domingo, 7 de janeiro de 2018

LARGO DA BATATA, BOSQUE DA BATATA, LARGO DAS ARAUCÁRIAS. QUAL VOCÊ PREFERE?

Depois do bosque da Batata, voluntários criam o “Largo das Araucárias”
Mauro Calliari/ Estadão

A nova praça na região do Largo da Batata. Foto: M.Calliari

Eles fizeram de novo: os ativistas Ricardo Cardim, Nick Sabey, Sergio Reis, Guilherme Castanha, e Hamilton Cesar conceberam e, com ajuda de voluntários, num dia de dezembro, construíram um novo jardim na região do Largo da Batata.
O grupo já tinha conseguido mobilizar centenas de pessoas para limpar uma praça ao lado da Igreja no ano passado e plantar mais de 80 espécies de árvores. Alguns meses depois, as árvores estão crescendo frondosas, no bosque que o pessoal hoje chama de “Bosque da Batata”.

O bosque da Batata, crescendo. Foto: M.Calliari

A praça ao lado continuava abandonada, depois de ter sido um posto de gasolina. Cercada por tapumes, abrigava alguns casebres construídos por moradores em situação de rua.
O arranjo do grupo com a prefeitura foi formalizado por um contrato. Por ele, a Prefeitura Regional de Pinheiros ficou responsável por limpar o terreno e arranjar moradia, através de aluguel social, para os moradores do lugar.
O grupo de ativistas, por sua vez, desenhou e executou o jardim de chuva, um tipo de paisagismo que procura guardar e usar a água da chuva em vez de descartá-la na rede.

O jardim de chuva, um novo tipo de paisagismo. Foto: M.Calliari

O resultado é simpaticíssimo. No lugar onde antes havia entulho, hoje há uma pequena e agradável praça. O desenho do tal jardim de chuva, um dos primeiros da cidade, é original e calmante. Eles instalaram até um bom banquinho com encosto para quem quiser dar uma paradinha no burburinho da Paes Leme, um item muitas vezes esquecido em outras praças da cidade.
A notícia mais interessante, porém, é tudo isso ter sido feito com doações de tempo, dinheiro e trabalho, por pessoas que acreditam que a cidade merece o investimento.
O retorno do trabalho não é óbvio. 
O espaço público resultante é lindo, mas o preço é a eterna vigilância. 
Afinal, para cada pessoa que se encanta com a pracinha, há os que que jogam lixo, pisam ou descartam entulho.
No dia da minha visita à praça, funcionários de uma loja em frente tinham acabado de jogar um monte de entulho na praça. 
Sergio preparava-se para ir conversar com o comerciante e tentar convencê-lo de que todos ganhariam se o lugar em frente à loja ficasse limpo, se a praça fosse mais usada, se o espaço público fosse respeitado.
Quando não há uma educação comum para resolver os problemas, eles precisam ser discutidos. 
Pessoas como essas estão aprendendo a fazer isso na prática.
Espero sinceramente que eles consigam ir fazendo o trabalho de formiguinha para não apenas criar espaços de uso coletivo, mas principalmente mobilizar voluntários, patrocinadores e prefeitura a manter os espaços e ajudar as pessoas a frequentá-los e a cuidar deles, cotidianamente.
 

Nenhum comentário: