Políticos de direita e esquerda deixam diferenças de lado em reunião histórica pelo impeachment de Bolsonaro.
De Alexandre Frota a Marcelo Freixo, de Joice Hasselmann a Gleisi Hoffmann, passando ainda por associações, movimentos sociais, lideranças religiosas e juristas: encontro marca unidade pelo afastamento do presidente.
Por Ivan Longo/23 abr 2021.
o (Reprodução)
Políticos de diferentes partidos, associações, movimentos sociais, estudantes, juristas e lideranças religiosas se reúnem, na tarde desta sexta-feira (23), em um encontro que já pode ser considerado histórico.
Trata-se da Plenária Nacional do Impeachment, convocada por partidos de oposição em uma iniciativa que visa unificar os mais de 100 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro já protocolados na Câmara dos Deputados.
A ideia por uma reunião de forças entre partidos de oposição em prol do impeachment de Bolsonaro foi definida em reunião entre líderes das legendas realizada no último dia 13 de abril. Foram estabelecidas, na ocasião, uma série de ações conjuntas que visam, para além do impedimento do titular do Planalto, trabalhar pela vacinação em massa contra a Covid, retomar o auxílio emergencial de R$600 e responsabilizar Bolsonaro pela omissão no combate à pandemia.
O encontro, no entanto, foi ampliado, e conta com a participação de outros proponentes de pedidos de impedimento do ex-militar e figuras de outros espectros políticos que são críticas ao presidente. Além de lideranças de esquerda, como políticos do PT, PDT, PSOL, PSB e Rede, participam da reunião ex-bolsonaristas e parlamentares de direita, como Joice Hasselmann (PSL-SP), Alexandre Frota (PSDB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Todos concordam com a unificação dos mais de 100 pedidos de impeachment para pressionar a Câmara a iniciar o procedimento de afastamento de Bolsonaro.
“Os atos antidemocráticos, a violência a mulheres, jornalistas, a interferência na PF, na COAF; são muitos motivos pelo impeachment de Bolsonaro”, disse no encontro, por exemplo, Alexandre Frota, adicionando ainda que, como autor de cinco pedido de impeachment, não tem qualquer objeção de abrir mão desses pedidos para somar esforços com os demais autores. Segundo o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, o ex-bolsonarista também defendeu uma ação de comunicação suprapartidária e unitária.
“Apesar das divergências ideológicas, temos um inimigo em comum: Bolsonaro. O impeachment é uma pauta do Brasil, não é de direita ou esquerda, é questão de sobrevivência”, disse Joice Hasselmann.
Kataguiri, por sua vez, defendeu “união intransigente na Câmara dos Deputados” a favor do impeachment. “Concordo plenamente em unificar o pedido de impeachment. O principal objetivo da oposição da Câmara deve ser a abertura do processo de impeachment”, declarou.
Entre as lideranças de esquerda, as falas foram no mesmo sentido. “Um presidente genocida por ação e por omissão, na pandemia, com a fome e a miséria se alastrando pelo país, precisa ser afastado. Precisamos pressionar pela abertura do processo de impeachment. Essa pauta nos unifica”, afirmou Gleisi Hoffmann.
O líder do PDT na Câmara, deputado Wolney Queiroz, classificou a reunião como “histórica”. “Precisamos seguir desta maneira para pressionar pelo impeachment e persistir que há crime de responsabilidade de Bolsonaro”, pontuou.
“É preciso falar com a população sobre o impeachment. Por isso é importante ter diferentes setores da sociedade. A pauta do impeachment é a pauta dos crimes de Bolsonaro”, completou.
A reunião também contou com a presença de lideranças religiosas, juristas e ativistas sociais, como Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP), e Douglas Belchior, da Coalização Negra por Direitos.
“Precisamos dessa união e de toda movimentação popular para pressionar pela abertura do impeachment de Bolsonaro”, atestou Bonfim.
“Destacamos o genocídio do povo negro, além do genocídio na pandemia, atos antidemocráticos e ações que atentam a vida dos brasileiros”, destacou Belchior.
Revista Fórum.
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