domingo, 14 de agosto de 2016

LEMBRANDO DE MEU PAI


Não dá para não lembrar de meu pai neste dia dedicado a todos eles.
De manhã, era bem assim: pelas 4 horas, as vacas já deviam estar no mangueirão para serem ordenhadas por ele. O trabalho de buscá-las no pasto era nosso, quero dizer, de minha mãe e das meninas maiores.
Feito isso, o leite era trazido para dentro da casa principal onde os litros eram cheios para serem levados aos fregueses da cidade.
Quem levava?
Havia dois funcionários: o Leonildo e o Nestor que se revezavam nesse mister.
Trabalho acabado, meu pai sentava-se à mesa da sala, onde ouvia as últimas notícias radiofônicas do dia transmitidas pela Rádio Bandeirantes e se servia de um grande copo de café com leite fervendo; o leite era gordo e a nata tão consistente que até me dava lombriga - mas eu odiava nata no café!
Todos os dias eram iguais. 
Pelo menos de manhã. 
Lá pelas oito e meia, já estava o chimarrão sendo por ele preparado. 
Era gostoso ver como ele mexia na cuia revolvendo o mate, e depois chupando o líquido quentíssimo naquela bomba que ele dizia ser de prata.
Todo dia era assim.
Até que chegava o domingo e ele ia para a feira na cidade para comprar legumes e verduras, que ele não tinha costume de plantar no sítio.
Mas o "ir à feira" significava muito mais do que isso: significava encontrar-se com a mãe, comprar alguns jornais, visitar o irmão Aristeu ( antes de ter brigado feio com ele), passar um tempão na casa do Alcindo Nogueira e discutir política com quem chegava por ali. 
Depois, a volta pra casa para almoçar com a família.
Num dia como o de hoje, com certeza, ele estaria comendo bolinho de frango, pastel de carne moída, frango frito em pedaços depois de bem passados na farinha de trigo e macarronada com aquele molho encorpado que só minha mãe sabia fazer e que para ele eram as melhores comidas do mundo, manjares sem outros iguais.
Onde você estiver, pai, saiba que jamais esqueço de você.
   
    

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