Quando ouço pobre de direita chamando alguém de comunista fico pensando na extensão de tanta boçalidade.
Essa história é algo que os ricos inventaram para iludir a pobreza alienada, de que o comunismo, caso prevalecesse, iria tomar-lhe o pouco que tem.
Já na época do movimento para abolir a escravidão, proprietários de grandes latifúndios até aceitavam a abolição , mesmo porque o resto do mundo poderia boicotar a compra do café brasileiro pelo fato do país ainda ter mão de obra escrava. Mas os tais latifundiários queriam que a abolição fosse produto da Lei Áurea, da Princesa Isabel, porque esta não indenizaria com terras a população negra por mais de 300 anos da escravidão.
A indenização poderia gratificar a população que veio da África com as mesmas possibilidades que tiveram os imigrantes europeus e asiáticos que vieram posteriormente.
Por outro lado, os verdadeiros abolicionistas não queriam que os negros fossem apenas transferidos da senzala para a favela, o que realmente ocorreu com a Lei da Isabel.
Por causa disso, em 2003, o grande professor e ativista dos direitos humanos Abdias Nascimento implantou o 20 de novembro como o dia da consciência negra e não o 13 de maio. Não havia o termo “comunista” ainda em 1888, mas é do que chamariam os senhores de escravos aqueles que exigissem o que seria a primeira reforma agrária do Brasil.
De lá para cá, toda vez que se esboçou uma divisão de terras no país os grandes latifundiários, a grande maioria conquistadora de suas terras à base de grilagem, de jaguncismo, iam manifestar na imprensa (desde aquela época já servidora da oligarquia) suas indignações contra “os arruaceiros”, e sempre com a aprovação do Exército e até da Igreja.
Depois do advento da Revolução Russa em 1917, e em consequência o comunismo, caiu como uma luva o termo “comunista” como xingamento contra quem reivindica a justiça social, a reforma agrária, os melhores salários.
Enfim, num país em que o comunismo nunca se eventualizou, em que o comunismo sempre foi explicado à base da cartilha norte-americana, o brasileiro pobre se acha o tal quando “xinga” alguém de comunista, quando não percebe que todos seus esforços para ter uma vida menos miserável não progridem porque é a elite que detém o capital que impede.
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