" Agora é preciso levar a vida a sério. Depois do carnaval o ano começa."
" E a Semana Santa? Vamos esperar que passe a Semana Santa. Aí o ano começa deveras."
" E a Semana Santa? Vamos esperar que passe a Semana Santa. Aí o ano começa deveras."
" É mesmo, eu tinha me esquecido."
" E convém a gente lembrar que em junho tem aqueles três santos. Estão fora de moda, mas sempre é bom dar alguma atenção aos santinhos. Somos um país essencialmente cristão."
" É verdade. Mas você não acha que começar a trabalhar em julho pega mal? São só dois meses."
" Explique."
" Logo no começo de setembro vem a Semana da Pátria, e como é possível festejar a Pátria e trabalhar ao mesmo tempo?"
" Tem razão. Não cola."
" E não cola mesmo, porque ao longo de setembro temos de comemorar, além da Pátria, a Primavera. Como é que a gente ia esquecer a Primavera?"
" Não pode."
" E a criança, em outubro? Um mês que fosse para a criança, ainda era pouco."
" Também acho."
" Aí vem Finados, vem a República, em novembro. Sinceramente, há clima para trabalho em novembro?"
" Você vê as coisas com lucidez. Mesmo porque novembro já é Natal."
" Você vê as coisas com lucidez. Mesmo porque novembro já é Natal."
" E dezembro não se fala. Então..."
" Então só se houvesse uma reforma do calendário, para podermos trabalhar feio e forte a partir do ano que vem. Os feriados não deixam!"...
(Texto de Carlos Drummond de Andrade in Jornal do Brasil, edição de 19 de fevereiro de 1983)
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