLANDO PINHEIRO E NAZARÉ DOMINGUES:


Não sei quem denomina essas datas comemorativas de bodas.
Mas os amigos Orlando Pinheiro e Nazaré Domingues estão fazendo 33 anos de casados e achei que devia felicitá-los de qualquer maneira por isso.
Continuam sendo um perfeito casal. 
Veja-se isso nas fotografias, nos gestos, na sensibilidade com que ambos se reportam, nas páginas do facebook.
Mas que isso de Bodas de Crizo?
Procurando por isso, cheguei ao Blog do Arnaldo Onça, um escritor, autor de O Escritor e o Fantasma, O Enigma, Sete Contos de Natal e do próximo A Faca da Catacumba.
Ele também fez 33 anos de casamento com Elisa, sua esposa, em 2.009, e foi pesquisar.
Suas pesquisas, que usei e abusei, aqui estão.
Tudo para dizer aos meus amigos que não deixei me esqueci da data

"Pois bem: 
Elisa e eu faremos 33 anos de casados no próximo dia 14 de fevereiro.
Fui procurar o nome das bodas que iríamos comemorar e achei:
33 anos = Bodas de Crizo.
Alguém sabe por que Crizo?
Então!
Fui procurar nos meus dicionários (tenho sete diferentes dicionários de Língua Portuguesa em casa) e nada.
Logo descobri um sufixo, CRISO, derivado do grego Khrisós, que significa dourado, ou “da cor do oiro”, como ressalta meu Lello de 1927.
Pedi ajuda à minha família toda e ninguém achou a dita palavra a não ser na lista de significado das bodas.
Não consta sequer do Diccionario portuguez e latino, de Carlos Falqonan. - Lisboa : Miguel Manescal da Costa, 1755, disponível na Biblioteca Nacional Digital Portuguesa. Era previsível.
No caso a palavra é de origem grega.
Também procurei no “Vocabulário ortográfico e remissivo da Língua Portuguesa”, de A.R. Gonçalvez Viana, edição de 1914, assim como no livro Tabela de Química,todos disponíveis na BNPdigital, para o caso de Crizo ser algum metal. Veja nas cópias dos livros abaixo:


Talvez venha a ser a maior piada da língua portuguesa e não conseguiremos descobrir o seu autor.
Quem será que designou Crizo para essas Bodas?
Crizo permaneceu incólume nas listas de bodas, creio eu, somente pelo fato da maioria das pessoas passarem sem comemorações pelos 33 anos de casado, fato cada vez mais raro, aliás.
Comemoram-se bodas de Prata e Ouro e, se as coisas ainda estiverem razoáveis entro o casal, datas múltiplas de 5 são lembradas com algum afago.
Aliás, é assim na maioria dos países (a minha pesquisa envolveu, além do idioma português, o alemão, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano e sueco).
As bodas são anuais até os 15 e quinquenais até os 75.
Nessas listas só existem em comum as comemorações:
12 anos bodas de Seda; 
15 anos Cristal;
20 anos Porcelana;
25 anos Prata;
30 anos Pérola;
40 anos Rubi;
50 anos Ouro e
60 anos Diamante.
Somente nas listas em língua portuguesa se encontram comemorações para todos os anos de um centenário, do primeiro ao centésimo.
Na Alemanha, todavia, se comemoram 33 anos e quatro meses, 37 anos e quatro meses e 67 e meio e 72 anos e meio. Por favor, não me perguntem por quê?
E ainda: Na Alemanha, França e Holanda se comemoram aos 33 anos as Bodas de Pórfiro, uma pedra vulcânica de aparência melancólica e muito longe de ser bonita.
Nos Estados Unidos um moderninho alterou tudo em relação a essas comemorações e criou para a data as Bodas de Ametista.
Ao pesquisar na internet me senti fazendo o trabalho de Sísifo: cada vez que chegava próximo ao resultado, a pedra rolava ladeira abaixo e novamente chegava à estaca zero.
Acho necessário descartar algumas teorias:
A primeira é aquela que trata Crizo por Crisólita, atribuindo a esta pedra a cor amarela e o nome de Topázio. Grande e duplo erro.
A Crisólita é predominantemente verde, assim como a Crisocola e a Crisoprásio.
Segundo erro: Se há algum tempo houve quem chamasse a Crisólita de Topázio, devemos desculpá-los a falta de informação. Khrisós efetivamente significa dourado, mas gregos não chamavam a Crisólita de Topázio. Chamavam-no de Topaziu, pedra amarela proveniente da ilha de Topazos. É a pedra de comemoração das Bodas aos 44 anos na Alemanha, França e Holanda. Já os portugueses, para essa data preferiram o Carbonato. Seria para combater alguma azia?
Seria então o Crisólito o Crizo? Talvez seja a definição mais próxima; trata-se mesmo de uma pedra amarela. Crisólito é traduzido para o inglês como Ametista (lembram do americano moderninho?) e a Ametista, mesmo roxa, efetivamente se transforma em uma pedra dourada se aquecida. 
Seria o Crizo, de Khrisós? Não. Ametista significa, em grego, “não intoxicar” e a ela se atribuía o dom de evitar a embriaguez.
Deixo-os à vontade para sua livre interpretação.
A única certeza que eu tenho hoje é a seguinte: CRIZO, por si só, NÃO EXISTE!
Alguém passou o breu em nós.
Pela absoluta falta de um padrão e um significado válido, proponho que se altere a comemoração para, por exemplo, Bodas de Cachaça, daquelas douradinhas, curtidas no carvalho, só para não fugir da cor.
Afinal, como dizia meu pai, quem vive tanto tempo junto merece tomar uma.
blog do arnaldo onça
escritor"

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