sábado, 12 de outubro de 2013

ESTE PAÍS É MUITO MAIS "PODRE" DO QUE OBAMA FICOU SABENDO!

No Estadão:
Bruno Paes Manso e Marcelo Godoy

O crime organizado quer influenciar as decisões do Supremo Tribunal Federal e se infiltrar na corte. 
É o que demonstram as interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público.
A ação dos bandidos foi detectada pela primeira vez em 2010 e envolveu uma articulação entre pelo menos dois integrantes da Sintonia Final Geral, a cúpula da facção, e advogados que trabalhariam para a Sintonia dos Gravatas, o departamento jurídico do PCC.
No dia 28 de agosto de 2010, à 0h46, Daniel Vinícius Canônico, o Cego, conversou com uma advogada identificada pelo MPE como Maria Carolina Marrara de Matos. 
Ele reclama de que dificilmente um benefício legal é concedido aos detentos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde está a maior parte da cúpula da facção.
A advogada revela então o plano de reunir diversos recursos negados pela Justiça de São Paulo aos integrantes da facção, como pedidos de concessão do regime semiaberto. 
Diz a Cego que o "irmão" dela "foi chamado para trabalhar com um ministro, o (Ricardo) Lewandowski".
O Estado procurou entre os funcionários do gabinete do ministro algum que tivesse o mesmo sobrenome. 
Não encontrou. 
Também procurou a advogada nesta sexta-feira. 
Ela negou que conhecesse alguém no STF. 
Disse que seu irmão não trabalha lá. 
- "A acusação é um absurdo e eu tenho como provar", disse.
No telefonema, Cego pede que a advogada faça o que propõe e ela afirma que vai a Brasília falar com o ministro. 
Não há nenhuma indicação na investigação de que a conversa realmente tenha ocorrido.
Em 15 de setembro de 2010, os investigadores surpreenderam um dos maiores traficantes do PCC, Edilson Borges Nogueira, o Biroska, pedindo para sua mulher que procurasse uma advogada identificada como Lucy de Lima. 
A advogada devia contatar um político de Diadema, no Grande ABCD, para que ajudasse a obter benefícios no cumprimento de sua pena.
O político era um vereador da cidade - Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT). 
Ao Estado, Maninho disse que teve contato com Biroska apenas quando era criança, pois o pai dele ("Seu Nonô") era guarda da prefeitura de Diadema e o irmão é metalúrgico. 
Maninho militou no sindicato dos metalúrgicos. 
- "Repudio o PCC, mas gosto muito de seu Nonô." 
Maninho negou que tenha sido procurado pela advogada.
Biroska queria que o vereador testemunhasse em seu favor. 
A investigação não detectou se o político foi contactado pelo PCC. 
Biroska é o chefe do tráfico em Diadema. 
Dias antes (24 de agosto), Biroska conversa com uma mulher identificada como a advogada Lucy. 
Ela trata do recurso que está tentando para ajudar seu cliente e afirma que vai se encontrar com um ministro do STF. 
Ela quer tratar de um habeas corpus cujo relator, segundo o MPE, era Joaquim Barbosa - o ministro negou o habeas corpus.
Resistência. 
O Estado procurou ainda a advogada Lucy e deixou recado no telefone celular. 
Nenhuma das advogadas foi denunciada pelo MPE. 
A tentativa de influenciar os tribunais superiores teria como objetivo vencer as resistências encontradas pelos bandidos para a concessão de benefícios.

Nenhum comentário: