Canonização de Madre Teresa de Calcutá é controversa
DIOGO BERCITO
DE MADRI 04/09/2016 06h49
Madre Teresa é santa. Ou não é. Sua canonização, celebrada neste domingo (4) no Vaticano, é controversa.
O processo que lhe alçou ao panteão dos santos é criticado, por exemplo, pela velocidade. Costumam esperar-se cinco anos após a morte do candidato, mas a causa dela começou após apenas dois, com intervenção do papa João Paulo 2º.
Diz-se que o papa pensava canonizá-la imediatamente, mas foi dissuadido por cardeais, temerosos do precedente que isso poderia criar.
Do ponto de vista religioso, seus milagres são contestados.
DIOGO BERCITO
DE MADRI 04/09/2016 06h49
Madre Teresa é santa. Ou não é. Sua canonização, celebrada neste domingo (4) no Vaticano, é controversa.
O processo que lhe alçou ao panteão dos santos é criticado, por exemplo, pela velocidade. Costumam esperar-se cinco anos após a morte do candidato, mas a causa dela começou após apenas dois, com intervenção do papa João Paulo 2º.
Diz-se que o papa pensava canonizá-la imediatamente, mas foi dissuadido por cardeais, temerosos do precedente que isso poderia criar.
Do ponto de vista religioso, seus milagres são contestados.
A cura da indiana Monica Bersa, que rezou à freira, é atribuída por céticos a seu tratamento médico, e não à intervenção divina.
Para além do divino, Madre Teresa também desagrada por algumas posições que defendeu em vida.
Para além do divino, Madre Teresa também desagrada por algumas posições que defendeu em vida.
Essa freira fez campanha contra o controle de natalidade e o aborto, ao qual certa feita referiu-se como "um dos grandes destruidores da paz".
Esse é um dos diversos argumentos dos detratores da agora santa, que insistem também que os padrões de higiene e os cuidados médicos na congregação que ela fundou eram inadequados.
Sua figura, em geral recordada pela piedade, é igualmente criticada.
Esse é um dos diversos argumentos dos detratores da agora santa, que insistem também que os padrões de higiene e os cuidados médicos na congregação que ela fundou eram inadequados.
Sua figura, em geral recordada pela piedade, é igualmente criticada.
O físico Aroup Chatterjee, nascido em Calcutá, critica a missão criada pela freira, dizendo haver em algumas de suas casas um "culto ao sofrimento".
Chatterjee afirmou, ainda, que a freira era uma "criatura medieval da escuridão" e que a imprensa falhou em contestar sua figura mítica.
O ensaísta Christopher Hitchens, conhecido por sua obra em torno do ateísmo, acusa Madre Teresa de ter sido uma "aliada do 'status quo'", além de "fanática".
A freira teria reforçado, para Hitchens, a ideia entre pobres de que sua condição era permanente, em vez de ajudá-los a buscar melhores condições. O ensaísta publicou um livro sobre Madre Teresa em 1995, comparando "teoria" e "prática", dois anos antes de ela morrer.
A seus críticos, a freira deveria ter lutado contra as causas da pobreza, e não contra os seus sintomas.
Na Índia, um país de maioria hindu, Madre Teresa foi acusada de tentar converter pobres ao cristianismo, o que sua congregação nega.
O próprio processo de canonização, e não apenas de Madre Teresa, é envolto em controvérsias. O sistema é acusado de privilegiar causas com apoio de figuras influentes. O grupo conservador Opus Dei, por exemplo, teria pressionado pela canonização de Josemaría Escrivá, seu fundador, em 2002.
O papa Francisco modificou os procedimentos financeiros relacionados ao processo em 2015, por maior vigilância e transparência.
Chatterjee afirmou, ainda, que a freira era uma "criatura medieval da escuridão" e que a imprensa falhou em contestar sua figura mítica.
O ensaísta Christopher Hitchens, conhecido por sua obra em torno do ateísmo, acusa Madre Teresa de ter sido uma "aliada do 'status quo'", além de "fanática".
A freira teria reforçado, para Hitchens, a ideia entre pobres de que sua condição era permanente, em vez de ajudá-los a buscar melhores condições. O ensaísta publicou um livro sobre Madre Teresa em 1995, comparando "teoria" e "prática", dois anos antes de ela morrer.
A seus críticos, a freira deveria ter lutado contra as causas da pobreza, e não contra os seus sintomas.
Na Índia, um país de maioria hindu, Madre Teresa foi acusada de tentar converter pobres ao cristianismo, o que sua congregação nega.
O próprio processo de canonização, e não apenas de Madre Teresa, é envolto em controvérsias. O sistema é acusado de privilegiar causas com apoio de figuras influentes. O grupo conservador Opus Dei, por exemplo, teria pressionado pela canonização de Josemaría Escrivá, seu fundador, em 2002.
O papa Francisco modificou os procedimentos financeiros relacionados ao processo em 2015, por maior vigilância e transparência.
FOLHA DE SÃO PAULO
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