Em 1.923, surgiu o rádio paulista.
Mas no belo dia de 15 de novembro de 1.941, a voz de um jornalista chamado Pedro José de Camargo acordou o tímido e oculto Vale do Paranapanema. Com sua voz grossa e solene, ele sempre lia uma crônica de sua autoria ao final dos trabalhos diários.
Era a rádio Difusora de Itapetininga que nascia, trazendo para os moradores da região a esperança de um futuro mais progressivo e feliz. Era a promessa de solidariedade e de vindicações de um povo esquecido, se não, sempre usado, mas sem nenhum retorno, por políticos inescrupulosos.
Junto com Pedro estavam Valdemar Bergman, Hélio Araujo, Ademar Santana, José Prado Silveira, Paulo Guarnieri de Lara, Leonor Silveira; mais tarde, Arruda Neto, Ibraim José, Célio Simões, Carlos Araujo, Frederico Simões, Humberto Franci, Mopir Válio, Cícero Pelegrini, Rui de Moura, Aparecida Mendes, Darci Pereira de Moraes...
A sede ficava na Rua Quintino Bocaiúva.
Locutores e astros de primeira grandeza surgiam e se juntavam no programa ‘Cortina de Veludo’, dirigido e apresentado por Celso Araujo, tendo Aires de Souza como seu coadjuvante. Astros do porte de Nelli de Camargo, Valdir Paca, Geralda Araujo, Ferreira Neto, Everaldo Muller, Maria de Souza, Vasco da Costa Pinto Filho, João Simões, Odete de Souza, Aparecida Fagnani, Bruno Pucci, Adalgisa Scot, Celeste Abib e Antonio do Carmo.
Esse foi o programa de maior ibope da época. Acontecia toda semana pelas ondas hertzianas da Difusora, ou D-9.
Dramas que em nada deixavam a desejar, na época, se comparados às novelas da Rádio Nacional ou da Tupi, cariocas, ou da São Paulo, na Capital dos paulistas.
São dessa época: Thereza; Aguinaldo, conhecido como a ‘Voz do Morro’; Orlando Scott, considerado como o Orlando Silva de Itapetininga; Jorge Ravaci Vitorazzo; Ranulfo; Orlando Rossi; Guedes, sambista e imitador de Jorge Veiga; João Barreto; Paulo Mendes. Todos eles excelentes cantores.
Diversos programas musicais na base dos regionais de Rubião, Dodô, Expedito e Nenê Bucheiro.
Davam suporte a esses programas, os maestros Benedito Pompeu de Jesus e Caetano Ianaconi, que, inclusive, acompanhavam Tito Madi, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Isaurinha Garcia, Hebe Camargo, Nelson Gonçalves e Linda Rodrigues quando se exibiam na região.
Fazia parte da programação da Rádio Difusora a apresentação da Orquestra Sinfônica dirigida pelo maestro Durvalino Costa e Silva, periodicamente.
Não havia ninguém que não se deleitasse com as mais seletas melodias de autores famosos que as ondas daquela rádio podia transmitir.
E os programas de auditório?
Era o Hélio Araujo comandando os ‘Calouros’ e seu programa ‘Infantil’.
Era a ‘Hora do Estudante’, com supervisão do ilustre professor de Latim, José Ferreira Carrato e também do Paulo Ozzi.
O mesmo Paulo Ozzi fazia um programa intitulado ‘Uma Voz e Um Violão’, acompanhado por Nadim Isaac.
E o super programa da época?
Era do Nhô Bentico que mostrava sua história, sua trajetória de poeta sertanejo, pura raiz caipira, um dos grandes orgulhos de Itapetininga. Ele que contava com a participação de Bernadete Sampaio, a ‘Nhá Tuca’.
O grande locutor Bruno Pucci tinha voz parecida com a de Carlos Frias e, enquanto soldados brasileiros participavam e presenciavam os horrores da Segunda Guerra Mundial, ele majestosamente utilizava os microfones da rádio para realizar o seu patriótico programa ‘Liga da Defesa Nacional’.
O esporte nunca foi esquecido.
As Olimpíadas Estudantis eram transmitidas pelo trio formado por Arruda Neto, Sérgio Teixeira (filho do médico Aníbal Teixeira) e pelo professor Joaquim Fabiano, eles que foram os sucessores de Murilo Antunes Alves.
Murilo chegou a irradiar uma partida de futebol em Itapetininga, quando a emissora ainda estava sediada em Sorocaba.
Outros radialistas, o Francisco Alves Vei e Carlos José de Oliveira. Além de trabalharem na área esportiva, eram âncoras do ‘Jornal do Meio Dia’ e do ‘Jornal da Noite’, com Walter Nakan.
Walter tinha uma dicção tão perfeita e tão bem postada como a de Berilo Neves, apresentador da Rádio Tupi de São Paulo.
A Rádio, a princípio operando em Sorocaba, pertenceu a João Simões e Bartolomeu Rossi. Mais tarde, foi adquirida por Alcides Rossi e então trazida para a terra das escolas no dia 15 de novembro de 1.941.
O grande merchandise da época que inclusive emprestou seus serviços comerciais voluntariamente à rádio foi Juquinha de Lara, que tinha como constante colaborador, Luiz Honório Felisbino. Considerado o maior disk-jóquei do sertão, Felisbino deu novo enfoque às coisas, costumes e hábitos do homem do campo, revolucionando os programas sertanejos do Brasil.
No dia 15 de novembro de 2.012, a rádio completa 71 anos de vida na cidade de Itapetininga.
Não sei hoje a quem pertence a rádio.
Será que ainda é do José Abrão?
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