sábado, 13 de agosto de 2016

PONDERAÇÕES DE ROBERTO JEFFERSON

Nada de novo sob o sol
O advogado de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, apresentou, aos 45 do segundo tempo, o documento de defesa da presidente afastada, um calhamaço de mais de 600 páginas que repisa praticamente tudo que foi falado nos últimos meses pelo advogado-geral do PT. 
Estão lá o pedido para que o processo seja decretado nulo, as alegações de suspeição ao relator, senador Anastasia, a defesa de que a "presidenta inocenta" não cometeu qualquer crime, que as pedaladas e os decretos não prejudicaram o país, e todas as outras linhas de argumentação mais do que repetidas neste longo e exaustivo processo. 
O curioso, na defesa, é que os senadores petistas fizeram tanta questão, na comissão do impeachment, de convocar o procurador Ivan Marx, que deu um parecer pelo arquivamento do "crime" das pedaladas, e, agora, na parte final, descartaram a convocação dele como testemunha. 
Será que é porque este mesmo procurador, além de ter dito que Dilma praticou sim ato de improbidade administrativa com os decretos, também colocou Lula como réu em um processo sobre obstrução de justiça? 
De qualquer forma, não há nada de novo na defesa de Dilma, e no dia do julgamento final, em 25 de agosto, os senadores terão que ter extrema paciência com as chicanas e gritos histéricos das defensoras que sobraram ao lado de Dilma.

Direto para a lixeira
A colunista Mônica Bergamo, na "Folha" de hoje, disse que Dilma agora pretende escrever duas cartas.
A primeira seria endereçada aos senadores, dizendo que ela está sendo vítima de um "golpe" e pedindo que eles não votem pelo impeachment. 
A segunda carta da presidente afastada, segundo Mônica, seria uma espécie de "documento para a história", na qual ela relataria o seu ponto de vista sobre o processo que sofre por crime de responsabilidade. 
O tal "documento para a história" certamente será uma compilação dos argumentos apresentados por sua defesa durante os nove meses em que este processo se arrasta. 
Já a carta para os senadores promete ser uma versão reduzida das alegações apresentadas tanto por José Eduardo Cardozo como pelos senadores petistas. 
Certamente que não veremos, tanto na carta quanto no documento para a posteridade, nenhum mea culpa de Dilma pelos erros cometidos que levaram o Brasil a viver uma de suas piores crises na história, muito menos um pedido de desculpas por ela ter enganado os eleitores na campanha de 2014. 
Em resumo, as cartas, insinceras, terão como destino o lixo da história.

Patrimônio da União, não do PT
Diz a reportagem de "Istoé" que o Tribunal de Contas da União entende que o governante, regido pelos princípios da "moralidade e razoabilidade", deveria declarar patrimônio da União os presentes recebidos, já que o chefe de Estado só está recebendo os artigos em função de cargo de natureza pública e representativa. 
O TCU argumenta ainda que "os presentes ofertados pelo presidente da República (brasileiro) aos chefes estrangeiros são adquiridos com recursos públicos da União. Logo, os presentes que ele receba em troca deveriam ser revertidos ao patrimônio". 
Ou seja, os governantes estrangeiros não deram presentes a Luis Inácio ou para Dilma Vana, mas ao chefe de Estado brasileiro. 
Lula e Dilma, devolvam os presentes!

Mão grande
Reportagens da "Veja" e "Istoé" expõem investigação do TCU, que tenta identificar o paradeiro de mais de quatro mil presentes dados por autoridades estrangeiras aos presidentes Lula e Dilma
O TCU já identificou que 716 presentes recebidos oficialmente deixaram de ser registrados como patrimônio da União, e além dos regalos, até mesmo a faixa presidencial desapareceu. 
Se no Brasil os governantes costumam praticar a confusão entre público e privado, os petistas elevam ao cubo essa deformação moral. 
Os presentes foram dados ao Brasil, não a eles.
                                  
                                     ( Blog do Jefferson)

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