Entidades judaicas condenam declaração irresponsável e desastrada de Abraham Weintraub
Redação Ucho.Info
Diversas entidades judaicas reagiram com repúdio às postagens do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que no Twitter comparou ao nazismo e à “Noite dos Cristais” a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na quarta-feira (27), no âmbito do inquérito das “fake news”.
Redação Ucho.Info
Diversas entidades judaicas reagiram com repúdio às postagens do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que no Twitter comparou ao nazismo e à “Noite dos Cristais” a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na quarta-feira (27), no âmbito do inquérito das “fake news”.
Em sua conta na rede social, que tem mais de 800 mil seguidores, Weintraub disse que o episódio “será lembrado como a noite dos cristais brasileira”. “Profanaram nossos lares e estão nos sufocando”, escreveu Weintraub.
A expressão “Sieg Heil” em alemão significa “salve a vitória” e era usada durante o período nazista pelos simpatizantes do regime. A “Noite dos Cristais”, de 9 para 10 de novembro de 1938, marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até o final da Segunda Guerra Mundial. Na data, sinagogas, casas comerciais e residências de judeus foram invadidas, seus pertences destruídos e dezenas de judeus foram mortos.
Em outra postagem, o ministro disse que cresceu “escutando como os Weintraub foram caçados e como sobreviveram ao inferno de Hitler”. “Escutei como a SS Totenkopft entrava nas casas das famílias inimigas do Nazismo. Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: liberdade!”, escreveu.
Na quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no escopo do inquérito das fake news, tendo como alvo aliados do presidente Jair Bolsonaro, entre eles o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito, que apura ofensas, ataques e ameaças contra ministros da Corte.
Na terça-feira (26), o ministro do Supremo convocou Weintraub a depor, para explicar declaração dada na reunião ministerial de 22 de abril, quando afirmou que colocaria “vagabundos na cadeia, começando pelo STF”. Porém, na madrugada desta quinta-feira, o ministro da Justiça, André Mendonça, informou que ingressou com um Habeas Corpus no STF para tentar impedir o depoimento.
As postagens de Weintraub provocaram uma onda de repúdio, em especial na comunidade judaica. O Comitê Judaico Americano, uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, afirmou, pelo Twitter, que o governo brasileiro “precisa parar imediatamente”. “O repetido uso político de termos referentes ao Holocausto por parte de membros do governo brasileiro é profundamente ofensivo à comunidade judaica e um insulto às vítimas e sobreviventes do terror nazista”.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que a comparação de Weintraub é “totalmente descabida e inoportuna” e minimiza “de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de seis milhões de judeus, além de outras minorias”.
A entidade ressaltou que “não há comparação possível”, já que as ações do inquérito “se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso”.
O coletivo “Judeus pela Democracia” afirmou, pelo Twitter: “A ação a mando do STF visa buscar quem financia fake news e evitar novos linchamentos virtuais. A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas ‘noites dos cristais’ aconteçam com outros povos e pessoas’.
A entidade também afirmou que, além de uma “comparação absurda, o termo ‘totenkopft’ (sic) está mal-escrito e é impreciso historicamente”. “A ‘totenkopf’ não entrava nas ‘casas inimigas’; era a responsável por administrar os Campos de Concentração. A expressão significa ‘Cabeça da Morte’”, manifestou o coletivo.
O “Museu do Holocausto de Curitiba” afirmou que não apenas repudia a comparação, mas coloca à disposição material de fácil leitura para a compreensão da “Noite dos Cristais”. “Na total impossibilidade de dialogar com figuras e entidades que diariamente se recusam a compreender a essência do nazismo e insistem em utilizá-lo como recurso retórico para atacar seu espectro político ‘rival’, apresentamos conteúdos básicos em língua portuguesa, de fácil leitura e adequados para pessoas com qualquer grau de erudição ou de escolaridade’.
Comparações recorrentes com o nazismo
Não é a primeira vez que membros do governo de Jair Bolsonaro fazem comparações com o nazismo. Em abril, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comparou o isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus aos campos de concentração nazistas que mataram milhões de judeus. Em janeiro, o secretário especial de Cultura Roberto Alvim foi demitido após uma onda de repúdio por causa de um discurso no qual fez uso de trechos plagiados de uma fala do antigo ministro nazista Joseph Goebbels (1897-1945).
Em abril de 2019, políticos de todos os partidos que compõem o Parlamento alemão condenaram as declarações de Bolsonaro e de Araújo de que o nazismo teria sido um movimento de esquerda.
Também em abril do ano passado, durante um evento com evangélicos no Rio de Janeiro, Bolsonaro sugeriu que se pode “perdoar, mas não esquecer” o Holocausto. Na ocasião, o Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Israel, divulgou um comunicado dizendo ninguém tem o direito de determinar se os crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados.
A expressão “Sieg Heil” em alemão significa “salve a vitória” e era usada durante o período nazista pelos simpatizantes do regime. A “Noite dos Cristais”, de 9 para 10 de novembro de 1938, marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até o final da Segunda Guerra Mundial. Na data, sinagogas, casas comerciais e residências de judeus foram invadidas, seus pertences destruídos e dezenas de judeus foram mortos.
Em outra postagem, o ministro disse que cresceu “escutando como os Weintraub foram caçados e como sobreviveram ao inferno de Hitler”. “Escutei como a SS Totenkopft entrava nas casas das famílias inimigas do Nazismo. Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: liberdade!”, escreveu.
Na quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no escopo do inquérito das fake news, tendo como alvo aliados do presidente Jair Bolsonaro, entre eles o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito, que apura ofensas, ataques e ameaças contra ministros da Corte.
Na terça-feira (26), o ministro do Supremo convocou Weintraub a depor, para explicar declaração dada na reunião ministerial de 22 de abril, quando afirmou que colocaria “vagabundos na cadeia, começando pelo STF”. Porém, na madrugada desta quinta-feira, o ministro da Justiça, André Mendonça, informou que ingressou com um Habeas Corpus no STF para tentar impedir o depoimento.
As postagens de Weintraub provocaram uma onda de repúdio, em especial na comunidade judaica. O Comitê Judaico Americano, uma das principais organizações da comunidade judaica nos Estados Unidos, afirmou, pelo Twitter, que o governo brasileiro “precisa parar imediatamente”. “O repetido uso político de termos referentes ao Holocausto por parte de membros do governo brasileiro é profundamente ofensivo à comunidade judaica e um insulto às vítimas e sobreviventes do terror nazista”.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que a comparação de Weintraub é “totalmente descabida e inoportuna” e minimiza “de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de seis milhões de judeus, além de outras minorias”.
A entidade ressaltou que “não há comparação possível”, já que as ações do inquérito “se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso”.
O coletivo “Judeus pela Democracia” afirmou, pelo Twitter: “A ação a mando do STF visa buscar quem financia fake news e evitar novos linchamentos virtuais. A Noite dos Cristais não foi virtual, mas foi o linchamento real a judeus. O objetivo de hoje foi tentar evitar que novas ‘noites dos cristais’ aconteçam com outros povos e pessoas’.
A entidade também afirmou que, além de uma “comparação absurda, o termo ‘totenkopft’ (sic) está mal-escrito e é impreciso historicamente”. “A ‘totenkopf’ não entrava nas ‘casas inimigas’; era a responsável por administrar os Campos de Concentração. A expressão significa ‘Cabeça da Morte’”, manifestou o coletivo.
O “Museu do Holocausto de Curitiba” afirmou que não apenas repudia a comparação, mas coloca à disposição material de fácil leitura para a compreensão da “Noite dos Cristais”. “Na total impossibilidade de dialogar com figuras e entidades que diariamente se recusam a compreender a essência do nazismo e insistem em utilizá-lo como recurso retórico para atacar seu espectro político ‘rival’, apresentamos conteúdos básicos em língua portuguesa, de fácil leitura e adequados para pessoas com qualquer grau de erudição ou de escolaridade’.
Comparações recorrentes com o nazismo
Não é a primeira vez que membros do governo de Jair Bolsonaro fazem comparações com o nazismo. Em abril, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comparou o isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus aos campos de concentração nazistas que mataram milhões de judeus. Em janeiro, o secretário especial de Cultura Roberto Alvim foi demitido após uma onda de repúdio por causa de um discurso no qual fez uso de trechos plagiados de uma fala do antigo ministro nazista Joseph Goebbels (1897-1945).
Em abril de 2019, políticos de todos os partidos que compõem o Parlamento alemão condenaram as declarações de Bolsonaro e de Araújo de que o nazismo teria sido um movimento de esquerda.
Também em abril do ano passado, durante um evento com evangélicos no Rio de Janeiro, Bolsonaro sugeriu que se pode “perdoar, mas não esquecer” o Holocausto. Na ocasião, o Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Israel, divulgou um comunicado dizendo ninguém tem o direito de determinar se os crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados.
(Com agências internacionais)
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