segunda-feira, 17 de novembro de 2014

DEPOIS DE MORTO, AVEDIS KARABACHIAN, TORNA-SE "CIDADÃO ITAPETININGANO"

O artigo abaixo é de autoria do grande jornalista itapetiningano Alberto Isaac, o qual endosso com todas as letras.
Antes, porém, quero aqui externar minha opinião e minha saudade.
De nada adianta um prêmio desses a quem já não vive mais entre nós. No entanto, que valha a homenagem da Câmara de Vereadores de Itapetininga.
Afinal, brasileiro tem mesmo a memória fraca. 
Às vezes, nem tanto por ter fraca a memória, que uma instituição como o Legislativo de uma localidade não deve cultivar. Mas quando a memória se põe a mando de uma rançosa politicalha, não lhe é mesmo permitido que dê crédito ao mérito de muitas pessoas de bem.
Sempre nutri um grande orgulho por ter frequentado a Faculdade de Ciências Jurídicas e Administrativas de Itapetininga, e ter concluído o Curso de Bacharel em Direito, ao tempo do diretor Souto Mayor.
Muito embora jamais o tenha utilizado, fui, com certeza, a PRIMEIRA MULHER, em São Miguel Arcanjo, a obter esse diploma.
Lembro que o ônibus dos estudantes que saía de São Miguel Arcanjo nem me levava até lá, muito menos ia me buscar (uma andorinha só...). 
Nessa época, a faculdade estava sob intervenção e muita gente ria de nossa condição, achando que nosso diploma jamais seria registrado. 
Não sei dos meus colegas, muitos deles advogando, mas eu só tive real confirmação quando me predispus - eu que residia em São Paulo - a voltar a viver em minha terra natal, e, então, um dia, por curiosidade, passei na escola para retirar o meu.
Foi uma emoção sem par, aliás, até maior do que quando recebi o Certificado de Conclusão do Curso, em 1974; se não me engano, a festa solene foi realizada na Igreja Nossa Senhora Aparecida, hoje Santuário Aparecida do Sul, em Itapetininga.


 


Com a palavra, a seguir, o jornalista Alberto Issac:

Quando nos anos 1920, a decantada pela época do “Vaudeville” e também do roubo do quadro de Mona Lisa, Francisco Fabiano Alves, emérito professor e poeta consagrado, denominou “Terra das Escolas”, ele talvez estivesse vaticinando a instalação futura de uma escola de nível superior de Itapetininga. 
Decorridos quase meio século depois do prognóstico, surgem primeiramente a Associação de Ensino, por iniciativa do advogado, prefeito e professor Jorge Ozi, e pouco tempo depois a hoje famosa Fundação Karnig Bazarian. 
Como assim? 
Pois nos anos 1960, um imigrante armênio, simpático empreendedor que mantinha pequena loja de tecidos, armarinhos e confecções na rua Campos Sales, decidiu presentear Itapetininga com algo de grande utilidade e de formação educacional para a cidade. 
Ele, que iniciou a vida como “simples camelô”, posteriormente estabelecendo-se na rua Saldanha Marinho, próximo a Barbosa Franco - e que em 1937 construiu vistoso e moderno prédio onde instalou a “grande Casa Amarela”, tornou-se importante e útil cidadão destas plagas, justamente com esposa, e filhos, aqui nascidos. 
Em suas habituais viagens ao exterior costumava proclamar, alto e bom som, “não existe cidade maior e melhor que Itapetininga, no Estado de São Paulo, Brasil”. Sentia-se orgulhoso em fazer parte de sua população.
Foi, portanto, por essa razão que desejava dar a terra que adotou um presente digno da grandeza do povo que o acolheu e retribuindo condignamente tudo que ganhou durante sua existência. 
Em uma esplanada, área de grande dimensão, na Raposo Tavares, famoso arquiteto paulista, Henry Sanson, perante o próprio Karnig Bazarian, familiares, autoridades de todos níveis e pessoas gradas, exigiu e delineou a planta tecnicamente elaborada, como seria o majestoso “campus da Fundação Karnig Bazarian".
“Essa seria a oferta régia que Karnig oferecia” à sua querida cidade e ao seu povo.
Inicialmente, com o curso de Direito funcionou por alguns anos em dependência adaptadas no então “Seminário da Vila Aparecida”, hoje Anglo, e logo após no soberbo e perfeito “campus universitário” próximo a Raposo Tavares e distante pouco da Vila Nova Itapetininga, tornando-se referência da região sudoeste.
Com trabalho dos mais elogiados passaram diretores como Joaquim Aguiar, Francisco Alves Vei, Francisco Tambelli, Celso Prado, Eduardo de Souza, Hiran Ayres Monteiro, Avedis Karabachian entre outros. 
Ao longo desses últimos anos, dirige a entidade com proficiência o Promotor Público Eliel Ramos Maurício, ampliando e tornando-se estabelecimento de alto nível cultural e uma das melhores do Estado de São Paulo. Seus cursos, com professores capacitados, abrangem Direito, Administração, Educação Física, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Gestão Comercial, Logística, Gestão de Segurança Privada e Secretariado.
Neste 10 de Outubro, sexta-feira, homenageando a iniciativa de Karnig Bazarian, a Câmara Municipal fará a entrega do título de “Cidadão Itapetiningano” (in memorian) a Avedis Karabachian, um dos presidentes da Fundação e saudoso genro de Karnig Bazarian. 
O autor do projeto, apresentado e aprovado no ano de 1972, ex-vereador José Lopes Cardoso, também advogado, em seu pronunciamento nesta sexta, dia 10, em sessão solene, na sede campestre do Clube Venâncio Ayres, exaltará o grande feito cultural de Karnig Bazarian e os benefícios que a Fundação com a implantação de escolas trouxe a toda região e ao Estado de S. Paulo, tornando Itapetininga polo de ensino universitário.

Fonte: Correio de Itapetininga.

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