sexta-feira, 20 de julho de 2012

CARLOS LAMARCA PASSOU PERTO DAQUI.


Quando do assassinato do Tenente Alberto Mendez Júnior, ocorrido em 10 de maio de 1.970, três subversivos foram condenados à morte: Ariston de Oliveira Lucena, Diógenes Sobrosa de Souza e Gilberto Faria Lima.

Foi essa a primeira vez que a Justiça Militar de São Paulo decidiu aplicar essa pena que não se coadunava com um povo como o brasileiro, pacato e de bons costumes.
No processo, a sentença tem cinco páginas e meia, datilografadas, e fora proferida por 3 votos contra 2.
Nela, declarava-se a impunibilidade de Carlos Lamarca e seu companheiro Yoshitame Fugimori, que já haviam falecido, e baniram-se do território brasileiro dois membros do grupo: Edmauro Golpfert e José Araujo Nóbrega, trocados por embaixadores sequestrados.
Os acontecimentos desse triste episódio se passaram no Vale do Ribeira, principalmente nas regiões de Jacupiranga e Registro.
Tinham, Carlos Lamarca e seu bando, "declarada intenção de promover a derrubada das instituições sócio-políticas vigentes, para instalação de um regime marxista-leninista no Brasil".
Para isso, como relata a sentença, "uniram-se num bando que praticou, por algum tempo, quase todos os crimes previstos na Lei de Segurança Nacional".
Esses homens assaltavam, roubavam e matavam. 
Ainda na sentença, consta que o Tenente PM Alberto Mendes Júnior foi sequestrado no dia 08 de maio de 1.970 e veio a ser trucidado dois dias depois, com a ordem dada por Lamarca, com os vários golpes na cabeça praticados por Fugimori e a última pancada dada por Diógenes, após o que o corpo foi enterrado.
Na sentença, Ariston explica que "todos os presentes estavam de acordo com o assassínio, pois o Tenente havia traído a confiança do grupo".
O crime aconteceu por pura vingança.
No processo, há inclusive "um mapa da região onde se desenvolveram as guerrilhas".
A condenação à morte dos três subversivos foi devido a ser o crime motivado por razão "torpe, fútil, à traição e para evitar a impunidade, pois o grupo terrorista estava fugindo da área onde tinha instalado o campo de guerrilha e estava sendo perseguido por tropas militares".
O advogado Juarez A. A. de Alencar defendeu Diógenes e Gilberto. 
A advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha defendeu Ariston de Oliveira Lucena, que, à época do crime, contava com 18 anos de idade e era primário.
Quando Lamarca e seu grupo se embrenharam pelo interior de São Paulo, realizando treinamentos de guerrilha na região, o Tenente Alberto foi incumbido de comandar uma patrulha de 12 soldados nas matas próximas à estrada de Eldorado Paulista, no Vale do Ribeira, no encalço deles.
No dia 8 de maio, um padre denunciou à Delegacia de Registro que havia visto um grupo de elementos estranhos caminhando por aquela estrada.
Dias antes, alguns sitiantes da zona notaram a presença de elementos barbudos e mal-vestidos pedindo comida nas casas, e também denunciaram à polícia.
Depois das 22 horas da noite do dia 8 de maio, quando a patrulha regressava à base de Jacupiranga, numa curva a 40 quilômetros mais ou menos da Rodovia São Paulo - Curitiba, foi visto um carro parado no meio do mato.
O grupo de policiais desceu para investigar, tendo à frente o Tenente Alberto Mendes Júnior.
Do carro, partiram rajadas de metralhadoras; seis soldados foram feridos mais gravemente e outros seis ficaram  machucados, deitando-se ao chão e se rendendo aos bandidos, que então desceram do carro e cercaram os militares.
Na tentativa de salvar seus homens, o Tenente propôs a libertação de todos e se ofereceu como refém.
Carlos Lamarca e os outros aceitaram a troca e os soldados foram mandados embora dali.
A fuga dos subversivos continuou, agora levando o refém, para dentro das matas e a pé.
De Eldorado Paulista até Sete Barras, foram quase 50 quilômetros que o grupo conseguiu cobrir em apenas dois dias de caminhada.
Na manhã do dia 10 de maio, os terroristas resolveram se livrar do Tenente capturado.
Num sítio do Bairro de Areado, entre as cidades de Sete Barras e São Miguel Arcanjo, cerca de 600 metros da estrada, descobriram uma gruta e nela instalaram o chamado "tribunal do terror" para definir sobre o fim a ser dado à vida do Tenente Alberto Mendes Júnior, que, de cabeça baixa e mãos amarradas, mudo e sem defesa, ouviu a acusação e a pena do Juiz Carlos Lamarca e dos jurados Yoshitame Fugimori, Adail Carlos e Rogério, este último o principal autor do relato da prisão, julgamento e morte do Tenente.
Com apenas 23 anos de idade, vindo de uma família de vários oficiais da extinta Força Pública e um dos comandantes da Rota, foi o Tenente acusado pelo "tribunal do terror" de pertencer às forças de repressão e de ter tentado prender aqueles que o julgavam.
Em cinco minutos, os cinco terroristas se aproximaram do Tenente e, para não chamar a atenção das tropas do cerco, deram coronhadas de revólveres e espingardas em sua cabeça até matá-lo.
O corpo foi atirado a uma vala nas proximidades e só foi encontrado sete meses depois.


Fonte: "Estadão".

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