“A história de uma vida é por si mesma, sem decisão nem escolha, uma parte da história do Estado, cujas mediações clássicas são a família, o trabalho, a pátria, a propriedade, a religião, os costumes...
A projeção heroica, mas individual, de uma exceção a tudo isso – como é um processo de verdade – também quer estar em partilha com os outros, quer se mostrar não só como exceção, mas também como possibilidade agora comum a todos.
E esta é uma das funções da Ideia: projetar a exceção no comum das existências, preencher o que só faz existir com uma dose de inaudito.
Convencer meu entorno individual, esposo ou esposa, vizinhos, amigos e colegas, de que existe também a fabulosa exceção das verdades em devir, de que não estamos fadados à formatação de nossa existência pelas exigências do Estado.
É claro que, em última instância, apenas a experiência nua, ou militante, do processo de verdade, forçará a entrada desse ou daquele no corpo de verdade.
Mas para conduzi-lo ao ponto em que essa experiência ocorre, para torná-lo espectador e, portanto, já meio ator daquilo que importa para uma verdade, a mediação da Ideia, a partilha da Ideia são quase sempre necessárias.”
Quem escreveu este texto foi Alain Badiou; nascido em 1937 em Rabat, hoje é professor emérito da École Normale Supérieure de Paris, onde criou o Centre International d’Étude de la Philosophie Française Contemporaine.
Sempre foi ativista político, participou dos movimentos de 1968, foi membro-fundador do Parti Socialiste Unifié (PSU) e um dos dirigentes da L’Union des Communistes de France Marxiste-Léniniste (UCF-ML), grupo maoista francês.
Integra a Organisation Politique há três dércadas.
Filósofo, romancista, dramaturgo.
Alain Badiou está escrevendo um roteiro para Hollywood sobre a vida de Platão e quer o ator Brad Pitt no papel do filósofo grego.
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