terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

OS RESTOS DA FAMÍLIA REAL


Estadão

Criado em 1922 para as comemorações do centenário da emancipação brasileira, o projeto do italiano Ettore Ximenes para o monumento foi criticado na época pela ausência de elementos que representassem a história do Brasil.

Por essa razão, recebeu esculturas da Revolução Pernambucana, Inconfidência Mineira e dos principais articuladores do movimento: José Bonifácio, Hipólito da Costa, Diogo Antônio Feijó e Joaquim Gonçalves Ledo.
A cripta foi construída em 1953. 
Um ano depois recebeu os despojos da Imperatriz Leopoldina. Em 1972, foi a vez de D. Pedro I e em 1984 de D. Amélia, sua segunda esposa, que foi mumificada.





A Imperatriz e D. Pedro I, quando as urnas funerárias foram abertas.


Os crânios de Leopoldina e D. Pedro I.


Pela primeira vez em quase 180 anos, os restos mortais do primeiro imperador brasileiro, Dom Pedro I - alojados no Parque da Independência, na zona sul da capital, desde 1972 - foram exumados para estudos. Também foram abertas as urnas funerárias das duas mulheres de Dom Pedro I: as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia.
Os exames - realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012 pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) - revelam fatos desconhecidos sobre a família imperial brasileira, agora comprovados pela ciência, e compõem retrato jamais visto dos personagens históricos.
Agora se sabe que o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos agora constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), ambos no Rio, em 1823 e em 1829.
O estudo também desmente a versão histórica - já próxima da categoria de "lenda" - de que Dona Leopoldina teria caído, ou sido derrubada, de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão, corroborada por historiadores como Paulo Setúbal, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos da imperatriz.
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.
O Estado acompanha os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais dos personagens históricos.

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