quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

INVERDADE SOBRE O PROS

 


Matéria sobre “queda” do presidente do PROS não procede; advogado fala em tentativa de “venda” do partido.
Por Redação Ucho.Info/14 de dezembro de 2021



Proliferou nos sites de notícias e nas redes sociais, nos últimos dias, matéria da revista IstoÉ sobre mudança na direção nacional do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), presidido por Eurípides Gomes de Macedo Júnior.
A reportagem, que foi retirada do ar, informava que o presidente da legenda havia sido apeado do cargo no vácuo de uma suposta eleição partidária, com direito a ata fraudulenta. No documento, o alegado presidente eleito do PROS, Marcus Vinicius Chaves de Holanda, sequer é filiado ao partido. Em outras palavras, alguém tentou tomar o partido de assalto sem ao menos ser integrante da agremiação política.
De acordo com o advogado Bruno Pena, responsável pelo departamento jurídico do PROS, Holanda já foi filiado ao partido, mas acabou expulso após “tentar vender a legenda” para terceiros. Segundo Pena, que conversou com o UCHO.INFO, ele recorreu da decisão da direção nacional do partido de expulsá-lo, mas acabou derrotado na Justiça.
Para constatar que Marcus Vinícius de Holanda não é filiado ao PROS bastava uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como mostra o documento abaixo, conseguido por este site de notícias em rápida pesquisa na base de dados da Corte.




Prova dos nove

A certidão eletrônica fornecida pelo TSE dá conta que o presidente nacional do PROS é Eurípides Gomes, cujo mandato se encerra em abril de 2026, o mesmo valendo para a atual diretoria. De acordo com o advogado, Marcus de Holanda não é e nunca foi presidente do partido.

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Sede invadida

Bruno Pena revelou em que 11 de janeiro passado, Marcus Holanda e seu grupo invadiram a sede do PROS, em Brasília, com o objetivo de fazer reunião, com aproximadamente 20 pessoas, para destituir o presidente nacional do partido, Eurípides Gomes. O documento usado para justificar a pretendida reunião continha assinaturas falsificadas, o que por si só configura crime. Não obstante, as pessoas que supostamente estavam na sede invadida da legenda encontravam-se a centenas de quilômetros do local, algumas em atividades de veraneio.

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Manobra durante a pandemia

Holanda e seus sequazes alegaram ter realizado convenção nacional em 9 de julho de 2020, no Hotel JK, na capital federal, ignorando o fato de que na ocasião estava proibida a utilização de locais destinados a eventos (hotéis, condomínios, clubes) em razão da pandemia do novo coronavírus.

O caso acabou na Justiça do Distrito Federal (21ª Vara Cível de Brasília), em demanda que reuniu declarações declaratórias de nulidade e de validade. Holanda acabou derrotado, pois o juiz do caso considerou nula a citada convenção de 11 de janeiro.

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Diário Oficial

Para dar veracidade à manobra, o grupo de Holanda publicou no Diário Oficial da União (DOU) a ata da “eleição” da nova diretoria do partido, dando a entender que a saída de Eurípides estava oficializada. É importante destacar que o Diário Oficial da União, apesar da pompa do nome, não oficializa atos, apenas publica, mediante pagamento, qualquer documento público ou privado ao qual queira-se dar publicidade. Em outras palavras, o DOU não checa a veracidade e a legalidade daquilo que é publicado. Ademais, beira o devaneio alguém que não é filiado ao partido ser eleito para comandar a legenda.

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Negócios à parte

O advogado ressaltou que o grupo de Marcus Holanda há muito tenta tomar a direção nacional do partido para, em ato seguinte, vender a legenda a algum interessado por “R$ 20 milhões”. “Eles estão tentando transformar o partido em mercadoria digna de preço”, disse Bruno Pena.

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Vendedor de fumaça

Pena afirmou que Marcus Holanda, juntamente com seu advogado, Antonio Amauri Malaquias de Pinho, colecionam mais de 15 decisões judiciais desfavoráveis envolvendo a investida contra o PROS.

Antonio Amauri, lembrou Pena, já foi preso preventivamente no âmbito da Operação Mercador de Fumaça, sob a acusação de “exploração de prestígio”, ou seja, o advogado “vendia” decisões de ministros de tribunais superiores.

Em março de 2019, o Ministério Público Federal (MPF) no DF denunciou o advogado Antônio Amauri por tráfico de influência em decisões que seriam proferidas no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No documento, o MPF relata que Antônio Amauri solicitou pagamento de R$ 800 mil para viabilizar provimento de recurso no STJ em favor de aludido cliente, o ex-prefeito de Ferraz dos Vasconcelos (SP), Acir Filló dos Santos. Contudo, o recurso apresentado pelo político foi indeferido. Com a remessa do processo ao STF, Amauri pediu R$ 2 milhões para viabilizar decisão favorável do tribunal para garantir a recondução do político ao cargo.

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Oferta irrecusável?

Questionado sobre a coincidência de a referida matéria da IstoÉ ter sido publicada dias após o surgimento da informação de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) faria proposta irrecusável para ter o PROS na tropa de choque do presidente da República, o advogado disse que a ideia inicial de Holanda era vender o partido a Jair Bolsonaro, que recentemente filiou-se ao Partido Liberal (PL).

Bruno Pena classificou como “muito estranha” a publicação da matéria na IstoÉ, que tratou de retirar o texto do ar.

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Eleições 2022

Em relação a uma possível conversa entre Flávio Bolsonaro e o presidente nacional do PROS, Pena disse que Eurípides Gomes sempre ouve todos que o procuraram, mas não soube informar que haverá algum acordo com vistas às eleições de 2022. Conforme apurou o UCHO.INFO, o PROS não deve engrossar a base de apoio a Jair Bolsonaro, podendo, inclusive, apoiar Lula em eventual segundo turno na corrida ao Palácio do Planalto.

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Fronteiras da lei

Diversos sites de notícias e blogs reproduziram na íntegra a matéria da IstoÉ, induzindo a erro os leitores, que, vale ressaltar, já não suportam informações que fogem à verdade dos fatos. Se há entre os filiados ao PROS divergências em relação à gestão da atual diretoria do partido, que tais questões sejam dirimidas no âmbito da legalidade, sem direito a manobras bruscas e excesso de criatividade.

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