O que esperar da pecuária leiteira brasileira para os próximos 5 anos?
R. A pecuária leiteira, até no curtíssimo prazo é uma incógnita. Inclusive, esse é um forte motivo de não investirmos mais significativamente na atividade. Tudo é feito aproveitando as fases (e estas são efêmeras).
Ninguém em sã consciência aplica capital - sendo que poderia aplicar em atividades mais seguras - em um negócio tão incerto quanto à pecuária leiteira, que é tão desprotegida, sobretudo das nossas autoridades governamentais. Importante lembrar que a cada dia, mais pessoas estão indo para a cidade e menos pessoas permanecem no campo para produzir alimentos, mesmo com as produtividades crescentes e, acredito que já estamos perto do limite. Um dia, certamente, essa conta não fechará.
Temos ainda um agravante que é a baixa sucessão na atividade. As gerações mais novas, seduzidas pelas luzes, pelas tecnologias, buscam atividades menos trabalhosas e mais remunerativas. Essas oportunidades são mais comuns nas cidades e assim o campo vai virando uma grande favela rural.
Gosto de dizer que "com o mercado do leite pode acontecer tudo, inclusive nada".
Quais são os pontos fortes da atividade leiteira brasileira?
R. O ponto forte é a possibilidade de aproveitamento do potencial das forrageiras tropicais, das forrageiras que se adaptam ao cerrado (e aqui enalteço o trabalho da Embrapa, na introdução, melhoramento e divulgação de variedades forrageiras) e da vasta extensão de terras que ainda estão relativamente baratas. Produzir leite a pasto usando silagens e/ou cana no período seco, com custos bastante reduzidos, a meu ver é a maneira menos arriscada de trabalhar nessa atividade. Devemos buscar médias em torno de 15 a 18 litros/vaca, pois são muitas as dificuldades de equilibrar o balanço financeiro de rebanhos com médias muito altas e trabalhar no vermelho um longo tempo é uma temeridade. O pagamento por qualidade, praticado pelos maiores laticínios, é uma realidade e incentiva todos a melhorarem. Se houver uma fiscalização efetiva da IN 62, os produtores que ainda não se enquadraram vão desaparecer por absoluta falta de compradores para sua produção.
Fonte: Nossa comunidade - Gilson Gonçalves Costa, Engenheiro Agrônomo, Produtor de Leite e Presidente da Associação "Nata do Leite".
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