sexta-feira, 6 de novembro de 2015

JÁ OUVIU FALAR EM SARARÁ, MUCAJÁ?


Eta Brasilzão!
De norte a sul e de leste a oeste, tudo soa diferente, as frases tem outros sentidos, os objetos tem outras utilidades, os costumes são outros.
Parece que estamos em Ásia, em África, em Alemanha ou Tailândia, mas na verdade estamos muito próximos de nós mesmos.
Por exemplo, este texto de Alcinéa Cavalcante, publicado em 13 de fevereiro de 2014 em seu blog lembra muito o antigo Guapé, em São Miguel Arcanjo, no tempo em que as crianças nadavam em suas águas sem perigo algum, curtindo a vida do jeito que elas achavam melhor.
O Guapé de hoje já ceifou a vida de algumas pessoas.
Lembras quando a gente ia buscar sarará no canal?

 
Era assim o canal da Mendonça Junior na minha infância. E acreditem: era mais limpo que agora. 
Naquela época o povo era mais educado, não jogava lixo ali.
Lá a molecada fazia a festa tomando banho e juntando sarará (um bichinho que parece uma miniatura de caranguejo), muito usado em mingau de mucajá para anular uma espécie de gosma que essa fruta solta quando é amassada.
Minha vizinha, dona Lourdes, gostava de fazer esse mingau. 
E fazia como ninguém.
Quando era tempo de mucajá a molecada ficava na espreita e quando via chegar aqueles cachos enormes, geralmente trazidos pelo senhor Geraldo de uma comunidade aqui pertinho, a Ilha Redonda, a turma corria pro quintal da dona Lourdes e já se colocava à disposição para ajudar.
Essa ajuda consistia em ir catar sarará.
E a molecada toda ia – meninos e meninas – fazendo estripulias, pulando e correndo. 
Claro que toda essa felicidade não era só pelo desejo de ajudar ou pela vontade de tomar o delicioso mingau, feito na lenha, num panelão no fundo do quintal. 
Era por causa do banho no canal, das apostas para ver quem tinha mais fôlego, quem mergulhava por mais tempo, quem nadava mais rápido. 
E outras brincadeiras ditadas pela imaginação, como achar um tesouro (qualquer objeto) no fundo do mar (o próprio canal).
 
E-mail: alcinea.c@gmail.com / Macapá,Amapá

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