João Sebastião,
de manhã,
se senta na tripeça,
no canto da cozinha,
oiando a fumaça do fogão
que nos vão dos guaricanga
arremessa
se encontrá
com os vento e os trovão.
Cá dentro os tição
em brasa avermeiada
esconde nas cinza
a batata já assada.
Baruia a chaleira
de tanto chiado pra misturá
o pó de café
na canecada.
Uma cuié de farinha de milho
na boca moiada
c’o café de velório
muito fraco
esquenta a goela
e dá corda
à tosse roca.
Sai na porta,
mija, espirra,
sacode um saco,
vorta pro rancho,
queima o alho na gordura,
bota o sal,
despeja o feijão na panela,
mexe, remexe o tal
até
a gostosura.
Joga na marmita
com torresmo mais costela.
Garra a enxada e a foice
e põe tudo nos ombro.
Vai Bastião pra roça carpi
papuá e picão,
roçá caruru de pomba
e removê os escombro.
Cuspindo na mão,
corta
ramos outros de facão.
Com as tripas baruiando na barriga
João Bastião sabe que é
hora de comê.
Pega a bóia fria
e manda pras lumbriga
pra matá a fome e se fortalecê.
Na tardinha,
o sol começa a se escondê;
ele óia as pranta,
limpa o suor da testa,
lembra do ranchinho,
outra boia promovê.
Dorme então
pra ponhá a alma em festa.
A noite passa
com as estrela a lhe oiá,
o seu sono a coruja a lhe orquestrá,
os grilo e as rãzinha
a lhe fazê sonhá
até o dia raiá
com o cantar do sabiá.
Autor: Luiz Válio Júnior, o Gijo, meu pai.
Ilustração: pintura de Almeida Júnior- 1893
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