domingo, 18 de setembro de 2016

QUE TAL CONHECER A CAPELA DOS OSSOS, EM PORTUGAL?


A sinistra CAPELA DOS OSSOS em Évora (Portugal)
06/05/2016 por GLAUCO DAMAS
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Évora fica no Alentejo, em Portugal. 
Nesse agradável lugar encontra-se um dos pontos turísticos mais sinistros que eu já vi: a CAPELA DOS OSSOS. 
A capela faz parte da famosa Igreja de São Francisco, na Praça 1º de Maio.
A visita ao local é uma imersão em História, em religião e – por que não? – em arquitetura.
 
Um pouco da história
No século 16, havia 42 cemitérios monásticos na cidade. Ocupavam um espaço muito grande, e pensava-se em um modo de aproveitar toda essa área para outros fins. A solução dos franciscanos, criativa e sinistra, foi extrair os ossos da terra e usá-los para erguer e “decorar” uma capela.
---------- Espere aí, Glauco! Eu achava que “Capela dos Ossos” era alguma força de expressão! Há mesmo ossos nela?! Verdadeiros?! E como decoração?!
--------- Sim! Calcula-se o uso dos ossos de mais de cinco mil monges, entre crânios, tíbias, vértebras e fêmures. Estão dispostos nas paredes, nas colunas e no teto, em macabra arquitetura, desenhando alguns ornamentos. A capela é formada por três naves, com as luzes entrando por três frestas à esquerda. As paredes e os oito pilares são revestidos de ossos ligados por cimento pardo. As abóbadas são pintadas com motivos alegóricos à morte.
-------- Ah, eu não acredito!
------------Pode acreditar. Logo na entrada, o visitante encontra os dizeres “NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS PELOS VOSSOS ESPERAMOS” (foto acima).
-------- Espera! Por que uma coisa assim tão macabra? Tão mórbida?
--------- Os monges tinham um objetivo muito sério. Não queriam apenas fazer uso criativo dos ossos retirados dos cemitérios. Os dizeres destacados acima foram um meio de eles comunicarem às pessoas o seguinte: “que a capela sirva de consolação a uns e de notícia à curiosidade doutros”. Evidenciaram, enfim, a transitoriedade da vida. Há um profundo sentido religioso nisso.
A seguir, eu mostro toda a visita, desde o lado de fora, na praça. Você vai passear comigo, conhecer alguns detalhes desse ponto turístico tão intrigante.
Se você for muito sensível, não prossiga. 
As imagens são impressionantes. 
Há notícias de pessoas que passam mal na capela!
--------- OK. Respirei fundo! Estou preparado. Ou não… Sim, estou. Vamos em frente?
-------- Agora mesmo! No final, apresento informações sobre preços, horários, endereço.

Antes da capela
Nada melhor que detalhar a visita por meio de legendas em algumas fotos.
Comecemos pelo exterior, na praça da igreja:
 


Igreja de São Francisco. Entrada da Capela dos Ossos.

Passamos por aquela entrada… 
 


Olhamos para a direita. O que seria isso no chão? O que tamparam ali? Por quê?
 


Bem perto dali, outro detalhe curioso. O que havia por trás disso? Por que lacrado assim? A Igreja e seus mistérios…
 


Entramos em um corredor. À direita, umas árvores frutíferas. 
 


O corredor, agora olhando para trás, depois de atravessá-lo. 
À esquerda estão as árvores; lá no fundo, depois do arco, estão os dois “detalhes curiosos” que acabo de mostrar.
 


Atravessamos uma porta de vidro… e vemos uma placa (sem capricho, né?) que já nos causa um arrepio. 
 


Viramos à direita. Novo corredor. Ali ao fundo, à esquerda, nós vamos entrar…
Chegamos, então, à Sala do Capítulo, onde reuniam-se os frades no começo e no fim de cada dia e onde eram feitos os grandes conselhos e capítulos conventuais. Foi construída no reinado de D. Manuel I, no século 16. 
As fotos a seguir são dessa parte. 
Aqui, compraremos também nossos ingressos. 
A entrada da capela está bem perto.






Os azulejos que circundam a sala representam a Via Sacra. 
 


Calma… estamos a caminho… Veremos alguns quadros e objetos dos monges.








Preparado? Agora, sim, veremos a capela! Está logo ali, à direita… 
 


Finalmente, a entrada da Capela dos Ossos.

Dentro da Capela dos Ossos
A partir de agora, alguns detalhes do interior da capela. 
Observe os “ornamentos” nas paredes, no teto e nas colunas. (Ainda está com os olhos abertos?)











POEMA EXIBIDO NO QUADRO (foto acima):
As caveiras descarnadas
São a minha companhia,
Trago-as de noite e de dia
Na memória retratadas
Muitas foram respeitadas
No mundo por seus talentos,
E outros vãos ornamentos,
Que serviram à vaidade,
E talvez… na eternidade
Sejam causa de seus tormentos.




Ao fundo, dois cadáveres completos, pendurados — adulto e criança. 
(Você verá melhor esses corpos em uma outra foto.) 
Com a ajuda de alguns leitores que deixaram comentários aqui (alguns solícitos, outros mal-educados), reescrevo esta parte para explicar essa história. 
Segundo uma lenda, uma mulher era muito maltratada pelo marido e pelo filho. No leito de morte, ela os amaldiçoou, dizendo algo parecido com isto: “Quando morrerem, não serão dignos de a terra os comer e os desfazer”. A partir disso, há versões diferentes. Uns dizem que, no momento de enterrarem aqueles corpos, a terra ficou dura, impossibilitando abrir um buraco. Outra versão diz que nem tentaram enterrar os corpos, por medo de que a terra apodrecesse devido à maldição. 
E, no fim, lá estão os corpos dos dois. 
É claro que eu só posso aceitar isso como lenda. 
Então, de quem serão os corpos pendurados? 
O fato é que eu achei uma falta de respeito com aquelas duas pessoas. Para piorar, há um sensor de movimento no exato ponto onde estou: ele aciona a luz que ilumina os corpos. É uma “surpresa” assustadora para o visitante, mas fica nisso mais um tom inadequado de trem-fantasma de parque de diversões. 
 


Este artigo é um dos mais lidos do blog. 
Foi originalmente publicado em 2009. 
Alguns leitores não gostaram dos termos “sinistro” e “macabro” usados aqui. Acham que eu não entendi o sentido histórico da construção, nem a mensagem que os monges quiseram transmitir. Queira ou não, a capela, com todos os seus grandes valores históricos e religiosos, é, sim, macabra e sinistra. Isso não lhe tira os méritos. 
 


Os corpos pendurados, agora em visão melhor. Vale lembrar: à esquerda, uma criança.



OUTRO POEMA EXIBIDO NO LOCAL:
Aonde vais, caminhante, acelerado?
Pára… não prossigas mais avante;
Negócio, não tens mais importante
Do que este, à tua vista apresentado.

Recorda quantos desta vida tem passado,
Reflecte em que terás fim semelhante,
Que para meditar causa é bastante
Terem todos mais nisto parado.

Pondera, que influído d’essa sorte,
Entre negociações do mundo tantas,
Tão pouco consideras na morte;

Porém, se os olhos aqui levantas,
Pára… porque em negócio deste porte,
Quanto mais tu parares, mais adiantas.

(atribuído ao padre António da Ascenção Teles) 
 


Visão contrária: do fundo da capela, diante do altar, olhando para a entrada.




As peças estão protegidas por vidros. Isso foi necessário porque (acredite!) muitos visitantes, além de tocarem nos ossos, partiam pequenos pedaços (dentes, principalmente) para levar de lembrança. E você, gostaria de levar algo assim para casa?


















Em frente do altar (foto anterior), encontramos os túmulos dos três frades fundadores do convento.


Podemos ver também o túmulo do bispo D. Jacinto Carlos da Silveira, assassinado por soldados de Napoleão durante as invasões francesas, em 1808.
Que tal? Vai para lá ou só consegue ver mesmo em fotos?
Endereço
Igreja de São Francisco
Praça 1º de Maio
Para localizar direto no Google Mapas, siga este link.

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