domingo, 10 de janeiro de 2016

" OS HERÓIS NÃO SE ENTREGAM". QUEM TERÁ ESTE FILME?

É um drama de guerra de 1968, com direção de Ralph Nelson e apresentando: Charlton Heston, Maximilian Schell, Kathryn Hays, Leslie Nielsen, Anton Diffring, entre outros.


 
 
No inverno de 1944, na Bélgica ocupada, durante a contra-ofensiva das Ardenas, uma orquestra sinfônica a serviço dos Aliados (para distração das tropas) é capturada pelos nazistas e detida num destacamento alemão (um castelo na Bélgica). 
As ordens de Berlim são para que nenhum prisioneiro seja mantido com vida.

 
 
De nada adianta alegarem que são "não-combatentes", muito menos músicos de renome internacional. 
Todos são "condenados" à morte por um oficial alemão, mas, quando já se perfilavam diante do batalhão de fuzilamento, o General-comandante (um homem culto, aficionado por música erudita) reconhece o prisioneiro-maestro e resolve adiar a execução em troca de uma performance da orquestra.
 
 
O maestro decide ganhar tempo para ver se conseguem algum jeito de escapar e vai desconversando, negando a princípio, alegando que precisam treinar constantemente, etc. 
As coisas se complicam quando os músicos descobrem que dois soldados americanos haviam se misturado aos elementos da orquestra e precisam se esconder. 
Traçam, então, um plano de fuga, que deverá contar com a ajuda da resistência belga infiltrada no castelo.
 
  
O maestro, interpretado por Charlton Heston, é uma lenda internacional, dotado de forte personalidade e liderança. 
Por sua vez, o General alemão, bastante jovem para o cargo, tem personalidade semelhante. 
Começa então um interessante embate psicológico mantido entre ele e o General (Maximilian Schell), evidenciando-se ambas as personalidades instigantes - cultos e egocêntricos.
 
 
 
O General alemão vivido por Maximilian Schell foi provavelmente inspirado no General Hasso-Eccard Freiherr von Manteuffel que, de fato, atuou nas Ardenas e era jovem para o cargo (47 anos, à época).
Apresentam-se no filme os comandos treinados pelo lendário agente alemão Otto Skorzeny, formado por jovens que falavam inglês fluentemente e se travestiam com uniformes americanos, causando confusão no front das Ardenas.
Um dos soldados infiltrados na orquestra fingia tocar no ensaio, quando um oficial alemão desconfiou dele por ser um músico muito jovem e ordenou que tocasse algo sozinho; todos ficam apavorados, mas o soldado começa de fato a tocar uma das poucas que ele havia aprendido de ouvido quando estudante - o hino americano - deixando o oficial alemão convencido e irritado.


 
Há uma cena curiosa, em que o maestro é obrigado (vestindo um smoking) a usar uma metralhadora, um artista que supostamente nem saberia sequer pegar numa arma. 
 

 
A curiosidade fica pelo fato de ser citada essa incapacidade do maestro no filme, enquanto o ator - Charlton Heston - era, na realidade, um dos líderes da NRA - a famosa associação de armas americana e, claro, um expert em armamentos.
 
 
 
As performances de Charlton Heston e Maximilain Schell são inesquecíveis bem como a trilha sonora repleta de obras primas da música erudita, com referências a Wagner... dentro dessa visão de "contraponto" (of course).
 
 
 
Tocar Wagner para os alemães ouvirem é moeda de troca para o maestro. (Richard Wagner, divinizado pelos nazistas, foi um compositor alemão do século 19 que colocava judeus como os vilões de suas óperas).



Não é exatamente uma película para quem gosta de "filmes de guerra". 
Há críticos que consideram a história inverossímel. 
De fato, trata-se de um drama, de uma ficção, e o principal "personagem" do filme são os diálogos do roteiro mantidos entre ambos os personagens principais - de Heston e Schell, recheados de referências culturais e morais - daí o título "Counterpoint" (contraponto) - talvez uma metáfora de comparação e/ou contraponto entre os dois lados do conflito mundial, suas semelhanças e diferenças.

Oriza Martins//

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