segunda-feira, 30 de maio de 2022

Topo Gigio: Chove chuva (Jorge Ben Jor)

GENIVALDO NÃO USAVA CAPACETE. TERÁ SIDO UM BOLSONARISTA?

 


Estado criminoso comandado por Bolsonaro não pode ficar impune no caso da morte de Genivaldo de Jesus.
Por Redação Ucho.Info/27 de maio de 2022.



A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, durante abordagem policial na cidade de Umbaúba, na região sul de Sergipe, gerou indignação por parte de políticos, ativistas de direitos humanos e da sociedade civil.
Genivaldo, que fazia tratamento para esquizofrenia, morreu na tarde de quarta-feira (25) após ser trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde os agentes acionaram uma bomba de gás lacrimogêneo.
O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) afirma que Genivaldo morreu por insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica, segundo a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe.
“Foi identificado de forma preliminar que a vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia. A asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões”, destaca o laudo.
No boletim de ocorrência do incidente, os agentes da PRF afirmaram que a morte ocorreu “possivelmente devido a um mal súbito”.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, se pronunciou sobre o caso, dizendo ter ordenado que a Polícia Federal e a PRF investiguem a morte.
“Determinei a abertura de investigações pela Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal sobre a abordagem policial de ontem, em Sergipe. Nosso objetivo é esclarecer o episódio com a brevidade que o caso requer”, disse o ministro nesta quinta-feira.
No mesmo dia, a PRF informou que decidiu afastar das atividades de policiamento os agentes envolvidos na ação e instaurou processo disciplinar para esclarecer o incidente.
“A Polícia Rodoviária Federal informa que está comprometida com a apuração inequívoca das circunstâncias relativas à ocorrência no estado de Sergipe, colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação”, afirmou a corporação em nota.
A justificativa da PRF é torpe e sugere que os integrantes da corporação, apostando na impunidade, agem com base nos discursos criminosos e descabidos do presidente Jair Bolsonaro, que na terça-feira (24) cumprimento os policiais – PM do Rio de Janeiro e PRF – que comandaram uma matança na Vila Cruzeiro, na zona norte da capital fluminense. A ação policial resultou na morte de 23 pessoas, sendo que 11 delas não tinham antecedentes criminais ou respondiam a ação penal.

Estado criminoso
Genivaldo foi parado pelos agentes da PRF por dirigir uma motocicleta sem usar capacete, o que é obrigatório segundo as leis de trânsito vigentes. Em que pese o fato de a prática ser proibida, a truculência da abordagem é injustificável, principalmente porque foram adotadas práticas de um Estado criminoso, no caso comandado por Bolsonaro.
Por outro lado, reza a Constituição em seu artigo 5º (caput) que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Em muitas “motociatas”, ilegais eventos de campanha, o presidente da República não usou o equipamento de segurança, mas nenhum policial ousou incomodá-lo por causa da infração.
Bolsonaro é um descontrolado que chafurda na vala da delinquência intelectual e não mede as consequências dos seus atos e declarações. Ao não usar capacete nas “motociatas”, Bolsonaro passa a mensagem de que o equipamento de segurança é desnecessário. Aliás, o presidente já defendeu que a obrigação do uso do capacete seja abolida.
Por outro lado, ao comemorar a matança na Vila Cruzeiro, com direito a cumprimento aos policiais que participaram da criminosa operação, Bolsonaro deixa a mensagem de que matar a esmo é permitido em um país que está se transformando em terra sem lei. Não por acaso, o presidente da República insiste na absurda tese do excludente de ilicitude, que permite aos policiais se transformarem em executores, como se vivêssemos sob a tutela do ditador Kim Jong-un.
A desfaçatez de Jair Bolsonaro é tamanha, que, ao ser questionado sobre o caso, ousou dizer que precisaria se inteirar do que aconteceu em Sergipe. A morte de Genivaldo de Jesus teve grande repercussão e foi manchete em diversos veículos de imprensa internacionais.

Imagens chocantes
Um vídeo feito por moradores mostra quatro policiais rodoviários federais usando força para dominar Genivaldo de Jesus, trancado ainda vivo no porta-malas da viatura. Fumaça da bomba de gás lacrimogêneo é vista saindo da viatura. Os pés da vítima estão para fora do carro, enquanto os agentes seguram a porta traseira para manter a vítima dentro da viatura.
De acordo com a versão das autoridades, Genivaldo “resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF”. Devido à “agressividade” do homem, os agentes teriam empregado “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção”.
Contudo, pessoas que acompanharam na abordagem policial afirmam que Genivaldo havia cumprido as ordens dos policiais. Os agentes também teriam sido alertados para os problemas psiquiátricos do homem.
Na manhã de quinta-feira, moradores de Umbaúba realizaram um protesto contra a morte de Genivaldo, erguendo cartazes com frases como “esse crime não pode ficar impune”. Pneus foram queimados e algumas vias, interditadas.

Reações
“Um homem negro foi morto asfixiado em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, na cidade de Umbaúba, em Sergipe. Os agentes transformaram o carro em uma câmara de gás. Violência, crueldade, racismo! Os responsáveis têm que responder por esse crime bárbaro”, afirmou a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) em redes sociais, acrescentando que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) por uma “investigação rigorosa”.
O deputado federal Padre João (PT-MG), membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, chamou a morte de “barbárie” e fez referência ao nazismo ao também mencionar uma câmara de gás. “Agentes da Polícia Federal usam método nazista e matam Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em câmara de gás da viatura, em Sergipe. Que haja justiça. Isto não pode ficar assim.”
Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e pré-candidato a deputado federal pelo Psol, descreveu a morte de Genivaldo como “uma das cenas mais bárbaras do Brasil bolsonarista”.
“Transformaram a viatura numa câmara de gás. Ainda é possível que sejam elogiados pelo presidente, como os policiais da chacina no Rio. Esses assassinos sádicos têm que ser presos. Minha solidariedade aos familiares de Genivaldo”, escreveu o ex-candidato à Presidência.
Já a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que “a violência policial sistemática contra negros já passou dos limites: Genivaldo não foi o primeiro, mas deveria ser o último”.
A vereadora Erika Hilton (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de São Paulo e pré-candidata a deputada federal, denunciou que as “forças de segurança pública se tornaram agentes da morte no Brasil”. “É preciso se revoltar contra esta política de extermínio da população preta e periférica!”, acrescentou.
Hilton e a vereadora Linda Brasil (Psol), de Aracaju (SE), enviaram um apelo urgente ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU pedindo que o órgão acompanhe as investigações do caso no Brasil e garanta a independência dos inquéritos.
Já o Instituto Marielle Franco informou ter enviado um ofício à Procuradoria da República em Sergipe “solicitando providências urgentes no procedimento investigativo” do caso.
“Um homem negro jogado em um porta-malas e asfixiado até a morte. O ano é 2022 e o Estado é responsável por torturar e assassinar mais um corpo negro. O governo de Sergipe tem que agir imediatamente para uma responsabilização séria e imediata!”, disse o instituto no Twitter, onde compartilhou um vídeo de protestos em Umbaúba contra o assassinato.
A Coalizão Negra por Direitos também denunciou o aspecto racista do crime em Sergipe. “É aterrorizante e inadmissível agentes do Estado asfixiarem um homem negro e o trancarem em um porta-malas, como aconteceu em Sergipe. Mais uma vez o Estado racista é o responsável por um corpo negro torturado e assassinado.”
O advogado Thiago Amparo, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV-SP, chamou de “cinismo macabro” o fato de a PRF ter reconhecido o uso de gás lacrimogêneo na viatura, mas apontar que a morte ocorreu por mal súbito.
Vários artistas também compartilharam mensagens indignadas nas redes sociais pedindo justiça por Genivaldo. Para a atriz Camila Pitanga, “não foi fatalidade, foi execução”.
“Policiais rodoviários federais imobilizaram um homem que portava apenas seus remédios para transtorno mental e em decorrência de toda violência sofrida, ele morreu”, disse em rede social. “A polícia protege a quem? A custo de quantas vidas inocentes?”
O ator Fabio Assunção também se pronunciou, afirmando no Twitter que Genivaldo foi “assassinado pela PRF”: “Foi ofendido, jogado no chão, com a já habitual imobilização racista – joelho-no-pescoço. Imobilizado e jogado no porta-malas da viatura. Fecharam a porta com suas pernas para fora e então foi exposto a um gás que o matou. Asfixiaram ele. Assim, a céu aberto.”

ARGEMIRO DE TOLEDO FILHO - EX-PRACINHA



FALECIMENTO: 29/05/2022,ÀS 17h28, EM ITAPETININGA – SP.
97 ANOS, EX-COMBATENTE DO EXÉRCITO, VIÚVO DE JENI VIEIRA DE TOLEDO, FILHO DE ARGEMIRO DE TOLEDO E CELESTINA DE ARRUDA TOLEDO, DEIXA OS FILHOS: TERESINHA, VERA LÚCIA E RITA DE CÁSSIA.
VELÓRIO: CÂMARA MUNICIPAL DE ITAPETININGA.
SEPULTAMENTO: 30/05/2022, ÀS 16h00, NO CEMITÉRIO DO SANTÍSSIMO, EM ITAPETININGA.

F. Camargo.




AH, MÍRIAM MONTE!


*O MINISTRO DA EDUCAÇÃO AFIRMOU QUE O NORDESTE NÃO PRECISA TER AULAS DE FILOSOFIA. 
A RESPOSTA VEIO RÁPIDA NUM EXCELENTE TEXTO DE MÍRIAM MONTE!!!*

*Filosofia Nordestina*
Perdoem-me a intromissão,
Mas tem razão o Ministério da Educação.
Se o nordestino continuar filosofando,
Será um disparate, será desumano!
Imagine se surgisse outro Graciliano,
Uma nova Raquel de Queiroz...
O que seria de nós?!
O Brasil perderia as estribeiras!
Já pensou se resgatarem a Nise da Silveira?
Ah, meu pai amado, meu Jorge Amado!
Nem cravo e canela resolvem a querela!
“Parem o mundo que quero descer”,
Quero consignar essa queixa,
Parafraseando Raul Seixas.
E se os estudantes falarem versos
Contarem prosas,
Ou citarem Rui Barbosa?
Ariano Suassuna que assuma essa ciranda,
Porque nem Pontes de Miranda
Conseguiria solucionar!
E nem se fale em José de Alencar:
Imagine se “O Guarani” fosse uma trilogia!
Teríamos versos em tupi, na poesia!
Vou encerrar com Tobias Barreto,
Eu prometo!
Ou melhor seria com Castro Alves?
Que os anjos nos salvem!
Esse povo do Nordeste
É povo de muita sabedoria...
Imagina se nas escolas
Ensinarem filosofia?

- Via Vera Hirschmann, do face.

"DEI PORRADA EM TODO MUNDO..."

POVO PARVO!

 

QUE JESUS ESSE QUE O POVO PROCURA, SAUDANDO UM MILICIANO?




OLÁ!


BOM DIA PRA QUEM SE GOSTA!
BOM DIA PRA QUEM AMA O TEMPO MESMO SEM SOL!
BOM DIA PROS MAIS VELHOS SEMPRE JOVENS!
BOM DIA PRA FAMÍLIA QUE NÃO É PERFEITA, MAS NORMAL!
BOM DIA PROS SONHOS DE ONTEM E DE HOJE, QUE ELES VINGARÃO!



JOSÉ GARCIA DOS SANTOS


DATA/LOCAL DO FALECIMENTO: 29/05/2022, ÀS 18h11, EM SÃO MIGUEL ARCANJO-SP.
78 ANOS, APOSENTADO, SOLTEIRO, FILHO DE DAMILIO GARCIA DOS SANTOS E ELISA MARIA DOS SANTOS, DEIXA A FILHA MARIA DAS DORES.
VELÓRIO: CAMARGO-UNIDADE SÃO MIGUEL ARCANJO-GRAMADÃO, COM INICIO ÀS 09h00 DO DIA 30/05/2022.
SEPULTAMENTO: 30/05/2022, ÀS 16h00, NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.



domingo, 29 de maio de 2022

PARA PASSAR O TEMPO:



Divirtam-se.






























In Peregrina Cultural.

" AS TRÊS IDADES DO HOMEM"




As três idades do homem, c. 1510

Giorgione ( Itália, 1477-1510)
Óleo sobre tela/Palazzo Piti, Galleria Palatina, Florença.

CONHECE CONCEIÇÃO EVARISTO?







Conceição Evaristo por Conceição Evaristo

Sou mineira, filha dessa cidade, meu registro informa que nasci no dia 29 de novembro de 1946. Essa informação deve ter sido dada por minha mãe, Joana Josefina Evaristo, na hora de me registrar, por isso acredito ser verdadeira. Mãe, hoje com os seus 85 anos, nunca foi mulher de mentir. Deduzo ainda que ela tenha ido sozinha fazer o meu registro, portando algum documento da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Uma espécie de notificação indicando o nascimento de um bebê do sexo feminino e de cor parda, filho da senhora tal, que seria ela. Tive esse registro de nascimento comigo durante muito tempo. Impressionava-me desde pequena essa cor parda. Como seria essa tonalidade que me pertencia? Eu não atinava qual seria. Sabia sim, sempre soube que sou negra.
Quanto a ela ir sozinha, ou melhor, solitária para o cartório me registrar é uma dedução minha tirada de alguns fatos relativos à vida de meu pai. Aliás, de meu pai conheço pouco, pouquíssimo.
Em compensação, sei um pouco mais, daquele que considero como sendo meu pai. Dele sei o nome todo. Aníbal Vitorino e a profissão, pedreiro. Meu padrasto Aníbal, quando chegou a nossa casa, minha mãe cuidava de suas quatro filhas sozinha. Maria Inês Evaristo, Maria Angélica Evaristo, Maria da Conceição Evaristo e Maria de Lourdes Evaristo. Bons tempos, o de nós meninas. Minha mãe se constituiu, para mim, como algo mais doce de minha infância. O que mais me importava era a sua felicidade. Um misto de desespero, culpa e impotência me assaltava quando eu percebia os sofrimentos dela. Minha mãe chorava muito, hoje não. Tem uma velhice mais tranquila. Meu padrasto completou 86 anos e vive ao lado dela.
Depois das quatro meninas, minha mãe teve mais cinco meninos, meus irmãos, filhos de meu padrasto.
A ausência de um pai foi dirimida um pouco pela presença de meu padrasto, mas, sem dúvida alguma, o fato de eu ter tido duas mães suavizou muito o vazio paterno que me rondava. Aos sete anos, fui morar com a irmã mais velha de minha mãe, minha tia Maria Filomena da Silva. Ela era casada com Antonio João da Silva, o Tio Totó, viúvo de outros dois casamentos. Não tiveram filhos. Fui morar com eles, para que a minha mãe tivesse uma boca a menos para alimentar. Os dois passavam por menos necessidades, meu Tio Totó era pedreiro e minha Tia Lia, lavadeira como minha mãe. A oportunidade que eu tive para estudar surgiu muito da condição de vida, um pouco melhor, que eu desfrutava em casa dessa tia. As minhas irmãs enfrentavam dificuldades maiores.
Mãe lavadeira, tia lavadeira e ainda eficientes em todos os ramos dos serviços domésticos. Cozinhar, arrumar, passar, cuidar de crianças. Também eu, desde menina, aprendi a arte de cuidar do corpo do outro. Aos oito anos surgiu meu primeiro emprego doméstico e ao longo do tempo, outros foram acontecendo. Minha passagem pelas casas das patroas foi alternada por outras atividades, como levar crianças vizinhas para escola, já que eu levava os meus irmãos. O mesmo acontecia com os deveres de casa. Ao assistir os meninos de minha casa, eu estendia essa assistência às crianças da favela, o que me rendia também uns trocadinhos. Além disso, participava com minha mãe e tia, da lavagem, do apanhar e do entregar trouxas de roupas nas casas das patroas. Troquei também horas de tarefas domésticas nas casas de professores, por aulas particulares, por maior atenção na escola e principalmente pela possibilidade de ganhar livros, sempre didáticos, para mim, para minhas irmãs e irmãos.
Conseguir algum dinheiro com os restos dos ricos, lixos depositados nos latões sobre os muros ou nas calçadas, foi um modo de sobrevivência também experimentado por nós. E no final da década de 60, quando o diário de Maria Carolina de Jesus, lançado em 58, rapidamente ressurgiu, causando comoção aos leitores das classes abastadas brasileiras, nós nos sentíamos como personagens dos relatos da autora. Como Carolina Maria de Jesus, nas ruas da cidade de São Paulo, nós conhecíamos nas de Belo Horizonte, não só o cheiro e o sabor do lixo, mas ainda, o prazer do rendimento que as sobras dos ricos podiam nos ofertar. Carentes de coisas básicas para o dia a dia, os excedentes de uns, quase sempre construídos sobre a miséria de outros, voltavam humilhantemente para as nossas mãos. Restos.
Minha mãe leu e se identificou tanto com o Quarto de Despejo, de Carolina, que igualmente escreveu um diário, anos mais tarde. Guardo comigo esses escritos e tenho como provar em alguma pesquisa futura que a favelada do Canindé criou uma tradição literária. Outra favelada de Belo Horizonte seguiu o caminho de uma escrita inaugurada por Carolina e escreveu também sob a forma de diário, a miséria do cotidiano enfrentada por ela.
Em minha casa, todos nós estudamos em escolas públicas. Minha mãe sempre cuidadosa e desejosa que aprendêssemos a ler, nos matriculou no Jardim de Infância Bueno Brandão e no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, duas escolas públicas que atendiam a uma clientela basicamente da classe alta belorizontina. Ela optou por nos colocar nessas escolas, distantes de nossa moradia, embora houvesse outras mais perto, porque já naquela época, as escolas situadas nas zonas vizinhas às comunidades pobres ofereciam um ensino diferenciado para pior.
Foi em uma ambiência escolar marcada por práticas pedagógicas excelentes para uns, e nefastas para outros, que descobri com mais intensidade a nossa condição de negros e pobres. Geograficamente, no Curso Primário experimentei um “apartaid” escolar. O prédio era uma construção de dois andares. No andar superior, ficavam as classes dos mais adiantados, dos que recebiam medalhas, dos que não repetiam a série, dos que cantavam e dançavam nas festas e das meninas que coroavam Nossa Senhora. O ensino religioso era obrigatório e ali como na igreja os anjos eram loiros, sempre. Passei o Curso Primário, quase todo, desejando ser aluna de umas das salas do andar superior. Minhas irmãs, irmãos, todos os alunos pobres e eu sempre ficávamos alocados nas classes do porão do prédio. Porões da escola, porões dos navios. Entretanto, ao ser muito bem aprovada da terceira para a quarta série, para minha alegria fui colocada em uma sala do andar superior. Situação que desgostou alguns professores. Eu, menina questionadora, teimosa em me apresentar nos eventos escolares, nos concursos de leitura e redação, nos coros infantis, tudo sem ser convidada, incomodava vários professores, mas também conquistava a simpatia de muitos outros. Além de minhas inquietações, de meus questionamentos e brigas com colegas, havia a constante vigilância e cobrança de minha mãe à escola. Ela ia às reuniões, mesmo odiando o silêncio que era imposto às mães pobres e quando tinha oportunidade de falar soltava o verbo.
Ao terminar o primário, em 1958, ganhei o meu primeiro prêmio de literatura, vencendo um concurso de redação que tinha o seguinte título: “Por que me orgulho de ser brasileira”. Quanto à beleza da redação, reinou o consenso dos professores, quanto ao prêmio, houve discordâncias. Minha passagem pela escola não tinha sido de uma aluna bem-comportada. Esperavam certa passividade de uma menina negra e pobre, assim como da sua família. E não éramos. Tínhamos uma consciência, mesmo que difusa, de nossa condição de pessoas negras, pobres e faveladas.
Durante toda a primeira infância, até ali por volta dos 10 ou 11 anos, morou conosco, em um quartinho à parte, um tio materno, Osvaldo Catarino Evaristo. Esse meu tio havia servido à pátria, lutado na Itália, na Segunda Guerra Mundial. Ao retornar ao Brasil, lhe foi oferecido um cargo de servente na Secretaria de Educação. Ao longo dos anos ele estudou, desenvolvendo seus dons de poeta, desenhista e artista plástico. E, mais do que isto, foi sempre um consciente questionador da situação do negro brasileiro. Repito sempre que a ele devo as minhas primeiras lições de negritude.
Ao terminar o Primário, fiz um Curso Ginasial cheio de interrupções e, a partir dos meus 17 anos, vivi intensamente discussões relativas à realidade social brasileira. Foi quando me inseri no movimento da JOC, (Juventude Operária Católica) que, como outros grupos católicos, promovia reflexões que visavam comprometer a Igreja com realidade brasileira. Entretanto, as questões étnicas só entrariam objetivamente em minhas discussões na década de 70, quando parti para o Rio de Janeiro.
Em 73, com ajuda de amigos, imigrei para o Rio de Janeiro, antigo Estado da Guanabara, depois de ter feito concurso naquele mesmo ano, para professora primária. Eu havia terminado o Curso Normal no Instituto de Educação de Minas Gerais, em 71. Tinha sido um período particularmente difícil para minha família e outras que estavam sofrendo com um plano de desfavelamento, que nos enviava para a periferia da cidade. Ao distanciarmos do centro de Belo Horizonte, não tínhamos nada, a não ser uma pobreza maior. Então, com um diploma de professora nas mãos e sem qualquer possibilidade de dar aulas em Belo Horizonte, parti de “mala e cuia” para o Rio de Janeiro. Entrar para a carreira de magistério, naquela época, dependia de ser indicado por alguém e as nossas relações com as famílias importantes de Belo Horizonte estavam marcadas pela nossa condição de subalternidade. Aliás, nesse sentido, gosto de dizer que a minha relação com a literatura começa nos fundos das cozinhas alheias. Minha mãe, tias e primas trabalharam em casas de grandes escritores mineiros ou nas casas de seus familiares. Digo mesmo que o destino da literatura me persegue...
Gosto, entretanto, de enfatizar, não nasci rodeada de livros, do tempo/espaço aprendi desde criança a colher palavras. A nossa casa vazia de bens materiais era habitada por palavras. Mamãe contava, minha tia contava, meu tio velhinho contava, os vizinhos e amigos contavam. Tudo era narrado, tudo era motivo de prosa-poesia, afirmo sempre. Entretanto, ainda asseguro que o mundo da leitura, o da palavra escrita, também me foi apresentado no interior de minha família que, embora constituída por pessoas em sua maioria apenas semi-alfabetizadas, todas eram seduzidas pela leitura e pela escrita. Tínhamos sempre em casa livros velhos, revistas, jornais. Lembro-me de nossos serões de leitura. Minha mãe ou minha tia a folhear conosco o material impresso e a traduzir as mensagens. E eu, na medida em que crescia e ganhava a competência da leitura, invertia os papeis, passei a ler para todos. Ali pelos meus onze anos, ganhei uma biblioteca inteira, a pública, quando uma das minhas tias se tornou servente daquela casa-tesouro, na Praça da Liberdade. Fiz dali a minha morada, o lugar onde eu buscava respostas para tudo. Escrevíamos também, bilhetes, anotações familiares, orações...
Na escola eu adorava redações do tipo: ”Onde passei as minhas férias”, ou ainda, “Um passeio à fazenda do meu tio”, como também, “A festa de meu aniversário”. A limitação do espaço físico e a pobreza econômica em que vivíamos eram resolvidas por meio de uma ficção inocente, único meio possível que me era apresentado para viver os meus sonhos. Se naquela época eu não tinha nenhuma possibilidade concreta de romper com o círculo de imposições que a vida nos oferecia, nada, porém freava os meus desejos. Eu menina, dona de uma tenaz esperança e de uma sabedoria precoce, reconhecia que a vida não poderia ser somente aquele pouco que nos era oferecido. Se muito de minha infância pobre, muito pobre, me doía, havia felicidades também incontáveis. As margaridas, as dálias e outras flores de nosso pequeno jardim. As frutas nos pés a matar a nossa fome. Os bolinhos de comida que mãe amassava com as mãos e enfiava em nossas bocas. As bonecas de capim ou bruxas de panos que nasciam com nome e história de suas mãos. O céu, as nuvens, as estrelas, sinais do infinito que minha e mãe e tia nos ensinaram a olhar e a sentir. E desse assuntar a vida, que foi ensinado por elas, ficou essa minha mania de buscar a alma, o íntimo das coisas. De recolher os restos, os pedaços, os vestígios, pois creio que a escrita, pelo menos para mim, é o pretensioso desejo de recuperar o vivido. A escrita pode eternizar o efêmero...
Nesse sentido, o que a minha memória escreveu em mim e sobre mim, mesmo que toda a paisagem externa tenha sofrido uma profunda transformação, as lembranças, mesmo que esfiapadas, sobrevivem. E na tentativa de recompor esse tecido esgarçado ao longo do tempo, escrevo. Escrevo sabendo que estou perseguindo uma sombra, um vestígio talvez. E como a memória é também vítima do esquecimento, invento, invento. Inventei, confundi Ponciá Vicêncio nos becos de minha memória. E dos becos de minha memória imaginei, criei. Aproveitei a imagem de uma velha Rita que eu havia conhecido um dia. E ainda desses mesmos becos, posso ter tirado de lá Ana e Davenga. Quem sabe Davenga não era primo de Negro Alírio? E por falar em becos da memória, voltei hoje de manhã à Rua Albita. Outra. Dali só reconheci a terra. Sim a terra, o pó, o barranco sobre o qual está edificado o “Mercado Cruzeiro”, no final da rua. Observei que a edificação do prédio conservou na base, parte do barranco sem cimentá-lo. Pude contemplar o solo, base da base da construção. Em um ponto qualquer daquele espaço, literalmente está enterrado o meu umbigo. Sem que ninguém percebesse alisei o chão e catei alguns fragmentos. Tive um desejo louco de tocar as minhas mãos com a boca. Era ali que a minha mãe desenhava o sol para chamá-lo à terra, quando tempo estava encharcado de chuva e as nossas latas vazias de alimento. Mas abaixo está a escultura de dois homens. Eles estão com os braços abertos, meio suspensos, com os gestos largos, insinuando que estão a caminhar em frente. Pensei: se eles derem uns poucos passos chegarão à torneira pública, em que apanhávamos água e as lavadeiras, como minha mãe e tia, desenvolviam seus trabalhos.
O pequeno monumento que foi erguido, não em memória aos antigos e primeiros da área, se chama “Otimismo”. Não sei por que pensei em nossos mortos, em todas as pessoas que viveram ali. E agradeci à vida o momento que estou vivendo agora. Impliquei com nome dado à escultura e fiquei curiosa. Qual seria o motivo daquela estátua? E porque o nome “Otimismo”? Outros nomes e sentidos me vieram à mente. Um deles insiste: resistência, resistência, resistência...
Escrevo. Deponho. Um depoimento em que as imagens se confundem, um eu-agora a puxar um eu-menina pelas ruas de Belo Horizonte. E como a escrita e o viver se con(fundem), sigo eu nessa escrevivência a lembrar de algo que escrevi recentemente:
“O olho do sol batia sobre as roupas estendidas no varal e mamãe sorria feliz. Gotículas de água aspergindo a minha vida-menina balançavam ao vento. Pequenas lágrimas dos lençóis. Pedrinhas azuis, pedaços de anil, fiapos de nuvens solitárias caídas do céu eram encontradas ao redor das bacias e tinas das lavagens de roupa. Tudo me causava uma comoção maior. A poesia me visitava e eu nem sabia...”

Conceição Evaristo
Depoimento no I Colóquio de Escritoras Mineiras
Belo Horizonte, Maio de 2009

sábado, 28 de maio de 2022

SIMPLESMENTE VAN GOGH:

 

Muito mais que girassóis: naturezas mortas de Van Gogh - in peregrina cultural.



Ramo de amendoeira em flor, 1888
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 24 x 19 cm
Van Gogh Museum, Amsterdã



Natureza morta com cardo, 1890
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 40 x 35 cm
Coleção Particular



Rosas, 1890
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 93 x 74 cm
Metropolitan Museum of Art.



Natureza morta com margaridas e papoulas , 1890
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 50 x 65 cm
Coleção Particular



Natureza morta com jarra de cerâmica e flores do campo, 1888
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 55 x 46 cm
Barnes Foundation, Filadélfia



Natureza morta com fritilárias em jarro de bronze, 1887
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 76 x 60 cm
Musée d’Orsay



Natureza morta, 1887
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 41 x 38 cm
Van de Heydt Museum, Wuppertal



Natureza morta com liláses, margaridas e anêmonas,1887
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 46 x 37 cm
Coleção Particular, Genf



Vaso com três girassóis,1888
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 73 x 58 cm
Coleção Particular, EUA



Vaso de flores,1890
Vincent van Gogh (Holanda,1853-1890)
óleo sobre tela, 42 x 29 cm
Van Gogh Museum, Amsterdã.

Reinaldo: Lula não foi inocentado; é inocente!

EXTRA! EVANGÉLICOS: ADEUS BOLSONARO! Deputada sobre descontrole do "Pre...

PEDRO GARCIA DOS SANTOS



FALECIMENTO: 27/05/2022, ÀS 22h02, EM SÃO MIGUEL ARCANJO-SP.
67 ANOS, APOSENTADO, CASADO COM RUTE GARCIA DOS SANTOS, FILHO DE AVELINO GARCIA DOS SANTOS E MARIA BENEDITA GARCIA, DEIXA OS FILHOS: ELIAS, SUELLEN E CLEITON.
VELÓRIO: CAMARGO- UNIDADE SÃO MIGUEL ARCANJO- GRAMADÃO, COM INÍCIO ÀS 09h00 DO DIA 28/05/2022.
SEPULTAMENTO: 28/05/2022, ÀS 17h00, NO CEMITÉRIO DO BAIRRO GRAMADINHO, EM ITAPETININGA.

F. Camargo.



sexta-feira, 27 de maio de 2022

"CANÇÃO DA PRIMAVERA"

 

poema de Mário Quintana




Catavento, de Luciana Teruz (Brasil 1961)

Canção da Primavera
(Para Érico Veríssimo)

Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
Catavento enlouqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.
Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo…
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!

Mário Quintana/ Canções, 1946
Mário de Miranda Quintana – (RS 1906 – RS 1994) poeta, tradutor e jornalista.
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DATAFOLHA DÁ LULA!

 

Datafolha: Lula tem 48% no 1º turno, contra 27% de Bolsonaro; no segundo, 58% contra 33%.
Por Redação Ucho.Info/26 de maio de 2022



A mais recente pesquisa do instituto Datafolha sobre a sucessão presidencial, divulgada nesta quinta-feira (26) pelo jornal “Folha de S.Paulo”, revela que o ex-presidente Lula lidera com 48% das intenções de voto, contra 27% do presidente Jair Bolsonaro, que busca a reeleição.
O Datafolha apresentou aos entrevistados os seguintes pré-candidatos: Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante), Simone Tebet (MDB), Luciano Bivar (União Brasil), Felipe D’Ávila (Novo), Eymael (DC), Pablo Marçal (Pros), General Santos Cruz (Podemos), Leonardo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU).
Além de Lula e Bolsonaro, que cristalizam a polarização na corrida ao Palácio do Planalto, na sequência aparecem Ciro Gomes com 7% das intenções de voto, Simone Tebet com 2%, André Janones (2%), Pablo Marçal (1%) e Vera Lúcia (1%). A pesquisa mostra que 7% dos entrevistados declararam voto branco ou nulo, enquanto 4% disseram não saber em quem votar. Os pré-candidatos Felipe d’Avila, Sofia Manzano, Leonardo Péricles, Eymael, Luciano Bivar e General Santos Cruz não pontuaram.
Considerada a margem de erro da pesquisa que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, não se deve descartar a possibilidade de a eleição presidencial ser decidida no primeiro turno, caso prevaleça o cenário atual e novas alianças políticas sejam feitas.
Em eventual segundo turno, o Datafolha revela que o ex-presidente Lula ampliou a vantagem em relação ao atual chefe do Executivo federal. O petista aparece com 58% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro. A diferença é de 25 pontos percentuais. Na pesquisa anterior, realizada em março, Lula tinha 55% e Bolsonaro, 34%, diferença de 21 pontos percentuais. Ao instituto de pesquisa, 8% dos entrevistados disseram que votariam em branco ou nulo (eram 10% na pesquisa anterior), ao passo que 1% não sabe em quem votar (mesmo índice do levantamento anterior).
Na simulação de um segundo turno entre Lula e Ciro Gomes, o petista aparece com 55% (54% na pesquisa anterior) e o pedetista tem 29% (28% no levantamento anterior). Brancos e nulos (15%), não sabe (1%).
Em eventual segundo turno entre Ciro Gomes e Jair Bolsonaro, o pré-candidato do PDT aparece com 52% das intenções de voto (46% na pesquisa anterior), contra 36% do atual presidente da República (37% no levantamento anterior). Brancos e nulos nesse cenário somam 10% (16% na pesquisa anterior), enquanto 2% dos entrevistados não sabem em quem votar (1% na pesquisa anterior).
A pesquisa ouviu 2.556 pessoas entre os dias 25 e 26 de maio em 181 cidades brasileiras. Como citado acima, a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

CAÇA E CAÇADOR

 

Após matança na Vila Cruzeiro, PM do Rio tem de lidar com prisão de 9 policiais que favoreciam traficantes.
Por Redação Ucho.Info/26 de maio de 2022.



Dois dias após o secretário de Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, culpar o Supremo Tribunal Federal (STF) pela migração de criminosos para o estado, argumento pífio usado para justificar a matança na comunidade de Vila Cruzeiro, na zona norte carioca, a corporação sofreu um duro golpe nesta quinta-feira (26), confirmando matéria do UCHO.INFO.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Corregedoria da PM fluminense prenderam nesta quinta-feira nove policiais militares no âmbito da Operação Mercenários. Ao todo, 11 policiais eram procurados por corrupção, tortura, peculato e concussão – quando um funcionário público se vale do cargo para obter vantagens indevidas.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP-RJ) afirmou que o grupo sequestrava criminosos mediante tortura e pagamento de resgate, vendia armas, vazava informações sobre operações policiais e fazia “troia”, espécie de tocaia para surpreender traficantes.
O MP-RJ cita como exemplo caso em que quatro dos denunciados exigiram R$ 1 milhão de Léo Marrinha, chefe do tráfico dos morros Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, para não ser preso.
Entre os investigados, estão o comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), tenente-coronel André Araújo de Oliveira, que foi afastado; e o chefe do Serviço Reservado (P2) do batalhão, capitão Anderson Santos Orrico. Contra a dupla havia mandados de busca e apreensão. Na casa de Orrico foram apreendidos R$ 96 mil, na sala utilizada pelo militar no batalhão o MP apreendeu R$ 37 mil em espécie.
Na casa do subtenente Antônio Carlos dos Santos Alves, também lotado no Batalhão de Duque de Caxias, agentes apreenderam armas longas, munição, radiocomunicadores, joias e R$ 120 mil em espécie.
A Secretaria de Polícia Militar informou que colabora com as investigações. “A secretaria e o MPRJ atuam conjuntamente para cumprimento de mandados de prisão e mandados de busca e apreensão em desfavor de policiais militares”, afirmou, em nota.
“Preventivamente, o comandante do 15º BPM foi afastado da unidade visando à isenção no andamento do caso. A Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e tem como objetivo a apuração dos fatos”, completa o documento.
Em relação à irresponsável operação policial na Vila Cruzeiro, a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro e que até o momento deixou 23 mortos, informamos anteriormente que não apenas traficantes de drogas agem nas comunidades, mas também milícias, onde alguns policiais militares ocupam postos de comando na estrutura criminosa.
Omisso e passando ao largo de suas obrigações, o Estado permite que o crime organizado se instale em regiões onde prevalece o caos social, como é o caso da Vila Cruzeiro, que abriga em sua extensa maioria pessoas honestas e trabalhadoras.
O crime precisa ser combatido de maneira firme e contínua, sempre a partir da inteligência policial, mas substituir o fracasso das políticas de segurança por execuções é atestar que o Estado deixou de existir.
Independentemente de os alvos das operações policiais terem ligações com o tráfico de drogas ou antecedentes criminais, o poder público tem o dever legal de prender, julgar e condenar, ao mesmo tempo em que é responsável pela recuperação do apenado.
Uma matança a três meses das eleições soa estranho e serve para turbinar as campanhas dos que diuturnamente ignoram os direitos humanos. Se a omissão criminosa do Estado causa asco, o perigo que ronda a democracia é preocupante. 

[Fotos: operacao_mercenarios_1001 & operacao_mercenarios_2001]

PIVETE!

 

Bolsonaro elogiou matança na Vila Cruzeiro, agora diz que “ninguém admite ninguém executar ninguém”.
Por Redação Ucho.Info/27 de maio de 2022.




Dono de essência truculenta, apesar de a toda hora invocar o nome de Deus, o presidente Jair Bolsonaro é movido por desfaçatez que causa repulsa. Em vídeo publicado em 2015, quando ainda exercia mandato de deputado federal, Bolsonaro afirmou que violência se combate com violência, não com bandeiras dos direitos humanos, como as defendidas pela Anistia Internacional.
À época, questionado sobre o fato de que a polícia brasileira é a que mais mata em todo o planeta, Bolsonaro se irritou e disse ser pouco diante da criminalidade existente no País. “Eu acho que essa Polícia Militar do Brasil tinha que matar é mais. Quase metade dessas mortes são em combate, em missão. Então, a Anistia Internacional está na contramão do que realmente precisa a segurança pública do nosso país”, declarou.
“Esses canalhas tinham que ensinar na prática como o policial militar tem que agir. O policial vai ter que decidir entre reagir e ir pra cadeia e não reagir e ir para o cemitério. Esse pessoal da Anistia, se um dia eu tiver um mandato presidencial, vocês não vão mais interferir na nossa vida interna aqui do nosso país. O marginal só respeita o que ele teme”, emendou.
Desde que chegou ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro impulsionou o discurso a favor do excludente de ilicitude, ou seja, passou a defender com maior ênfase a segurança jurídica para que polícia possa matar ainda mais.
Esse pensamento abjeto ficou evidente mais uma vez por ocasião da matança ocorrida na Vila Cruzeiro (zona norte do Rio de Janeiro), na última terça-feira (24), quando uma operação policial planejada (sic) com meses de antecedência e com o apoio do setor de inteligência (sic), deixou 23 mortos. A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou após as execuções que todos os mortos eram traficantes ou tinham alguma ligação com o crime organizado.
Diferentemente do que afirmou a PM fluminense, nem todos os mortos tinham vínculo com o tráfico de drogas ou antecedentes criminais. Entre os dez mortos já identificados, ao menos três eram trabalhadores e não tinham qualquer ligação com os traficantes: um mototaxista, um ex-militar e um estudante. Além de uma mulher de 41 anos, vítima de bala perdida.
No mesmo dia das execuções, Bolsonaro usou as redes sociais para cumprimentar os policiais envolvidos na operação. “Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa”, escreveu o presidente. É importante lembrar que o termo “neutralizar” é corriqueiramente utilizado por milicianos quando querem se referir a matar alguém.
No momento em que o presidente da República defende o excludente de ilicitude e incentiva a polícia a matar mais, fica a mensagem de que tudo é permitido na terra sem lei em que está se transformando o Brasil sob a batuta de um golpista adorador de torturadores. Considerando que as polícias militares integram a base de apoio de Bolsonaro, não é difícil imaginar o que poderá acontecer no País após a divulgação dos resultados das eleições.
Em relação à mensagem criminosa que se depreende das declarações absurdas de Jair Bolsonaro, um dos efeitos concretos foi a ação criminosa de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que, em Sergipe, abordaram um homem que sofria de esquizofrenia e acabou morrendo por asfixia após ser colocado na parte traseira da viatura da corporação, tomada por gás lacrimogênio.
No momento da abordagem, os policiais foram avisados que o homem tinha problemas psíquicos e portava medicamentos de uso controlado, como comprovado. A perícia do Instituto Médico Legal de Sergipe constatou que a vítima foi estrangulada, fato que os policiais negam.
Nesta quinta-feira (26), questionado sobre o caso, Jair Bolsonaro disse não estar informado e citou outro episódio no Ceará. “Vou me inteirar com a PRF…Eu vi há pouco, há duas semanas, aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois”, afirmou.
“Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele. Uma coisa é execução. A outra eu não sei o que aconteceu. A execução ninguém admite ninguém executar ninguém. Mas não sei o que aconteceu para te dar uma resposta adequada”, concluiu.
Há sinais evidentes de que a operação policial na Vila Cruzeiro foi uma execução coletiva. O Estado tem o dever de garantir a segurança pública e combater o crime, mas deve se limitar a prender, julgar e condenar, não sem antes assumir o compromisso de recuperar o apenado. No caso de Sergipe, o desrespeito aos direitos do cidadão é fruto das declarações repugnantes de Bolsonaro.
Pois bem, tomando por base que “ninguém admite ninguém executar ninguém”, como disse o presidente, é preciso saber o motivo que o levou a cumprimentar os policiais militares do Rio de Janeiro que promoveram uma deliberada matança na Vila Cruzeiro.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

TEXTO PARA REFLEXÃO

 

Copiei este texto e colei para que mais pessoas leiam e entendam o que está acontecendo com o Brasil:
Quando o filho do Alckmin morreu
A Dilma esteve presente.
Sem falar uma palavra.
O abraçou.
E choraram juntos durante o enterro todo.
Quando a esposa do FHC morreu.
Lula esteve presente.
E o mesmo aconteceu.
Quando a esposa do Lula morreu.
FHC estava lá.
Abraçados e chorando juntos.
Era comum na esfera política.
Nesses momentos delicados.
A compaixão sobressair a rivalidade.
No atentado à escola em Realengo.
Dilma chorou.
E fez um emocionante discurso.
Em condolências às famílias.
Decretou luto de três dias.
Maria do Rosário.
Ministra dos direitos humanos na época.
Abraçou as famílias.
E ofereceu todo tipo de ajuda.
Hoje.
Parece que essas atitudes são excepcionais.
Mas não são.
Compaixão.
É comportamento.
De quem é humano.
PT.
PSDB.
PMDB.
E tantos outros partidos.
Todos tiveram seus erros.
Mas deixavam a rivalidade.
No campo das ideias.
Bolsonaro.
Trouxe um novo tipo de política.
Que na verdade.
Não é política.
É ódio.
Raiva.
E fim.
A meta é sempre destruir o adversário.
Seja com mentiras.
Ou agressões verbais.
O sujeito comemorou a morte do neto do Lula.
E nunca demonstrou respeito.
Pela morte de Marielle.
Aliás.
Quem mandou matar Marielle?
Veja.
A questão aqui.
Não é só a incompetência de Bolsonaro como político.
É que Bolsonaro é desumano.
Ruim.
Mau.
Milhares de mortos.
Milhares de pessoas sendo enterradas sem testes.
Uma pandemia.
Que embora o estrago já seja grande.
Ainda está longe do fim.
E Bolsonaro ri.
E diz.
E daí?
Já perdi pessoas queridas.
To vendo amigos.
Na linha de frente.
Vendo pessoas que se dispuseram a ajudar.
Morrendo.
E Bolsonaro está rindo.
Banalizando a morte.
Fazendo absolutamente nada.
Olha.
Se você apertou 17.
E não está arrependido.
Tem algo muito estranho com você.
Bolsonaro é sádico.
Cruel.
E você não precisa ser igual a ele.
O Brasil só tem jeito.
Se tiver mais compaixão.
Texto: @_wendyandrade via Claudio FantinatoQuando o filho do Alckmin morreu
A Dilma esteve presente.
Sem falar uma palavra.
O abraçou.
E choraram juntos durante o enterro todo.
Quando a esposa do FHC morreu.
Lula esteve presente.
E o mesmo aconteceu.
Quando a esposa do Lula morreu.
FHC estava lá.
Abraçados e chorando juntos.
Era comum na esfera política.
Nesses momentos delicados.
A compaixão sobressair a rivalidade.
No atentado à escola em Realengo.
Dilma chorou.
E fez um emocionante discurso.
Em condolências às famílias.
Decretou luto de três dias.
Maria do Rosário.
Ministra dos direitos humanos na época.
Abraçou as famílias.
E ofereceu todo tipo de ajuda.
Hoje.
Parece que essas atitudes são excepcionais.
Mas não são.
Compaixão.
É comportamento.
De quem é humano.
PT.
PSDB.
PMDB.
E tantos outros partidos.
Todos tiveram seus erros.
Mas deixavam a rivalidade.
No campo das ideias.
Bolsonaro.
Trouxe um novo tipo de política.
Que na verdade.
Não é política.
É ódio.
Raiva.
E fim.
A meta é sempre destruir o adversário.
Seja com mentiras.
Ou agressões verbais.
O sujeito comemorou a morte do neto do Lula.
E nunca demonstrou respeito.
Pela morte de Marielle.
Aliás.
Quem mandou matar Marielle?
Veja.
A questão aqui.
Não é só a incompetência de Bolsonaro como político.
É que Bolsonaro é desumano.
Ruim.
Mau.
Milhares de mortos.
Milhares de pessoas sendo enterradas sem testes.
Uma pandemia.
Que embora o estrago já seja grande.
Ainda está longe do fim.
E Bolsonaro ri.
E diz.
E daí?
Já perdi pessoas queridas.
To vendo amigos.
Na linha de frente.
Vendo pessoas que se dispuseram a ajudar.
Morrendo.
E Bolsonaro está rindo.
Banalizando a morte.
Fazendo absolutamente nada.
Olha.
Se você apertou 17.
E não está arrependido.
Tem algo muito estranho com você.
Bolsonaro é sádico.
Cruel.
E você não precisa ser igual a ele.
O Brasil só tem jeito.
Se tiver mais compaixão.

Texto: @_wendyandrade via Claudio Fantinato

terça-feira, 24 de maio de 2022

RODRIEL MENDES DA SILVA


FALECIMENTO : 23/05/2022, ÀS 05h15, EM SOROCABA – S.P.
34 ANOS, AUTÔNOMO, SOLTEIRO, FILHO DE TEREZA ROSA RIBEIRO, NÃO DEIXOU FILHOS.
SEPULTAMENTO: 24/05/2022, ÀS 10h00, NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.



domingo, 22 de maio de 2022

DEBATE ENTRE CIRO GOMES E GREGÓRIO DUVIVIER FOI GROTESCO...

Bolsonaro e Elon Musk: o que significa isso? Amazônia, Lítio, democracia...

MARIA IVANETE FERREIRA DE QUEIROZ

 

FALECIMENTO: 22/05/2022, ÀS 02h45, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.
71 ANOS, DO LAR, APOSENTADA, VIÚVA DE APARÍCIO FERREIRA DE QUEIROZ, FILHA DE ANTONIO BRÁULIO FERREIRA E JOSEFINA SUZANA FERREIRA, DEIXA OS FILHOS: GABRIEL, REGINALDO E REJANE.
VELÓRIO: GRAMADÃO.
SEPULTAMENTO: 22/05/2022, ÀS 15h30, NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.