sábado, 7 de novembro de 2015

"ENTARDECENDO"


Vai passando outro dia,
mais um dia enrolado e desfeito
no rosário da existência.
Que vai sem voltar-se
porque não traz mais nada de volta;
nem a volta ou meia volta ele pode dar!
Quando some no horizonte uma luz,
logo aparece outra maior e mais brilhante
para devorar aquela que desvaneceu;
e então o dia deixa de existir,
rodopia, vira caco, tonteia e volatiza.
Desaparecem
as coisas que nem foram ganhas,
as horas que nem foram encontradas,
os desejos que se quedaram 
no peito, 
nos olhos, 
nas mãos ainda abertas
que tentam apanhar qualquer sonho
no ar já rarefeito.
Entardece e a alma chora,
mas o que se há de fazer?
Bobagem é alimentar as lágrimas
que bobos como nós guardamos.

- Luiza Válio - 

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