sábado, 1 de outubro de 2016

PAPO SAUDOSO

Talvez porque em épocas eleitoreiras muita gente tira a barriga da miséria, em São Miguel Arcanjo também acontece de os cabos eleitorais se excederem.
Esses cabos eleitorais tem que mostrar trabalho, porque se eleito o seu candidato, este poderá até torná-lo seu assessor ou chefe de algum departamento.
Puro status numa cidadezinha humilde e acanhada; aparelham-se aos bancários locais e dá para empinar o nariz bem no alto.
Por falar em política, me vem à mente o passado.
Nos primórdios, quem se habilitava a peitar os grandões e endinheirados da política da cidade era meu pai, o Gijo Válio.
Corríamos risco de morte, nós da família, toda vez que ele se candidatava.
Quando saia a apuração, nós trancávamos em casa ou no sítio, porque o povinho não respeitava mesmo quem perdesse.
Jogavam rojões no nosso quintal, buzinaço na porta e no portão dos fundos, coisa e tal.
Mas de verdade só teve uma vez que quebraram o vidro de uma das janelas do quarto de casa que ficava na esquina das Ruas Monsenhor Henrique Volta e Sete de Setembro, esta hoje Cônego Francisco Ribeiro.
O então prefeito eleito, José França, foi obrigado a ressarcir os danos de sua torcida afoita.
Mas meu pai deu uma lição que jamais esqueceram na cidade: o primeiro ato dele foi enviar uma carta de congratulações ao novo prefeito.
A carta de meu pai foi publicada na primeira página da extinta Folha de São Miguel Arcanjo. E José França foi um dos únicos prefeitos que jamais se utilizou do erário para engordar sua conta bancária.
E se por acaso o 11 vier a ganhar esta eleição, que ao menos tenha respeito pelo seu parente José França e encaminhe a cidade para o lado do BEM.
TENHO DITO.

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