quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PÁGINA DO ROBERTO JEFFERSON:

Nunca antes...
De acordo com a LDO enviada ao Congresso pelos ministros da área econômica, o governo admite déficit primário de R$ 48,9 bilhões para o setor público este ano, incluídos estados e municípios. 
A conta, porém, tem tanto "se" para sustentar esse número que, como observou o "Valor", "a meta fiscal está em aberto". 
O déficit será de R$ 48,9 bi se o governo tiver sucesso na relicitação de 29 usinas hidrelétricas, a ser realizada em novembro, e se não for obrigado, pelo Tribunal de Contas da União, a pagar dívidas contraídas junto ao BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica que, somadas, aumentam o rombo em mais R$ 40 bilhões. 
Mas não acabou. 
O déficit poderá aumentar se a União tiver que pagar seu passivo com o FGTS, cujo montante ainda não é possível calcular. 
As projeções indicam que o déficit primário poderá superar inacreditáveis R$ 100 bilhões (1,7%do PIB). 
Como disse Míriam Leitão hoje em "O Globo", "é a resposta que os números dão a uma presidente que fez por merecê-los. Esta é a cara da administração Dilma Rousseff".

A passos de tartaruga
Por ordem de Lula ou estratégia dos novos operadores políticos, fato é que PT e satélites abrandaram as pressões sobre Eduardo Cunha. 
Com isso, a pauta de votação voltou a andar, ainda que a passos de tartaruga. 
Ontem a proposta que prorroga a DRU até 2023, e que aumenta de 20% para 30% a flexibilização de gastos do Executivo, deu mais um passo para ser aprovada na CCJ, provavelmente na semana que vem. 
Paralelamente, começa a costura pra que o governo emplaque a CPMF, ainda que não do jeito pretendido. 
Por ora, é o que é possível, e deem graças a Deus.

Paz com data de validade
Luiz Inácio ficou irritado e enviou recados contrariados - à presidente Dilma e ao ministro José Eduardo Cardozo, a quem a Polícia Federal é subordinada - após a operação de busca e apreensão da PF no escritório de um de seus filhos, Luís Cláudio, por suspeita de fraude fiscal. Para selar a paz com seu criador, Dilma foi ontem a São Paulo comemorar os 70 anos de Lula, e divulgou texto em que disse ter orgulho de caminhar "lado a lado" com o ex-presidente, com quem teria aprendido muito e ser "parceiro de todas as horas". Armistício deve ter durado até que Lula abrisse os jornais na manhã de hoje. Segundo consta, a Receita Federal pretende quebrar o sigilo fiscal e bancário de um restaurante que pertenceu à filha do ex-ministro Gilberto Carvalho, chamado carinhosamente de "Gilbertinho" por Lula, e do caçula Luís Cláudio. É a parceria de "todas as horas" posta à prova.

A luta entre a morte e a vida política
Ar menos pesado que é respirado na Câmara esta semana pode virar tóxico na que vem. 
Por dois motivos. Processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deve começar a tramitar no Conselho de Ética a partir da próxima quarta-feira, 4; ao mesmo tempo, a área técnica da Câmara encaminhou ao presidente parecer pela admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Cunha desconversa, mas pessoas próximas alardeiam que, se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir seu afastamento do comando da Casa, ele não hesitará em dar início ao processo de impedimento da presidente. 
A novela se arrasta, levando nossa já escassa paciência junto. 
A semana em que os mortos são cultuados pode ser dos que lutam para sobreviver.

Uma possível revolução
Grupo numeroso de senadores de diversos partidos decidiu entrar de cabeça na defesa da liberação da fosfoetanolamina, substância ainda experimental que é distribuída a pacientes com câncer por professores e médicos da Universidade de São Carlos (SP). 
Audiência realizada no Senado nesta quinta-feira mobilizou um número sem precedentes de participantes. 
No debate, ficou claro que os pacientes que receberam algumas doses da chamada "fosfo" apresentaram melhora nos sintomas. A decisão do ministro Edson Fachin, do STF, de liberar o uso para um paciente, fez explodir o número de processos judiciais daqueles que querem ter acesso à droga. 
Há um grande interesse, e as milhares de mensagens recebidas pelos senadores mostra o quanto a população quer ter acesso a medicamentos novos e com custo reduzido para, se não curar, pelo menos amenizar o sofrimento com o câncer. 
O problema no caso da "fosfo" é a resistência da Anvisa e dos órgãos do setor, que defendem estudos mais aprofundados antes de liberar a comercialização ou distribuição da substância. 
Só que quem tem câncer tem pressa. 
A burocracia precisa parar de ver os pacientes como mera estatística. 
Que se realizem os estudos com urgência e se libere a "fosfo", se ela realmente tiver a capacidade curativa que lhe é atribuída. 
O que não dá mais para se tolerar no Brasil é a população ter que brigar contra a doença e contra a burocracia ao mesmo tempo. 
Aos que argumentam que é necessário esperar para ver os efeitos da droga, é bom lembrar que em determinadas situações isso não é possível. 
Entre morrer ou testar a droga, é melhor ficar com a segunda opção.

Exército a postos
Não demorou 24 horas após o deputado federal petista Sibá Machado, no Plenário, ameaçar de agressão os membros do Movimento Brasil Livre (MBL), que se encontram acampados no gramado em frente ao Congresso Nacional, para os movimentos satélites do PT atenderem ao chamado dos patrões. Membros do MTST, que andam fazendo protestos violentos em Brasília, deixando um rastro de destruição por onde passam, invadiram o acampamento do MBL e agrediram os rapazes do movimento, que tentaram fazer um cordão de isolamento para impedir que seus pertences fossem destruídos e as barracas, derrubadas. 
Fotos e vídeos postados nas redes sociais mostram a atitude covarde e agressiva dos tais "sem-teto", que não tinham qualquer motivo para agredir os jovens do MBL. 
Aliás, não se teve notícia de que um jovem do grupo tenha invadido um prédio público, realizado quebra-quebra de órgãos oficiais ou destruído plantações e centros de pesquisa. 
Parece que o exército vermelho de Lula já entrou em ação. Qual será o próximo alvo? O Pixulecão?

Pragmatismo sem limites
Programa partidário do PMDB ataca o PT, acusado de promover "luta fratricida" e diminuir aliados, e aponta a política econômica "equivocada" de Dilma como causa da crise ("Folha"). 
Partido de Michel Temer não erra no conteúdo, mas esbarra num detalhe fundamental: ele participa do consórcio petista, integrante que é do governo que hoje ataca. 
Portanto não dá para sentar na cadeira e atirar como se não tivesse nada com isso. 
Se discorda do governo, sai, rompe a aliança e vai pra oposição. Na política, "profissionalismo" demais cheira a extorsão.
 TRANSCRITO DO BLOG DO JEFFERSON:

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