Em 30 de janeiro de 2020:
Abro a coluna com o folclórico paraibano, Zeca Boca de Bacia.
Zeca I
Zeca Boca de Bacia fazia a alegria do povo em Campina Grande/PB.
Personagem folclórico, amigo de políticos. Dava assessoria informal a Ronaldo Cunha Lima e a seu filho Cássio, prestes a ganhar o mandato de senador.
Quando Zeca abria a boca, a galera caía na risada.
Certa vez, numa de suas internações na clínica Santa Clara, em Campina Grande, a enfermeira foi logo perguntando:
– Zeca, qual o seu plano (de saúde)?
E ele:
– Ficar bom!
Outra vez, Zeca pegou um táxi em Brasília para ir à casa de Ronaldo Cunha Lima.
Em frente à casa do poeta, o taxista cobrou R$ 15.
Zeca só tinha R$ 10. Sem acordo, disparou:
– Então, amigo, dê cinco reais de ré!
Mais Zeca
Em João Pessoa, num restaurante chique, Zeca pediu um bode assado.
O garçom retrucou:
– Desculpe-me, senhor, aqui só servimos frutos do mar.
Zeca emendou sem dar tempo:
– Então me traz uma água de coco.
Muita gente matada
O Estado de Minas Gerais anda pagando um preço alto demais por um pecado que não se sabe qual.
Em parte, talvez, pela riqueza de seu solo, que não deveria ser pecado, mas virtude, se tratada com respeito.
O fato é que nenhum povo merece tal castigo, como a sequência de tragédias a que o Estado vem sendo submetido desde o rompimento da barragem de Mariana, em 2015. Morreram 19 pessoas. Depois, Brumadinho, com 270 mortos e onze pessoas ainda desaparecidas.
Neste começo de ano, o maior índice de chuvas em toda a história da Grande BH. São contados até agora 56 mortes e milhares de desalojados e desabrigados.
"Minas não há mais", dizia Carlos Drummond de Andrade.
Não para de morrer gente
E até a cerveja entrou na lista macabra dos mineiros: quatro pessoas morreram e 21 estão infectadas pela substância dietilenoglicol, encontrada em amostras da cerveja Belorizontina e outros produtos da cervejaria Backer, que se diz artesanal.
Como desgraça pouca é bobagem, a doença que hoje ameaça o mundo, o coronavírus, parece ter entrado no Brasil pela porta de Minas, com uma estudante de 22 anos de Belo Horizonte que veio da China, exatamente da cidade de Wuhan, de onde o vírus se espalhou.
Há mais dois casos suspeitos no Brasil, em Curitiba e Porto Alegre.
E então, no meio de tanta tragédia, cabe a frase do mineiro Guimarães Rosa em seu "Grande Sertão: Veredas": "Um dia ainda entra em desuso matar gente".
Gaudêncio Torquato, (gt@gtmarketing.com.br) é jornalista, consultor de marketing institucional e político, consultor de comunicação organizacional, doutor, livre-docente e professor titular da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da GT Marketing e Comunicação.
Fonte: Migalhas.
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