segunda-feira, 12 de setembro de 2016

MURILO ANTUNES ALVES RESIDIU NESTA CASA QUE NÃO EXISTE MAIS



Casarão de Murilo Antunes Alves Douglas Nascimento 04/07/2010 - Veja São Paulo.
Quem não se lembra do saudoso jornalista Murilo Antunes Alves? 
Um dos grandes nomes da imprensa brasileira, Murilo nos deixou em 15 de fevereiro de 2010. 
Participante da TV Record desde sua fundação, em 1953, cobriu em sua trajetória alguns dos momentos mais marcantes do século XX, como a ida do homem à Lua e a morte do ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. 
Até falecer ainda era funcionário da emissora, sendo até então, o mais antigo empregado da casa.
Murilo Antunes Alves possuía um belíssimo casarão na cidade paulista de Itapetininga, uma linda construção e motivo de orgulho para toda a cidade. 
Contudo, 4 meses depois de sua morte, isto não foi levado em consideração e a antiga residência deste memorável jornalista veio abaixo. 
Um desrespeito não só à memória de Murilo Antunes Alves, como de sua cidade.
Leiam abaixo, texto assinado por Moracy Oliveira que alertou o site São Paulo Abandonada & Antiga sobre o triste ocorrido.
 
 O que restou.– Crédito: Mike Adas/Correio

O Texto:
Foi no domingo, 13 de junho, que o casarão dessa foto veio abaixo para dar lugar a um estacionamento. 
Ele ficava em Itapetininga, cidade 170 kms distante de São Paulo, e que tem sua origem no século 18, como ponto de parada na rota dos tropeiros que viajavam com suas tropas entre o Sul do País e Sorocaba, onde o comércio de animais era feito. 
Ocupava a esquina da rua Monsenhor Soares com a Praça Duque de Caxias, mais conhecida como Praça ou Largo da Matriz, por ser também o endereço da catedral da cidade, um espaço simbólico para a comunidade local. 
Pertencia à família do jornalista Murilo Antunes Alves, famoso por suas entrevistas e autor de uma das poucas feitas com o escritor Monteiro Lobato, e que faleceu recentemente aos 91 anos. 
Como tantos outros já demolidos, o imóvel foi vítima da ganância imobiliária e do descaso das autoridades municipais, principalmente estas, que jamais regulamentaram um Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Itapetininga, criado em 1996, o que, se feito, teria evitado não só esta demolição mas inúmeras outras que vem dilapidando a memória local. 
Diante desse quadro, um grupo de cidadãos itapetininganos resolveu lançar o manifesto que se encontra abaixo e que deverá, acompanhado de um abaixo-assinado, ser encaminhado às autoridades.
 
O que restou – Crédito: Mike Adas/Correio

O Manifesto:
Uma cidade vive também de sua memória. 
A Constituição Federal, em seu artigo 216, define patrimônio cultural brasileiro como aquele que compreende “os bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade”. 
A mesma constituição afirma que a “preservação dos bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo para a população” pode ser garantida por ato administrativo do Poder Público em nível federal, estadual ou municipal (BRASIL. Constituição, 1988).
Itapetininga, desde 1996, tem um Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico mas, estranhamente, nenhum prefeito regulamentou ou instalou tal conselho. Enquanto isso, nossa memória tem sido insistentemente vilipendiada, desprezada, agredida, já que a cidade, muito rapidamente, vem sendo desfigurada. 
Sem referências, seremos todos estranhos nela, a continuar essa situação.
O fato mais recente foi a demolição da casa de Murilo Antunes Alves, no Largo da Matriz. 
Filmada, ela nos levou a um momento doloroso, quando uma parte de nossa história foi estupidamente apagada, pancada por pancada. 
Mas existiram outras tantas que, infelizmente, não puderam ter a mesma visibilidade proporcionada pela divulgação de um vídeo.
Esses fatos motivam o abaixo assinado: ao mesmo tempo que protestamos, reivindicamos às autoridades de nossa cidade a regulamentação e a instalação do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Itapetininga, o mais rápido possível. 
Solicitamos também que, enquanto isso não acontece, a Prefeitura e a Câmara assumam um compromisso público de garantir a suspensão de demolições no centro expandido da cidade para evitar ações de vandalismo contra nosso patrimônio.

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