Rápidas
Orlando Pinheiro
...Daqui à pouco já estaremos no segundo semestre. Tempo dos partidos políticos escolherem seus candidatos. São Miguel Arcanjo espera muito dessa convenção. Que dela saiam nomes de pessoas com disposição para lutar e colocar a cidade onde ela já merecia estar há muito tempo. Deixar de ser uma cidade envelhecida sem capacidade de ousar e de inovar. Os velhos carregados de experiência são ótimos gestores, mas o motor que acelera o desenvolvimento de um lugar é ousadia. O dinamismo não tem cabelos brancos.
...Há algum tempo atrás quando morreu o Steve Jobs, criador da internet na fascinante aventura da Apple circulou na mídia um comentário interessante. Dizia que três maçãs mudaram o mundo: a de Adão, de Isaac Newton e da Steve Jobs. É tempo da cidade mostrar o seu gênio escondido. Que as pessoas calejadas de campanha, as mesmas que fizeram da política um ofício dar espaço a rapaziada.Steve Jobs não fez nenhuma universidade e quantos anos você acha que tinha o Bill Gates quando concebeu a Microsoft. Menos de cinquenta. Tudo depende do espaço para a ousadia.
...Querem ver uma mudança radical que mudaria a história de uma cidade: os vereadores abrirem mãos dos seus ordenados. Loucura? Claro que não. Eu me lembro como se fosse hoje quando o Presidente Geisel enviou ao Congresso a medida na qual determinava que a partir de 1976 os vereadores passaria a receber cerca de 15% do salário de deputado. Foi como se desse partida à corrida do ouro e ainda autorizava o servidor público se eleito fosse optar pelo seu salário ou pelas expensas da câmara dos vereadores. Era a forma encontrada pelos líderes da Revolução que já havia perdido as forças, tanto que nesse mesmo ano o então MDB dá uma lavada de votos na Arena, partido oficial do governo. A revolução acabou mas deixou o tentáculo nefasto, ou melhor dizendo, a metástase que se espalha até extinguir o ultimo centavo dos cofres de cidades cujo orçamento mal dá para se manter.
...Para complementar a tristeza de tolerar os atos legais, mas que não deixam de ser imorais o aumento de cadeira da Casa de Lei faz brilhar os olhos de muitos. Isso faz me lembrar de certa feita quando critiquei uma agência bancária e um vereador se sentiu ferido. Falou para que eu me candidatasse para trabalhar pelo município. Com menos idade que ele eu já tinha feito tanta coisa não só pela cultura, mas por áreas diversas do município inteiro sem concorrer a nenhum cargo eletivo. A Câmara de São Miguel Arcanjo foi atuante e teve quinze vereadores no tempo em que o parlamentar tirava dinheiro do próprio bolso para atender os chupins costumeiros. O povo pensa em paternalismo quando chega a eleição. Tristemente hoje fazemos parte de um país doente, onde os alunos dependentes de drogas ameaçam até a integridade física dos professores.
...Para os futuros candidatos guardarem na mente um pouco da história da sua cidade, taí os nomes dos quinze vereadores que não ganhavam sequer um muito obrigado: Adriano Nunes da Costa; José Borges Martins; José Dias; Amador Nunes; Geraldo Piedade (Sinhô); Norihiro Murakami; João Araujo; João Agostinho; Agenor Ferreira Lopes; Wadih Miguel Hakim; Francisco Fogaça de Almeida (Cirico); Nestor Guedes; Antonio Bittar Filho; Flávio Fogaça e Aristeu Válio. Vereadores combativos em suas ideias. Os mais calados sabiam fazer um requerimento sem precisar de assessoria.
...Quando chega tempo de eleição, muitas pessoas acreditam que políticos bons são aqueles que quebram galhos e os ajudam nas horas difíceis com favores pessoais. O cidadão mal acostumado se transforma num eterno pedinte daquilo que é seu por direito. Os políticos clientelistas se aproveitam dessa cultura de balcão e lançam mão de bens e serviços públicos, assim como o próprio mandato. Desbragadamente distribuem benefícios no atacado e no varejo, quando na realidade foram eleitos para trabalhar e defender políticas públicas e atender a população de forma impessoal conforme determina a Carta Magna que rege este país.
...Os eleitores mal intencionados se valendo da Lei de Gerson repetem com orgulho o jargão "quem tem padrinho não morre pagão" cooperam para a repetição do mesmo quadro em cada pleito e com isso o crescimento vai minguando. Políticos paraquedistas descem no meio do povo no seu salto de paraquedas com falsas promessas de dias melhores e oportunidades sem respeitar o suor daqueles que trabalharam sério para a grandeza da terra a conquistar a alforria da submissão pela falta de recursos.
...Muitas vezes quando chego neste meu pedaço de chão. Observo a mutação da vida e renovação das pessoas e me sinto como se fosse um forasteiro. Um ser estranho numa terra estranha metendo o bedelho a torto e a direito. Logo me lembro que o direito me foi dado pela liberdade de expressão conquistada c
om muita luta nos anos de chumbo da nossa história. Por mais apaixonado que eu seja por essa terra, sinto que minha avaliação é bastante frágil. Às vezes, observando as coisas se repetirem por anos à fio dá a impressão que meus anseios estão à deriva, carregados de pequenas cobranças que não levam a lugar nenhum. Observo com amargura que bem próximo de completar 25 anos da promulgação da Constituição de 1988, é cada vez menor (e dá para contar nos dedos) a relação daqueles que conhecem e interpretam a Carta Magna com capacidade para assegurar direitos e impor deveres sem fugir um milímetro da democracia conquista por uma geração sofrida de pessoas sonhadoras feito eu, cujo preço valeu a tortura e o exílio para conseguir perenemente a liberdade, a igualdade e o respeito pelo cidadão.
...Até a semana.
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