sexta-feira, 5 de junho de 2015

ADOLESCENTE TEM QUE TRABALHAR

O ser humano é engraçado.
Faz de tudo para desperdiçar o tempo para que seu filho possa curtir a infância, período bom e importantíssimo da vida, claro, onde tem início a formação de sua personalidade para o resto da vida. 
Isso é compreensível, pois, embora sejamos todos iguais, cada um de nós nasce com singularidades próprias, as quais deverão ser cultivadas ou combatidas no convívio com a família.
Depois que passa a infância, vem a puberdade e aí os pais acreditam que já podem deixar seu filho livre para procurar sozinho aquilo que lhe apraz, quer dizer, a partir de então, ele mesmo vai poder fazer seu tempo.
O que os pais e a sociedade não estão vislumbrando é que quanto mais houver desperdício de tempo nessa etapa da vida, mais difícil será tornar possível o retorno à realidade.
Nesse desperdício, o filho vai levando a VIDA, aprendendo sobre a VIDA apenas com "amigos" e "colegas" e "amigos de amigos" e "amigos de colegas". Vai crescendo junto deles e achando-se amado, querido, benquisto, convidado sempre a curtir e compartilhar dos mesmos gostos da troupe que adotou. Nesse embalo, vai comparando com a primeira troupe que conheceu na sua história: a sua família.
Começa então a participar de grupos que cultuam Guevara, músculos, seitas satânicas, Lenine, suicidas, Marx, demônios travestidos de anjos. E se veste de preto e veste a alma de preto e pinta de preto a moral da sociedade e joga piche nos muros e picha os bancos das praças e vai ficando bêbado em festas noturnas que bem podem acontecer dentro de cemitérios como em prédios em construção e vai amanhecer como alma penada vagando em ziguezagues num campo qualquer até encontrar o caminho de volta para casa.
A família em polvorosa, não entende mais nada, fecha-se em casa e se cala. Disseram para ela que a isso chama-se choque de gerações, conflito de gerações.
Bonito termo, não é mesmo?
Mas não é nada disso!
É puro medo. Medo de ambas as partes. Do filho que se afasta para um mundo que desconhece e dos pais que esquecem que esse filho continua sendo seu e lhe devem mais tempo para ensiná-los, cultivando ou combatendo aquilo que foi aprendido junto dessas amizades.
Sabe-se hoje que os jovens atingem a puberdade alguns anos mais cedo do que as gerações passadas, mas que nem sempre o amadurecimento psicológico tem acompanhado o ritmo de crescimento, pois são presas fáceis da armadilha do tempo e dela não é muito fácil sair, não.
Mas, e vale apenas como comparativo, por que será que George Washington estava capacitado como supervisor com apenas dezessete anos? Por que será que Joana D`Arc comandou um exército com a mesma idade dele?
O que vemos é uma educação cada vez mais enfraquecida tomando um tempo enorme dos meninos. 
Quando bem poderiam tornarem-se logo, logo úteis e felizes cidadãos, vem uma lei besta e acaba derrubando isso por terra. Uma lei que mantém crianças e adolescentes presos como escravos, postos à margem da sociedade, esnobados, passados para trás e ignorados, porque não admite que eles possam desenvolver-se através de um trabalho profícuo.
Ora, só o trabalho é capaz de evitar que se transformem em pessoas indolentes, desligadas, ociosas e viciadas.
Que mal há em capinar terrenos baldios?
Que mal há em tirar o lixo?
Que mal há em arrumar prateleiras?
Que mal há em desenvolver um dom mais cedo?
Que mal há em pintar paredes?
Que mal há em ser útil e remunerado por isso?
Se antes o trabalho era uma necessidade econômica, hoje é muito mais do que isso: é uma necessidade psicológica para os adolescentes que vivem à procura de um sentido de identidade e de importância para a sua vida.
Enquanto não se mexer a sociedade para bendizer o trabalho e jogar para fora do contesto as leis esdrúxulas, verá seus filhos cada vez mais cedo serem batizados pelo tráfico de drogas e por outros malefícios.         

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