Flávia D’Angelo, de O Estado de S.Paulo
Em pouco mais de 5 horas, no tempo definido para sua sustentação oral, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, leu a denúncia da Procuradoria e se manifestou a favor da condenação de 36 réus. Gurgel citou todos os valores pagos pelo esquema e pontuou todos os crimes pelos quais os réus são acusados para justificar o pedido de condenação.
Além de Gurgel, o único que se manifestou um pouco antes da pausa de 30 minutos foi o ministro Marco Aurélio Mello que se manifestou a favor da pausa.
”Talvez não tenhamos fôlego fisiológico para aguentar até o fim”.
Veja abaixo as principais frases do procurador durante a sua fala.
“Os crimes se passavam entre 4 paredes, mas não paredes comuns, e sim de Palácio do governo”.
“Altas autoridades públicas devem seguir de paradigmas para a sociedade. Seus atos para o bem e para o mal têm efeito pedagógico”.
“Esse foi o mais atrevido caso de corrupção e desvio de recursos no Brasil. Um sistema de enorme desvio com o objetivo de comprar parlamentares”.
“Sinto o dever de fazer o registro de que, em 30 anos de exercício de profissão, jamais enfrentei nada sequer comparável à onda de ataques grosseiros e mentirosos feitos por variados meios para constranger e intimidar o Procurador da República. A voz do Ministério Público continuará a ressoar forte, íntegra e serena”.
“É impossível entender as regras de concessão de empréstimo do Banco Rural”.
“Pizzolato apresentou uma desculpa esdrúxula e esfarrapada para o recebimento de dois envelopes pardos trazidos por um emissário do PT em seu apartamento”.
“João Paulo Cunha recebeu R$ 50 mil para no exercício de presidente da Câmara praticar atos a favor da agência de Marcos Valério”.
“O empregos dos carros fortes era recorrente tal o volume dos recursos que circulavam (no esquema)”
“Como destaquei antes os pagamentos em regras se faziam em agências bancárias ou em hotéis”.
“Valdemar (Costa Neto) recebeu mais de R$ 8 milhões do esquema”.
“O fato dos acusados não se conhecerem é irrelevante para a acusação”.
“Não se pode esperar dos agentes envolvidos a confissão de seus atos. A prova tem que ser extraída de outros modos (…) Eles trabalharam para não deixar evidências dos fatos”.
“Como já ressaltei, o esquema tinha como intenção obter voto no Congresso Nacional. Os parlamentares cooptados receberam pessoalmente os recursos de dinheiro proveniente de lavagem de dinheiro feito por Marcos Valério e dirigentes do Banco Rural.”
“Todas as práticas do Banco Rural jamais foram comunicadas ao Banco Central”.
“Tudo era muito estranho. Valério era um publicitário e ao mesmo tempo interlocutor do Banco Rural”.
“As empresas de Marcos Valério abrigavam os recursos com a segurança que poucas agências bancárias têm hoje em dia”.
“É contraditório a empresa conseguir empréstimo para capital de giro e distribuir os recursos entre os sócios”.
“Carros fortes eram contratados para o transportes dos recursos”.
“Valério era presença obrigatória em reuniões feitas para tratar de assuntos como empréstimos ao PT”.
“Dirceu foi o mentor e Valério o executor”.
“As relações que mantinham não era de cunho pessoal. Delúbio era o elo do núcleo político, operacional e financeiro a cargo de Marcos Valério”.
“José Genoíno, na condição de presidente do PT, contribuiu para a obtenção dos valores”.
“O acordo com o PP está confirmado no depoimento de Valdemar Costa Neto. Roberto Jefferson confirmou que o PTB também estava nesse acordo”.
“José Dirceu comandava de fato um esquema ilícito. Sabia do esquema de apoio à base e que essa base se formava ao custo de dinheiro indevido e sabia sobretudo de onde vinha o dinheiro”.
“A ascendência de Dirceu sobre os demais do grupo fica claro no documento. Ele tinha conhecimento de todos os pagamentos indevidos. Participou diretamente das negociações com os parlamentares do Partido Progressista”.
“Genoíno era o vice-presidente do PT, mas o presidente de fato era José Dirceu. Tudo que era tratado tinha que ser fechado com Dirceu na Casa Civil”.
“Valério em seus depoimentos sempre deixou claro que Dirceu sabia de tudo. Nada acontecia sem a prévia aprovação de Dirceu”.
“Nesse caso, o autor age entre 4 paredes, quando (ele) guia as ações dos seus cúmplices. Ele não fala ao telefone, não movimenta dinheiro em suas contas e age com o intermédio de laranjas. Ele não deixa rastros perceptíveis de suas ações.”
“Não discuto a licitude da ação de articulagem do Congresso à base de apoio a que pertence, a questão é que essa base não poderia ser formada mediante ao pagamento de vantagens indevidas”.
“Como tenho destacado, o escândalo marcou gravemente a República, pelo desvio de recursos públicos com objetivos obscuros”.
“Na ação positiva, ética de convicção e ética de responsabilidade não podem caminhar uma diferente da outra”.
“Não justificamos a obediência”.
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