sábado, 9 de fevereiro de 2013

O SEQUESTRO DE KIOHARO WADA, DEZ ANOS ATRÁS.


Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2002, no "Estadão"

Imigrante fica dois dias em cativeiro na mata

O imigrante japonês Kioharo Wada, de 76 anos, produtor de uvas em São Miguel Arcanjo, na região de Sorocaba, foi mantido durante dois dias escondido em uma reserva de mata atlântica por quatro sequestradores que o renderam em seu sítio, no Bairro Guararema, zona rural do município. 
Enquanto a família providenciava o dinheiro do resgate, Wada era mantido em uma barraca de lona e alimentado com palmitos e água de nascentes. 
O sequestro ocorreu no dia 16 de dezembro, mas só chegou ao conhecimento da polícia depois que a família pagou o resgate de R$ 40 mil. 
Wada, sua mulher Kio, também japonesa, e a filha Márcia, nascida do Brasil, foram rendidos por quatro homens encapuzados, durante a noite. 
Como não havia dinheiro em casa, eles decidiram sequestrar a família, mas libertaram Márcia para que pudesse providenciar o dinheiro do resgate. 
Os sequestradores instruíram Márcia para que voltasse com o dinheiro na hora marcada e não avisasse a polícia, caso contrário matariam o refém. Inicialmente eles pediram R$ 50 mil, mas acabaram reduzindo para R$ 40 mil, em notas de R$ 50,00. 
Márcia seguiu todas as instruções. 
Na noite marcada para o pagamento, foi sozinha até a reserva. 
Parou o carro na estrada de terra e entrou na mata, seguindo a trilha indicada pelo grupo. 
"Logo fui abordada, eles contaram o dinheiro e soltaram meu pai." 
Só então a polícia foi informada do sequestro. 
Segundo o delegado Eduardo de Souza Fernandes, um deles tinha comprado à vista uma casa no Bairro da Barra, em Sete Barras, e pago com notas de R$ 50,00. 
Ilton Ferreira de Oliveira, de 26 anos, foi preso. Em seu poder a polícia encontrou objetos que tinham sido tirados da casa de Wada. 
Também foi preso Antônio Carlos de Lara, de 25 anos. 
Os outros dois integrantes do bando estão sendo procurados. Todos são cortadores de palmito e conhecem bem as matas da região. 
A polícia não pretendia divulgar o caso por causa do precedente: o possível uso das matas do Vale do Ribeira pelo crime organizado preocupa as autoridades. 
A região é pouco habitada e tem pontos quase inacessíveis à polícia. 
No passado, foi usado pelo capitão Carlos Lamarca. 
O delegado seccional de Taboão da Serra, Romeu Tuma Júnior, manifestou essa preocupação após ter sido encontrado o corpo do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), numa estrada de terra, em Juquitiba, às margens da BR-116, que corta o vale. 

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