sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O LEGADO DE MANDELA

A morte de Nelson Mandela, mesmo esperada há meses em razão de sua saúde precária, comove todo o mundo.
O herói da igualdade entre os homens vai-se, mas ficam os seus exemplos que já serviram para forjar as lideranças do mundo atual, entre elas o presidente americano, Barack Obama, que confessa não compreender sua trajetória política sem os exemplos de Mandela. 
Sem dúvida, morre o homem, limitado pela condição física humana, mas permanece o mito, como uma luz que se mantém acesa e ilumina todo o mundo.
Depois de dedicar toda a sua vida – que poderia ter sido confortável, pois já era um advogado num país atrasado – e passar quase três décadas na prisão, Mandela saiu e, em vez de buscar revanchismos ou requerer pensões milionárias como fizerem os insurgentes brasileiros, foi pilotar uma transição em que priorizou perdão, anistia, esquecimento e reconciliação, para oferecer a igualdade ao povo sul-africano. 
Foi levado ao poder nos braços desse mesmo povo e reinseriu seu país à comunidade internacional. 
Concluído o seu mandato, não quis continuar, abrindo o caminho para que o próprio povo sulafricano designasse novas lideranças e vivesse a sonhada vida autônoma. 
Saiu do poder, mas o povo o reconheceu como “pai”.
Nas visitas que fez ao Brasil, Mandela foi agraciado com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração da República, e percorreu os maiores centros, exibindo toda a sua bagagem de luta contra a segregação, o preconceito e o racismo. 
Agradeceu ao apoio do Brasil à sua luta e até a sua própria libertação. 
E serviu de alavanca para os movimentos locais. 
Ideal seria que os admiradores brasileiros seguissem seus exemplos. 
Assim sendo, os políticos, deveriam de imediato acabar com a reeleição para cargos executivos, que hoje mantém os governantes em campanha permanente durante o primeiro e leva o marasmo ao segundo mandato. 
Aos negros seria conveniente mirar-se nos exemplos de igualdade e jamais lutar por cotas ou aceitá-las como esmola dos sagazes políticos e politiqueiros que só querem arrebatar seus votos. 
Lembrar que, no concorrido mercado de trabalho e na sociedade, alguém beneficiado por cotas jamais será igual aos não cotistas e, portanto, viverá em “apartheid” definitivo.
Mandela não quis reeleger-se e lutou para que negros e brancos tenham os mesmos direitos. 
No seu ideário não existem favorecimentos e nem benesses. Apenas liberdade e igualdade de condições para os cidadãos, independente da cor da pele ou etnia. 
Deu (não “vendeu”) a sua vida à causa. 
A melhor reverência que o Brasil pode fazer à sua memória, se quiser, é seguir seus conselhos...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo.

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